
O delegado Gutemberg Souza Filho, titular da delegacia de Ub� (MG), descartou a participa��o do propriet�rio do ve�culo suspeito encontrado no munic�pio, nesse domingo, no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. O carro, da marca Renault, modelo Logan, � semelhante a um dos ve�culos usados na emboscada e foi localizado gra�as a uma den�ncia an�nima.
O propriet�rio foi interrogado pela pol�cia e, segundo o delegado, n�o h� elementos que o liguem, em princ�pio, � morte de Marielle e Anderson. “Ele negou. N�o temos elementos para comprovar a participa��o dele”, disse Gutemberg.
Segundo o delegado, o carro foi periciado, mas n�o houve ind�cios de sua utiliza��o no crime. Mesmo assim, o ve�culo, que tem placa do Rio de Janeiro, continuar� apreendido, para aprofundar a investiga��o.
Imagens de c�meras de seguran�a mostram que, al�m de um autom�vel Renault Logan, outro, da marca GM, modelo Cobalt, tamb�m participou da persegui��o que terminou na morte de Marielle e Anderson, no bairro do Est�cio, na noite do dia 14.
A vereadora e o motorista foram assassinados em emboscada na noite de quarta-feira, quando voltavam de um evento pol�tico na Lapa. Uma assessora da parlamentar sobreviveu ao ataque e informou, em depoimento � pol�cia, que a vereadora n�o deu ind�cios de que estava sob amea�as. Quatro dias antes de ser executada, Marielle havia denunciado abusos em a��es da Pol�cia Militar em Acari.
Investiga��o
At� o momento, as investiga��es da Pol�cia Civil do Rio de Janeiro apontaram que arma usada no crime � uma pistola 9mm, e que as muni��es usadas pelos assassinos pertenciam a um lote vendido para a Pol�cia Federal de Bras�lia, em 2006. Os criminosos estavam em dois carros pratas, que seguiram a vereadora at� o momento da abordagem. Um dos ve�culos � um Cobalt prata, que tem a placa clonada. O original foi localizado pela pol�cia em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O outro carro � um Logan, que pode ser o ve�culo abandonado na cidade de Ub�.
Quem era Marielle Franco
Nascida no Complexo da Mar�, Zona Norte do Rio de Janeiro, em 27 de julho de 1979, Marielle Franco era refer�ncia na luta pelos direitos humanos. A mais recente conquista na �rea foi o mandato de vereadora na C�mara Municipal do Rio de Janeiro, eleita pelo PSOL. Com bolsa integral, ap�s ser aluna do Pr�-Vestibular Comunit�rio da Mar�, Marielle se graduou em Ci�ncias Sociais pela Pontif�cia Universidade Cat�lica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Durante os estudos na PUC, ela n�o se envolveu com movimentos estudantis, por conta da pouca disponibilidade de tempo, dividido entre estudos e trabalhos para sustentar a filha Luyara, nascida quando Marielle tinha 19 anos. Hoje, a jovem tem 18 anos. Com o diploma de soci�loga, ela, que j� tinha trabalhado como educadora infantil na Creche Albano Rosa, na Mar�, se tornou professora e pesquisadora respeitada. Depois virou mestre em Administra��o P�blica pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
A vida da pol�tica foi dedicada � milit�ncia na defesa dos direitos humanos e contra a��es violentas nas favelas. A luta foi impulsionada ap�s a morte de uma amiga, v�tima de bala perdida, durante um tiroteio envolvendo policiais e traficantes de drogas na favela onde nasceu e viveu. Marielle Franco integrou, em 2006, a equipe de campanha que elegeu Marcelo Freixo � Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Ap�s a posse dele como deputado, foi nomeada assessora parlamentar dele. Depois assumiu a coordena��o da Comiss�o de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da assembleia.
H� dois anos, na primeira disputa eleitoral, foi eleita com 46.502 votos para o cargo de vereadora na capital carioca, a quinta mais votada na cidade. A vereadora era cr�tica da interven��o federal na seguran�a p�blica do Rio de Janeiro. H� duas semanas, ela assumiu a fun��o de relatora da Comiss�o da C�mara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar a atua��o das tropas na interven��o.
Em 10 de mar�o deste ano, ela havia denunciado, em seu perfil de redes sociais, ind�cios de que policiais do 41º Batalh�o de Pol�cia Militar haviam cometido abusos de autoridade contra os moradores do bairro de Acari. ( Por Jacqueline Saraiva )