Alerta: escolas brasileiras s�o omissas em rela��o ao bullying
H� um ano, uma lei federal determinou que todas as escolas tenham a��es contra esse tipo de viol�ncia. Mas pais e especialistas continuam relatando que muitas n�o adotam medidas efetivas de combate
postado em 16/04/2017 20:00 / atualizado em 16/04/2017 20:20
A viol�ncia costuma ser velada - longe do alcance dos professores. 'Por isso, � preciso um olhar atento �s pistas que os alunos d�o' (foto: Reprodu��o de internet)
Daniel (nome fict�cio), de 13 anos, estudava desde o 1.º ano do ensino fundamental na mesma escola e tinha muitos amigos. No ano passado, mudou o comportamento e passou a rejeitar o col�gio. Chegou a faltar um m�s inteiro e dizia para os pais que preferia morrer a ir para l�. A fam�lia procurou a escola quando descobriu que ele estava sofrendo bullying, mas n�o teve apoio. Insatisfeitos com a condu��o, os pais decidiram mud�-lo de col�gio.
H� um ano, uma lei federal determinou que todas as escolas tenham a��es contra esse tipo de viol�ncia. Mas pais e especialistas continuam relatando que muitas n�o adotam medidas efetivas de combate. A discuss�o do tema ganhou for�a na �ltima semana com a repercuss�o da s�rie da Netflix 13 Reasons Why, que trata de bullying e suic�dio em uma escola americana.
A escola em que Daniel estudava disse n�o saber que ele sofria bullying. “Falei com a dire��o para entender, mas disseram que n�o tinha acontecido nada, que nunca viram nada. Era uma turma com 11 alunos, como n�o sabiam que meu filho estava sofrendo?”, pergunta a m�e, uma enfermeira de 39 anos que pediu para n�o ser identificada.
Para a psic�loga Luciana Zobel Lapa, pesquisadora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), ainda falta forma��o aos profissionais nas escolas. A viol�ncia costuma ser velada - longe do alcance dos professores. “Por isso, � preciso um olhar atento �s pistas que os alunos d�o.” Segundo Luciana, para prevenir � preciso compreender todos os envolvidos nas agress�es. “O autor, que n�o tem sensibilidade moral e n�o se incomoda com a dor do outro, e o alvo, que possui imagem rebaixada de si mesmo e se v� como merecedor da agress�o. E tamb�m os espectadores, que n�o se posicionam por medo de serem v�timas ou que carecem de sensibilidade moral.”
A��es
As escolas devem ter trabalho de socializa��o e podem sim ser responsabilizadas por bullying (foto: Reprodu��o de internet)
A orientadora educacional do ensino fundamental Ana Claudia Esteves Correa, do col�gio Stance Dual, na Bela Vista, regi�o central de S�o Paulo, conta que a escola criou grupos antibullying entre os pr�prios alunos do 6º ao 9º anos. “Eles s�o preparados para interferir nas situa��es de bullying. Isso tem dado muito certo, porque eles chegam mais perto do problema do que um adulto, j� que o bullying � muito sutil”, afirma. A especialista diz ainda que h� uma forte forma��o do professor nesse sentido. A escola determina que se avalie como os estudantes fazem os trabalhos em grupo.
No Equipe, em Higien�polis, atividades de lazer t�m como objetivo unir os estudantes. “Temos procurado fazer um trabalho de conviv�ncia, de criar situa��es em que as crian�as interajam entre si”, diz a diretora Luciana Fevorini.
Gabriel (nome fict�cio), de 15 anos, come�ou a sofrer bullying quando mudou de escola, no 8º ano do ensino fundamental. “Ele nunca havia tido problema, mas come�ou a ficar muito quieto em casa e a dizer que n�o queria ir para escola. Achei que era uma fase de adapta��o, mas a situa��o piorou”, conta a m�e, advogada de 40 anos, que tamb�m pediu anonimato.
Como Gabriel n�o contava o que acontecia a m�e decidiu transferi-lo para outra unidade. “Os meninos das duas unidades se conheciam e criaram um grupo no WhatsApp para xing�-lo.
Tiravam sarro por ele ser muito t�mido e n�o gostar de futebol”, diz a m�e, que em 2016 foi mais de dez vezes � escola. Segundo ela, a dire��o n�o tomou medidas para ajud�-lo e dizia que era “fase de adolescente”. “O coordenador o chamou para uma conversa e foi muito agressivo. Deu a entender que ele n�o tinha intelig�ncia emocional para superar a situa��o.” A m�e, ent�o, buscou ajuda m�dica. “Ele achava que merecia os xingamentos, que era tudo aquilo que diziam.” Neste ano, Gabriel foi para o Col�gio Santa Maria. “Ainda faz terapia, mas est� muito melhor.”
Responsabilidade
Segundo Ana Paula Lazzareschi, advogada especialista no tema, as escolas devem ter trabalho de socializa��o e podem sim ser responsabilizadas por bullying. “N�o adianta fazer um trabalho gen�rico, dar uma cartilha pronta aos alunos.” (com Ag�ncia Estado)