A Pol�cia Federal (PF) deflagrou na manh� desta ter�a-feira, 3, a Opera��o Vagatomia, que investiga um esquema de fraudes na concess�o do Financiamento Estudantil do Governo Federal (Fies) e na venda de vagas e transfer�ncias de alunos do exterior para o curso de Medicina ofertado pela Universidade Brasil, de Fernand�polis, no interior de S�o Paulo. A Pol�cia Federal investiga ainda fraudes em bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni) e nos cursos de complementa��o do exame Revalida, para revalida��o de diploma. Estimativas iniciais da PF indicam que, nos �ltimos cinco anos, aproximadamente R$ 500 milh�es do Fies e do ProUni foram concedidos fraudulentamente.
As ordens foram expedidas pela Justi�a Federal de Jales (SP). As atividades da "Vagatomia" s�o realizadas nas cidades de Fernand�polis, S�o Paulo, S�o Jos� do Rio Preto, Santos, Presidente Prudente, S�o Bernardo do Campo, Porto Feliz, Meridiano, Murutinga do Sul e S�o Jo�o das Duas Pontes, em S�o Paulo e no munic�pio de �gua Boa, no Mato Grosso.
Entre os alvos das ordens de pris�o est�o o dono da universidade e seu filho, al�m de diretores e funcion�rios das unidades onde as fraudes foram identificadas - S�o Paulo, S�o Jos� do Rio Preto e Fernand�polis. Integrantes das "assessorias", que vendiam vagas no curso de Medicina, financiamentos Fies e bolsas do Prouni tamb�m est�o entre os alvos da opera��o.
A Justi�a Federal determinou ainda o bloqueio de at� R$ 250 milh�es em bens e valores dos investigados.
A PF indicou que recebeu, no in�cio do ano, informa��es que relatavam crimes e irregularidades que estariam ocorrendo no campus de um curso de medicina em Fernand�polis. Vagas para ingresso, transfer�ncia e financiamentos Fies para o curso de Medicina estariam sendo negociados por at� R$ 120 mil por aluno, diz a corpora��o.
As investiga��es duraram cerca de oito meses e identificaram que o l�der do esquema era o pr�prio dono da universidade, que tamb�m ocupa o cargo de reitor. O empres�rio, engenheiro de 63 anos, e seu filho, que tamb�m � s�cio do grupo educacional, sabiam do esquema e participavam dos crimes em investiga��o, segundo a PF.
De acordo com a Pol�cia Federal, "assessorias educacionais", com o apoio dos donos e da estrutura administrativa da universidade, negociaram centenas de vagas para alunos.
Entre os estudantes que compraram suas vagas e financiamentos est�o filhos de fazendeiros, servidores p�blicos, pol�ticos, empres�rios e amigos dos donos da universidade - "todos com alto poder aquisitivo, que mesmo sem perfil de benefici�rio do FIES, mediante fraude, tiveram acesso aos recursos do Governo Federal".
A PF estima que milhares de alunos por todo o Brasil podem ter sido prejudicados em raz�o destas fraudes. As fraudes foram denunciadas ao Minist�rio P�blico Federal por alunos que ingressaram de forma regular na institui��o, ap�s a qualidade do curso diminuir por causa do aumento de estudantes de medicina no campus.
Ao longo das investiga��es, a PF identificou amea�as proferidas pelo dono da universidade aos alunos que fizeram as den�ncias, al�m de tentativas de influenciar e intimidar autoridades, destrui��o e oculta��o de provas.
A Pol�cia Federal indica ainda que os empres�rios estariam investindo os recursos das fraudes em im�veis urbanos e rurais no Brasil e no exterior. Al�m disso, compraram helic�ptero, jatinhos, avi�es e dezenas de ve�culos de luxo, diz a corpora��o.
Os alunos e pais, que aceitaram pagar pela vaga e/ou pelos financiamentos p�blicos, tamb�m responder�o pelos crimes em investiga��o na medida de suas culpabilidades, diz a PF. Segundo a corpora��o, uma nova investiga��o ser� iniciada para identificar todos que concordaram em pagar pelas fraudes.
De acordo com a Pol�cia Federal, o nome da opera��o, Vagatomia, faz refer�ncia ao termo "tomia", que significa "corte". "Como os investigados reduziam as vagas do curso de medicina e Fies, na medida em que as vendiam, candidatos que teriam direito ao financiamento do governo federal sofriam com o corte das vagas dispon�veis", diz a corpora��o.
Defesas
A reportagem entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Universidade Brasil. O espa�o est� aberto para manifesta��o.