Rio de Janeiro – Um padre de 81 anos foi interrompido e xingado por dois homens enquanto celebrava uma missa numa igreja de Ipanema, zona sul do Rio, na manh� de domingo, ap�s citar o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL). Os dois foram retirados da igreja e o padre continuou a celebra��o. O caso n�o foi denunciado � Pol�cia Civil. P�roco respons�vel pela par�quia lamentou o fato de nenhum fiel ter defendido o padre.
O padre Mario de Fran�a Miranda, de 81 anos, que tamb�m � professor da PUC-Rio, estava celebrando a missa das 10h30 na Par�quia da Ressurrei��o, quando, durante a homilia, citou a vereadora assassinada na �ltima quarta-feira (14), no centro do Rio.
"Fiz a homilia normal, explicando um pouco o texto, e citei Martin Luther King, dom Oscar Romero e pessoas que est�o tentando melhorar a sociedade, como Jesus tamb�m tentou melhorar e foi assassinado precocemente. O Evangelho fala que o gr�o cai na terra e d� frutos. Ent�o, eu falei que frutos s�o esses. Mostrei que quando se mata uma pessoa parece que tudo termina, mas n�o. No caso de Jesus, ele influenciou toda a humanidade. E frutos tamb�m s�o aquelas pessoas que tentam seguir esse exemplo: que t�m uma vida dif�cil, mas com sentido, e que causam muita paz por fazer o bem", contou o padre, em entrevista ao jornal O Globo.
Quando citou Marielle, dois homens come�aram a gritar e xingar o padre. "Quando houve a rea��o dos dois homens tinha umas 500 pessoas na igreja e eu pensei: tenho que tocar a missa. N�o ia ficar preso a um tumulto que l� no fundo da igreja apareceu. Duas pessoas revoltadas. Me xingaram de tudo. Logo, eles foram retirados da igreja e eu consegui recolocar a missa em ora��o", afirmou. Ao final da missa, fi�is se solidarizaram com o padre e o parabenizaram pela homilia.
O padre Jos� Roberto Devellard, respons�vel pela Par�quia da Ressurrei��o, comentou o caso em texto postado no Facebook. Ele n�o presenciou o epis�dio, mas disse que "o sacerdote n�o falou de partidos nem de ideologias". "No Evangelho Jo�o 12, 20-33 ao entrar no Esp�rito da Semana Santa, os vers�culos 24 e 25 falam do gr�o de trigo, que ao morrer produz frutos.
O sacerdote deu v�rios exemplos, entre tantos o da vereadora Marielle. A homilia foi interrompida por uma pessoa da assembleia, que n�o gostando usou palavras de baixo cal�o para ofender o sacerdote, profanando assim o templo", escreveu.
"O padre M�rio Fran�a � um dos melhores te�logos do Brasil. Foi membro da comiss�o de te�logos de todo o mundo. Recebeu o pr�mio Cardeal Ratzinger de teologia como bons servi�os prestados � teologia. Uma preocupa��o assustou-me: ningu�m foi capaz de levantar a voz na igreja para defender o sacerdote!"
O texto, publicado no perfil da Igreja da Ressurrei��o e acess�vel a todos, havia gerado 30 coment�rios at� as 17h30 desta segunda-feira, a maioria defendendo o padre. O primeiro deles, no entanto, � uma cr�tica ao sacerdote: "A igreja n�o deve se meter com pol�tica, ainda mais com essa onda de divis�o da sociedade implantada pelo governo.... Erro do padre, erro da Igreja", escreveu um internauta. "Deveriam todos respeitar a igreja, mas n�o aceito o padre falar dessa senhora, quando estamos vivendo um massacre. Deveria o padre falar em nome de todos... policiais, m�dico morto na Lagoa etc", escreveu outra pessoa. A respeito desse coment�rio, um internauta alertou: "Cuidado, h� um morcego entre os passarinhos!"