(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Deslizamento que destruiu a Pousada Sankay completa cinco anos

Reportagem ingressa na mata e revela marcas da destrui��o da Sankay e a luta de seus donos para sobreviver � perda da pousada e da filha


postado em 01/03/2015 06:00 / atualizado em 01/03/2015 09:18

Ver galeria . 23 Fotos Leandro Couri/EM/D.A Press
(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )

 

Angra dos Reis (RJ) e Brumadinho (MG) – Os cord�es de isolamento s�o samambaias, cip�s e ra�zes grossas que, de cara, desencorajam os mais desavisados a seguir pela trilha interditada. No meio da mata, h� colch�es tragados pelos arbustos, um espelho quebrado no canto da janela e peda�os de uma antiga cadeira marcada pela lama seca, al�m de montes de entulhos de demoli��o. O cen�rio desolador e sinistro � parte das ru�nas da Pousada Sankay, em funcionamento at� a passagem de 2009 para 2010, na deslumbrante Enseada do Bananal, na Ilha Grande, em Angra dos Reis (RJ). Nas primeiras horas daquele ano novo, um deslizamento de pedras e lama vindas do alto de uma montanha p�s fim ao empreendimento e matou a estudante de arquitetura Yumi, de 18 anos, filha dos propriet�rios, os mineiros Geraldo Fl�vio e Sonia Imanishi Faraci. Dois amigos de Yumi tamb�m morreram no local.


Pouco mais de cinco anos depois da trag�dia, que deixou 53 mortos e um desaparecido em Ilha Grande e numa comunidade de Angra dos Reis, o Estado de Minas mostra, com exclusividade, o estado da Sankay, considerada um pequeno para�so tropical e onde s� se chega de barco. Desde o acidente, o local da pousada est� interditado pela Defesa Civil sob risco permanente de novos deslizamentos. Ao mesmo tempo, Geraldo e Sonia rompem o sil�ncio e, com impressionante serenidade, falam das dores da perda, de lembran�as e dos novos tempos. Em dezembro passado, quando os colegas da garota se formaram em arquitetura na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, o casal sentiu bater forte a aus�ncia e se refez com boas recorda��es e uni�o forte.


Com madeira de portas, janelas e piso da Sankay, Geraldo e Sonia, aposentados, constru�ram uma casa num condom�nio em Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Sonia tomou gosto pela cer�mica e tem trabalhado muito na produ��o de jarros, pratos e outros objetos decorativos. Transformou o barro das ang�stias na arte da supera��o. Depois de viver duas d�cadas na ilha e cinco distante dela, eles alimentam o sonho de voltar a viver perto do mar e, nem por um segundo, deixam de cultuar a mem�ria de Yumi, nome que, em japon�s, significa “caminho bonito de luz”.

 

Depoimento - Leandro Couri, rep�rter Fotogr�fico do EM 

Decifrando signos do santu�rio

 

“Ao chegar a Ilha Grande para passar f�rias com a fam�lia, n�o me toquei, de imediato, que estava na regi�o onde o acidente ocorrera no r�veillon de 2009/2010. Mas, como fot�grafo eternamente apaixonado e jornalista por heran�a, senti a adrenalina e a certeza de que n�o tinha outro objetivo a n�o ser ir l� ver as ru�nas da Sankay. Durante tr�s dias, entrei na mata, onde antes era a pousada, e, aos poucos, fui decifrando alguns signos daquele santu�rio. Mesmo agora, ap�s a a��o do tempo, fica claro que tudo era tratado com amor, arte e cuidado. Os ladrilhos, como se estivesse faltando alguma escrita, me remeteram ao nome que � a jun��o das palavras japonesas ‘san” e ‘kay’; cada detalhe mostra que havia cuidado e harmonia. Nas ru�nas, est�o signos de uma estrutura constru�da em estilo r�stico, no meio da floresta tropical, e que, ap�s o acidente, est� em parte submerso e em parte emergindo na mata, deixando expostos os objetos deixados pela fam�lia Faraci ou h�spedes e at� mesmo pelos saqueadores. “Tir�vamos o que pod�amos de dia e o ladr�o roubava de noite”, conta Sonia Imanishi Faraci.  (Veja mais fotos aqui)

Assista ao v�deo:
 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)