Dezenas de milhares de manifestantes sa�ram �s ruas contra as reformas promovidas pelo governo de Michel Temer, em uma mobiliza��o que contou, em S�o Paulo, com a presen�a do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.
Em S�o Paulo, o protesto ocupava v�rias quadras da Avenida Paulista aos gritos de "Fora Temer" e "N�o � reforma da previd�ncia", principal motivo das greves e manifesta��es convocadas em dezenas de cidades.
Lula, �cone da esquerda e que enfrenta processos por corrup��o, participou do ato convocado pela Central �nica dos Trabalhadores (CUT), pelo Movimento Sem Terra (MST), por sindicatos de professores e outros setores.
Ovacionado pela multid�o, Lula afirmou que o governo atual quer "acabar com as conquistas da classe trabalhadora ao longo dos anos".
"O povo s� ir� parar quando eleger um governo democraticamente", afirmou o ex-presidente, que lidera as pesquisas de inten��o de voto para as elei��es de 2018.
No Rio de Janeiro, o protesto acabou em tumulto quando alguns manifestantes enfrentaram a pol�cia, que jogou bombas de g�s lacrimog�neo e de efeito moral.
Em Bras�lia, 500 militantes do MST ocuparam, de madrugada, a sede do Minist�rio da Fazenda. A pol�cia informou que os manifestantes "invadiram" o local perto das 05H00 quebrando as janelas. A retirada pac�fica ocorreu 10 horas depois, afirmaram as autoridades.
Os protestos se estenderam por mais de 20 capitais de todo o pa�s, de acordo com o G1. Em Belo Horizonte, os organizadores reportaram mais de 100.000 pessoas, 30.000 em Fortaleza, mais de 10.000 em Salvador e em Goi�nia.
Sistema previdenci�rio em "colapso"
Temer sustentou nesta quarta-feira, em um evento p�blico, que seu governo busca resgatar o sistema previdenci�rio do "colapso para salvar os benef�cios dos aposentados de hoje e dos jovens que se aposentar�o amanh�".
"N�o vai tirar direito de ningu�m", assegurou.
Desde que assumiu a presid�ncia, em 2016, Temer impulsiona um programa de ajustes com a pretens�o de recuperar a confian�a dos mercados e reativar a economia do pa�s, que est� em recess�o h� mais de dois anos.
Depois de aprovar uma emenda constitucional que congela os gastos p�blicos pelos pr�ximos 20 anos, a pr�xima reforma na agenda � a do sistema previdenci�rio, que busca aumentar o tempo de contribui��o e elevar a idade m�nima requerida para obter a aposentadoria integral.
Outro projeto em tramita��o, a reforma trabalhista, determina que as negocia��es setoriais poder�o prevalecer sobre a legisla��o, entre outras normas de flexibiliza��o com as quais o governo espera estimular as contrata��es para reverter um n�vel recorde de desemprego (12,6%, quase 13 milh�es de pessoas).
Para o professor de sociologia Sadi Dal Rosso, da Universidade de Bras�lia, "o �nico caminho que os movimentos e a popula��o tem neste momento � protestar, uma vez que o governo tem uma ampl�ssima maioria de votos na C�mara e no Senado" para aprovar as reformas.
� um movimento que "tem um potencial de crescer, � medida que as pessoas v�o percebendo a profundidade das mudan�as que est�o sendo colocadas", considera.
A professora de Hist�ria Mirna Aragon, de 38 anos, participou de um protesto no Rio de Janeiro e concorda com esta opini�o.
"A sociedade precisa gritar porque a classe pol�tica esta fazendo o que quer, o que deseja com esse pa�s". Est�o "colocando no lixo a luta dos trabalhadores, os direitos trabalhistas", disse � AFP.
Congresso sob press�o
Embora o governo conte com uma base s�lida de aliados na C�mara e no Senado, a resist�ncia ao endurecimento da legisla��o social s�o sentidas dentro do PMDB, que visa as elei��es presidenciais e legislativas de 2018.
Os protestos ocorrem em um clima pol�tico de tens�o pelas acusa��es de corrup��o relacionadas ao caso da Petrobras.
Na ter�a-feira, o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, solicitou a abertura de 83 novos inqu�ritos contra pol�ticos com foro privilegiado, com base nas dela��es premiadas feitas por 77 executivos da Odebrecht.
Os nomes dos suspeitos ainda n�o foram divulgados, mas segundo a imprensa h� o de Lula e Dilma, cinco ministro de Temer, al�m dos presidentes da C�mara dos Deputados e do Senado.
