O Brasil inteiro est� no clima da Copa do Mundo, mas, como tamb�m acontece em outras cidades-sede, pessoas em situa��o de rua que vivem no Distrito Federal n�o se sentem contempladas com a festa do futebol mundial.
No come�o de junho, o Minist�rio P�blico do Distrito Federal (MP-DF) enviou uma recomenda��o ao governo do Distrito Federal para que os �rg�os que fazem abordagem e acolhimento de pessoas em situa��o de rua tenham respeito com essa popula��o durante o per�odo do Mundial.
Segundo o promotor Thiago Pierobom, o MP est� acompanhando as a��es do governo local. “A grande preocupa��o do Minist�rio P�blico � que, no momento em que essas pessoas forem abordadas na rua, especialmente nesse momento de Copa do Mundo, elas n�o sejam simplesmente obrigadas a sair da rua e a entrar nos abrigos.”
Apesar da recomenda��o, profissionais e volunt�rios que atuam com esse p�blico j� perceberam a aus�ncia de grupos que antes eram encontrados em alguns locais da capital. “A gente notou essa diferen�a, notou que os moradores de rua est�o sumindo e os que est�o permanecendo no lugar est�o sendo alvo de viol�ncia. Tanto se fala em legado da Copa, mas o �nico legado que a gente tem visto � a higieniza��o da popula��o de rua”, avaliou o orientador social de uma das equipes do projeto Cidade Acolhedora, Rafael de Souza, que j� viveu na rua.
“A gente nota que h� uma amea�a. Eles ficam com medo e v�o procurando locais mais distantes at� passar o evento. Depois que passar, eles voltam”, contou Maria do Socorro Nery, volunt�ria em um grupo de abordagem a pessoas em situa��o de rua.
O Centro Nacional de Direitos Humanos da Popula��o de Rua encaminhou den�ncia ao MP-DF sobre o desaparecimento de algumas pessoas que vivem nas ruas, especialmente na �rea central de Bras�lia. Os casos j� est�o sendo investigados pelo �rg�o.
A Copa do Mundo motivou a A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transfer�ncia de Renda do Distrito Federal (Sedest) a antecipar a cria��o de vagas para abrigar pessoas em situa��o de rua. Cem novas vagas destinadas a adultos e fam�lias e 20 para crian�as e adolescentes foram criadas.
A coordenadora de Prote��o Social Especial, Meire Lia Lima, no entanto, negou que a a��o do �rg�o tenha a inten��o de esconder a realidade e garantiu que as pessoas n�o est�o sendo abrigadas � for�a. “De maneira alguma � feita a��o de retirada de popula��o em situa��o de rua ou de qualquer outro p�blico do espa�o da rua. Essa � uma oferta dentro da perspectiva da garantia do direito da prote��o social especial, que � garantir um espa�o onde a pessoa possa ter uma prote��o integral”, argumentou.
Sobre os casos de viol�ncia praticada contra a popula��o em situa��o de rua, a Sedest e a Pol�cia Militar orientam que as den�ncias sejam encaminhadas para a Corregedoria da Pol�cia e para �rg�os de defesa de direitos, como Defensoria P�blica e Minist�rio P�blico.
* Paulo e Francisco s�o nomes fict�cios e foram usados para preservar a identidade dos entrevistados