
Em n�meros totais, os leitos para interna��o no Pa�s ca�ram de 460,92 mil para 426,38 mil no intervalo que separa as duas pandemias. A queda ocorreu em unidades do Sistema �nico de Sa�de (SUS), onde a redu��o chegou a 48,53 mil espa�os de atendimento. No mesmo per�odo, a rede privada apresentou um salto de cerca de 14 mil leitos, um aumento considerado baixo por especialistas do setor.
T�cnicos do Minist�rio da Sa�de ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo dizem que a queda em n�mero de leitos de interna��o � global e est� relacionada, em parte consider�vel, � pol�tica p�blica de refor�ar a aten��o b�sica. Uma parte significativa de leitos fechados no Pa�s seria de hospitais conveniados do SUS que, pouco lucrativos, deixaram de funcionar. Procurada pela reportagem, a pasta n�o se manifestou.
M�dico e pesquisador do Laborat�rio de Informa��o em Sa�de da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), Josu� Laguardia afirma que � dif�cil projetar como a covid-19 vai pressionar a rede de servi�os de sa�de. Tudo depender�, segundo ele, do sucesso ou n�o de medidas para segurar o crescimento da curva de casos.
Laguardia avalia que a rede de assist�ncia deve preparar a libera��o de leitos para a demanda que a pandemia ir� impor, a partir de medidas espec�ficas, como cancelar cirurgias simples e evitar interna��es desnecess�rias. "Aten��o prim�ria tamb�m � importante, pois faz uma triagem. Consegue-se identificar quem � o paciente que precisa de interna��o", ressalta o pesquisador. Ele afirma que os Estados at� podem ter par�metros pr�ximos do ideal sobre assist�ncia em sa�de, mas, se desagregar a regi�es menores, nota-se desigualdade bem maior. "H� esses vazios assistenciais."
Desigualdade
Um estudo do Projeto Avalia��o do Desempenho do Sistema de Sa�de (Proadess) da Fiocruz observa, a partir de dados de 2009 a 2017, forte desigualdade na distribui��o de leitos no Pa�s. A rela��o de cerca de dois leitos por 1 mil habitantes no SUS ficaria abaixo de dados apontados como satisfat�rios pelo pr�prio governo. "Como em diversas outras �reas da realidade brasileira, as desigualdades regionais mostraram-se marcantes, seja em rela��o a distribui��o e evolu��o de estabelecimentos e leitos hospitalares por tipo de porte e esfera jur�dica, seja considerando dimens�es do desempenho", diz a pesquisa.A an�lise mais detalhada dos dados evidencia uma redu��o de leitos em locais que enfrentam dificuldade no atendimento. O Rio de Janeiro perdeu mais de 17 mil dos 50 mil espa�os de interna��o registrados em 2009, ano da pandemia de H1N1. O Estado j� foi apontado como preocupa��o pelo ministro da Sa�de, Luiz Henrique Mandetta, no combate ao novo coronav�rus. "O Rio de Janeiro aguenta muito pouco. S�o Paulo aguenta um pouco mais. O Paran� � nosso melhor sistema, a melhor rede de distribui��o. O Acre n�o tem nenhum caso. O Brasil � um continente", disse ele em 11 de mar�o, � reportagem.
Tratamento intensivo
J� os leitos de UTI, que devem atender cerca de 15% dos pacientes mais graves - um universo de 20% do total - , aumentaram no intervalo analisado, mas para um patamar ainda insatisfat�rio, segundo a Associa��o de Medicina Intensiva do Brasil (Amib). O Brasil ganhou 17,3 mil leitos de UTI desde a pandemia de H1N1, de 42,4 mil para cerca de 60 mil. Ainda assim, as unidades que atendem adultos t�m mais de 90% de ocupa��o, afirma a associa��o.A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) faz a recomenda��o de tr�s leitos de UTI para cada 10 mil habitantes como ideal. Hoje, o SUS tem cerca de um leito para cada 10 mil habitantes. "Com pouca margem para aumento de demanda por causa da alta taxa de ocupa��o", afirma a associa��o. Na rede particular, a rela��o � de quatro leitos para cada 10 mil habitantes e a ocupa��o m�dia � de 80%, indica levantamento da Amib. Em locais de forte contamina��o pela covid-19 no mundo, a demanda por leitos de UTI chegou a ser mais que o dobro da m�dia dispon�vel no setor p�blico brasileiro, segundo a associa��o.
O estudo da Fiocruz tamb�m observa a s�rie hist�rica de leitos de UTI. Segundo a funda��o, "chama a aten��o" que 144 (33%) das "Regi�es de Sa�de" delimitadas pelo governo n�o t�m nenhum leito de cuidado intensivo dispon�vel ao SUS por 100 mil habitantes, sendo que metade est� no Nordeste.
Dados recentes, deste ano, mostram que os leitos de UTI se concentram na Regi�o Sudeste - s�o 6.700 em S�o Paulo e 4.040 no Rio. As redes p�blicas e privada t�m praticamente o mesmo n�mero de leitos para tratamento intensivo. Mas os pacientes com plano de sa�de representam apenas 25% da popula��o. A conta entre autoridades de Sa�de � que o SUS atende a 150 milh�es, enquanto hospitais particulares recebem 50 milh�es.
Escassez
O secret�rio-executivo do Minist�rio da Sa�de, Jo�o Gabbardo, disse no s�bado que o Brasil est� fazendo um grande esfor�o para aumentar a quantidade de leitos de UTIs, mas ainda est� longe de pa�ses com sucesso no tratamento da covid-19, como a Alemanha."A Alemanha tem quatro vezes mais leitos de UTI que a Inglaterra, e isso explica muito sobre a situa��o. A Alemanha provavelmente n�o ter� dificuldades com respiradores devido � grande capacidade instalada. O Brasil se aproxima mais dos Estados Unidos, que j� enfrenta escassez de m�scaras e testes", observou. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.