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Estado de Minas

Comiss�o da Verdade resgata hist�rias de antigo centro de tortura em Marab�

A Casa Azul foi o destino de muitos guerrilheiros que atuaram no Araguaia e tamb�m de camponeses


postado em 23/09/2014 12:17

�s margens da Rodovia Transamaz�nica, em Marab�, no Par�, um local guarda hist�rias que muitos moradores da cidade nunca ouviram falar. O nome Casa Azul pode at� parecer um t�tulo de contos infantis, mas em nada combina com os horrores vividos por quem passou pelo local na d�cada de 70.

Utilizada como centro clandestino de tortura e morte, na �poca da ditadura militar, a Casa Azul foi o destino de muitos guerrilheiros que atuaram no Araguaia e tamb�m de camponeses. Para dar um ar de legalidade e evitar desconfian�as, l� funcionava tamb�m o extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). Hoje o local abriga a sede do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).


Em um imenso quintal cheio de �rvores e sombras, o lugar � um complexo de pequenas casas espalhadas em um terreno. Uma, especificamente, foi apontada por sobreviventes como o local da maioria das torturas. Ela estava abandonada e lacrada quando, na segunda quinzena de setembro, a Comiss�o Nacional da Verdade foi a Marab� fazer uma de suas �ltimas dilig�ncias na regi�o do Araguaia. Foi preciso arrombar o port�o de grades para entrar. A poeira e as teias de aranha nas janelas azuis dividiam espa�o com entulho em alguns c�modos.

Depois de d�cadas, Raimundo de Sousa Cruz, mais conhecido como Barbadinho, entrou novamente nas salas em que levou choques el�tricos, tapas e chutes. Acompanhando a Comiss�o, o senhor de 84 anos que era dono de uma pequena mercearia se emocionou. Na �poca, Barbadinho n�o sabia direito porque apanhava, mas quando foi questionado pelos militares, confirmou ter conversado com pessoas que o regime classificava como terroristas. “Eu levei choque demais ali. Empurr�o, ponta p�. Eles perguntavam se eu conhecia algu�m. Eu dizia: 'conheci sim'. A� eu contei a hist�ria de seis horas da manh� at� onze e meia da noite”. Dentro da pequena sala, ele tremia, e a voz ficava embargada.

A psic�loga da Comiss�o Estadual da Verdade do Par�, Jurelda Guerra, explica que a rea��o de Barbadinho � comum. Segundo ela, todos os torturados - a maioria senhores com mais de 70 anos – apresentam sintomas parecidos, por causa dos traumas f�sicos e psicol�gicos. “Medo, sonhos na madrugada, sonhos assim com terror. Acordam com taquicardia. Acordam com medo, muito choro.Todos eles choravam ao falar. O sentimento de desesperan�a pode ser uma consequ�ncia da depress�o. Todos t�m uma melancolia, todos t�m uma tristeza, um sentimento de impot�ncia”, ressaltou.

Apesar de as v�timas apresentarem dificuldades para expor o que passaram na Casa Azul, o coordenador da Comiss�o Nacional da Verdade, Pedro Dallari, ratifica a import�ncia do ritual. “A presen�a da Comiss�o Nacional da Verdade em locais onde houve graves viola��es de direitos humanos, � muito importante porque estimula os testemunhos, os depoimentos tanto de v�timas, como de agentes. E isso forma a convic��o da comiss�o”, destacou.

Barbadinho n�o foi o �nico a entrar na casa novamente. Outras v�timas e at� um soldado recrutado pelo Ex�rcito resolveram voltar l� e contar o que passaram no lugar classificado por eles como casa dos horrores.


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