O neurologista M�rio Em�lio Dourado, do Hospital Universit�rio Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), acompanha os casos de s�ndrome de Guillain-Barr� em Natal desde 1994, quando passou a se interessar pela doen�a autoimune que surge ap�s infec��es e causa paralisia tempor�ria. Montou um banco de dados pr�prio. Como a doen�a n�o � de notifica��o obrigat�ria, as informa��es do m�dico s�o valiosas por mostrar aumento do n�mero de casos depois do surto de zika. Acostumado � m�dia de 13 pacientes ao ano, Dourado registrou 36 v�timas da doen�a em 2015.
Foi do m�dico de Natal o primeiro alerta para a Academia Brasileira de Neurologia, em junho passado, associando zika e Guillain-Barr�.
Questionado se caso haja epidemia de zika em todo o Pa�s tamb�m haver� epidemia de Guillain-Barr�, Dourado diz que "vai significar o aumento de casos em todo o Pa�s. Na verdade, foi o que aconteceu em Natal em maio do ano passado. Entre 1994 e 2014, a m�dia era de 13 casos ao ano. Eu via um caso por m�s. Em mar�o de 2015, houve tr�s casos, o que j� me chamou a aten��o. Em abril, foram 7. Em maio, 14. S� nos meses de outono, foram 24 pacientes com Guillain-Barr�. Naqueles dias estava no auge a infec��o por zika. Mas era pouco conhecida, quase n�o se ouvia falar em zika, muito menos em microcefalia. Em 2015, tivemos 36 casos de Guillain-Barr�".
Sobre qual o desafio para a sa�de p�blica de tantos casos de Guillain-Barr� num momento s�, ele diz que "� um problema s�rio; 30% dos pacientes que t�m a forma cl�ssica da s�ndrome podem desenvolver insufici�ncia respirat�ria. Esses pacientes precisam ser tratados em ambiente hospitalar, em institui��es que tenham unidade intensiva, v�o precisar de respira��o artificial. Imagino que ser� uma situa��o catastr�fica se a gente n�o tiver leitos em unidade intensiva".
Sobre a import�ncia de saber qual infec��o levou � s�ndrome de Guillain-Barr�, o neurologista conta que "essa � uma doen�a autoimune. � voc� atacando voc� mesmo. Mas a gente sabe que essa resposta � desencadeada por um agente infeccioso. Temos de saber em cada Estado o que leva � Guillain-Barr�".
Segundo ele, o que a ci�ncia ainda precisa saber sobre Guillain-Barr� "do ponto de vista cient�fico, � importante descobrir como cada micr�bio lesa o nervo, como ele age para provocar a s�ndrome. Dessa forma, podemos descobrir medicamentos mais efetivos. Guillain-Barr� deve ser uma doen�a de notifica��o obrigat�ria".