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Estado de Minas

Cicatrizes do desastre em Angra dos Reis ainda marcam a mem�ria


postado em 01/03/2015 06:00 / atualizado em 01/03/2015 09:21

Ilha Grande, Angra dos Reis (RJ) – Quem chega de barco � Enseada do Bananal, no distrito de Ilha Grande, em Angra dos Reis, desfruta do belo cen�rio panor�mico da praia e pode ver, num contraponto, o rastro do deslizamento na encosta da montanha semelhante a uma cicatriz. O desastre resultante das intensas chuvas do fim de 2009 ganhou repercuss�o internacional e deixou marcas no meio ambiente e nos moradores. Na �poca, a avalanche de lama, troncos e pedras desceu e se dividiu em certo ponto de seu curso destruidor: de um lado, soterrou casas, dizimou vidas e tamb�m parte da praia; no outro, onde se localizava a Sankay, uma pedra gigante rolou a ribanceira e atingiu em cheio o quarto onde dormiam Yumi e amigos, entre eles o casal de namorados Isabella Godinho e Paulo Sarmiento. Yumi e o casal de amigos morreram.

Ap�s o resgate das v�timas, todas as casas foram interditadas pela Defesa Civil, com exce��o das localizadas � esquerda de quem chega � enseada e uma moradia cujos propriet�rios obtiveram liminar na Justi�a para ocupa��o.


Alguns moradores n�o gostam de falar sobre a trag�dia ou ir al�m dos cord�es de isolamento das �rvores, mas indicaram a trilha ao rep�rter fotogr�fico Leandro Couri, do EM, alertando sobre o mato avantajado. As instala��es consumidas pela floresta ainda trazem fortes tra�os do lugar, que j� foi um dos mais luxuosos da Ilha Grande – com estrutura que inclu�a barco, vista privilegiada para o mar, deque, sauna, piscina e sal�o de jogos – e que operava com mais de 70% da sua capacidade de ocupa��o o ano inteiro.


O empreendimento erguido por Geraldo Fl�vio e Sonia Imanishi Faraci na Enseada do Bananal n�o existe mais – restaram ru�nas. Impressionado com o cen�rio, Couri fez muitas fotos e mostrou algumas delas ao casal, na semana passada, em sua resid�ncia num condom�nio em Brumadinho. “Desde a trag�dia, nunca mais estive l�...”, disse Geraldo, que, al�m de olhar fixamente para as imagens, co�ava a cabe�a ao verificar os detalhes. Sonia tamb�m viu o material com tranquilidade, mas, algumas vezes, baixou os olhos.


As lembran�as voltaram, mas sem l�grimas. Numa das fotos mostradas no smartphone, Geraldo identificou o quarto dele e de Sonia. “Atr�s do nosso quarto, ficava o de Yumi. “Puxa vida! Voc� esteve l�...”, disse, antes de contar epis�dio envolvendo a cabeceira da cama do casal. “T�nhamos ali uma tela grande de autoria de L�o Brizola. Ela foi arrancada e lan�ada na praia e ficou sobre a areia durante muito tempo, sofrendo os efeitos do sol e da chuva, com as pessoas passando por cima, enfim, muitos danos.” Ao ser localizada a tela, Brizola achou que seria melhor deix�-la do jeito que estava e o casal a mant�m em Brumadinho com todas as suas marcas.

Na �poca da trag�dia, o patrim�nio familiar inclu�a pousada, restaurante, butique, operadora de mergulho, uma casa em Angra e apartamento em Belo Horizonte, adquirido para alojar Yumi durante os estudos na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Ver galeria . 23 Fotos Leandro Couri/EM/D.A Press
(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )


“Em duas d�cadas na Ilha Grande, fortalecemos nossa uni�o”, conta S�nia. “Depois da ‘partida’ de nossa filha, fiquei entre dois caminhos: tornar-me sobrevivente ou v�tima”, diz ela, que, durante muito tempo, acordou no meio da madrugada, exatamente na hora do “acidente”.


A m�e de Yumi encontrou alegria modelando o barro, que, por essas ironias do destino, soterrou a filha �nica. Montou um ateli� de cer�mica, em que o casal mant�m v�rios potes pl�sticos com terra de diferentes cores retirada do lote onde construiu a casa. “Sonia pretende fazer um pote com um punhado de cada terra para guardar as cinzas de Yumi”, adianta Geraldo.


As marcas est�o tamb�m na pele dos pais de Yumi. Geraldo tem o rosto da filha tatuado nas costas; o nome da menina est� ainda grafado na lateral de uma das panturrilhas dele e de Sonia e, visto de cima, toma a forma de uma guitarra. O nome de Yumi batiza um torneio de kobud�, no Rio de Janeiro, e um projeto de educa��o musical em Angra.

INABIT�VEL

Desde a trag�dia que deixou 53 mortos e um desaparecido, incluindo o Morro da Carioca, comunidade na cidade de Angra dos Reis (RJ), a �rea onde ficava a pousada foi declarada de risco permanente e inabit�vel. Segundo a Secretaria Especial de Defesa Civil e Tr�nsito de Angra dos Reis, em 2010, foi constru�do um muro no local para evitar que novos blocos de rocha se deslocassem em dire��o ao mar. Mas como h� pedras soltas no alto do morro, a Defesa Civil Municipal decidiu pela interdi��o permanente de toda a �rea onde ficava a Sankay para evitar mais �bitos. (Veja mais aqui)


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