
Discutidos h� cinco anos dentro da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), o plantio e a importa��o da maconha para uso medicinal e cient�fico deve ser aprovado no fim de outubro, segundo o presidente do �rg�o, o m�dico William Dib.
Ele estima que at� 13 milh�es de brasileiros, com diferentes doen�as, podem se beneficiar da maconha medicinal e prev� ainda ganhos econ�micos. Mas, em conversa com o Estado, evitou rebater cr�ticas, como a do ministro da Cidadania, Osmar Terra, que sugeriu que a Anvisa deveria "fechar", caso a proposta de regulamenta��o fosse aprovada.
Dib afirma ter recebido apoio do pr�prio governo, que, na avalia��o dele, tem buscado se informar sobre os benef�cios da regulamenta��o.
A consulta p�blica (sobre a maconha medicinal) foi aberta h� 45 dias, com voto favor�vel do senhor. O que j� deu para extrair das participa��es at� agora?
A esmagadora maioria das contribui��es � a favor. At� porque a sociedade, como um todo, estava exigindo essa posi��o da ag�ncia, n�o s� as fam�lias das pessoas que t�m esperan�a que esse seja um tratamento poss�vel para as patologias. O n�mero de patologias para as quais a cannabis est� sendo indicada vem aumentando aceleradamente na academia, na discuss�o intelectual, e os pa�ses est�o se moldando a isso. N�o seria justo a Anvisa n�o se abrir a essa decis�o.
Quem ganha com a regulamenta��o do cultivo e da importa��o, al�m dos pacientes?
O servi�o do SUS (Sistema �nico de Sa�de) n�o � pago por algu�m, � pago pela sociedade como um todo. Isso beneficia a todos, e n�o s� o usu�rio do medicamento, porque vai sobrar dinheiro, se conseguir reduzir esse pre�o. Tendo o produto, a oferta aqui, vai fazer com que n�o s� o Judici�rio economize em a��es. O Minist�rio da Sa�de vai comprar a pre�o competitivo. Todos poder�o se beneficiar disso.
Vai ter propaganda? O rem�dio poder� ficar exposto nas farm�cias?
N�o. Porque vai seguir a portaria 344 (da pr�pria Anvisa), que regulamenta produtos controlados. N�o haver� propaganda de cannabis. N�o ser� um rem�dio de acesso livre. S� poder� ser comprado com receita. N�o h� possibilidade de automedica��o.
Al�m de alguns ministros do governo, como o Osmar Terra, n�o tem havido cr�ticas diretas do presidente (da Rep�blica, Jair Bolsonaro) � proposta...
A maioria est� a favor, porque est� lendo. Quando a classe m�dica diz que prescreve produto porque n�o tem alternativa, e m�e, pai, irm�o v�m aqui "judicializar", o eu que tenho para responder a eles? A grande maioria est� a favor porque � bom para a sociedade.
E quando o plantio e a importa��o estar�o liberados?
A vontade da diretoria colegiada � que terminando a consulta p�blica, em 30 dias, a gente consegue absorver as recomenda��es boas, corrigir o que estiver errado e o que estiver poss�vel. No primeiro dia ap�s a publica��o, as empresas j� podem se habilitar (nesta ter�a-feira, 30, o Estado mostrou que 20 empresas est�o interessadas no mercado de plantio de maconha para fins medicinais no Pa�s). Importar o produto pronto ou fazer o plantio. O mercado � quem vai dizer o tempo que vai levar para o plantio.
E a quest�o econ�mica…
O governo n�o s� vai economizar, mas vai recuperar um peda�o da economia. Os �ndices externos dos pa�ses que est�o abrindo a comercializa��o s�o enormes. O governador de Nova York (Andrew Cuomo) liberou por quest�es econ�micas (o Estado descriminalizou o uso recreativo de maconha esta semana). O Brasil ganhar� em economia, em gera��o de emprego, em desenvolvimento econ�mico e tecnol�gico, vai produzir coisas melhores. N�o � a economia de quanto custa o rem�dio. Isso � uma economia barata. E pode ser at� que acabemos exportando. Pode ser que o produto produzido no Brasil passe a ter credibilidade.