A Sociedade Brasileira de Virologia divulgou uma nota de rep�dio aos ataques. "O exerc�cio cient�fico visa notificar e dar amplo acesso aos resultados obtidos, idealmente sem conflito de interesses. Al�m disso, segundo o c�digo penal, intimidar algu�m impondo-lhe temor de sofrer mal injusto e grave � crime de amea�a", escreve a entidade.
Eles se referem a um cons�rcio formado por mais de 70 profissionais do grupo denominado CloroCovid-19 que estavam testando duas dosagens de cloroquina em pacientes em estado grave, uma baixa, que seguia a recomenda��o do Minist�rio da Sa�de, e outra alta, que seguia a que tinha sido adotada em pacientes na China.
Alguns dias depois do in�cio da pesquisa, 11 pacientes, que estavam distribu�dos entre os dois grupos, morreram, mas a not�cia veio � tona como se todos estivessem tomando a dose mais alta.
O trabalho, explica a sociedade de virologia, "observou que o uso de qualquer uma das doses de cloroquina n�o alterou o n�mero de mortes por covid-19 em compara��o � m�dia mundial". E que, "devido aos efeitos colaterais, a alta dose foi imediatamente suspensa e todos os participantes passaram a usar a dose mais baixa".
Assim como os pesquisadores do projeto explicaram ontem, a sociedade lembra que primeira conclus�o do estudo foi que pacientes graves com covid-19 n�o deveriam mais usar a dose alta recomendada e que o estudo n�o permite concluir que a cloroquina em doses baixas funciona ou n�o para a doen�a.
"Pesquisadores n�o pautam suas a��es por vincula��es ideol�gicas ou partid�rias e seu compromisso � apenas com a boa ci�ncia. Somente a pr�tica correta da ci�ncia poder� nos salvar da atual pandemia do novo coronav�rus, desta forma suplicamos, deixem os cientistas trabalharem em paz!!!", concluiu a nota.
Mais cedo, Conselho Deliberativo da Fiocruz, entidade da qual faz parte o principal pesquisador do projeto, o infectologista Marcus Lacerda, tamb�m havia se manifestado, dizendo que "considera inaceit�veis os ataques que alguns de seus pesquisadores vem sofrendo nas redes sociais".
Estudos como esse, diz a institui��o, "s�o parte do esfor�o da ci�ncia na busca por medicamentos e terap�uticas que possam contribuir para superar as incertezas da pandemia de covid-19". O conselho informou que a pesquisa CloroCovid-19 permanece em andamento, com aprova��o da Conep.
"A Fiocruz tem trabalhado incansavelmente em diversas frentes de atua��o e vem a p�blico clamar pela tranquilidade e seguran�a de seus pesquisadores, requisitos essenciais para o desenvolvimento de seus estudos. � fundamental alertar que a busca por solu��es n�o pode prescindir do rigor cient�fico e do tempo exigido para obten��o de resultados seguros e que as pesquisas devem se manter, portanto, fora do campo narrativo que constr�i esperan�as em cima de respostas r�pidas e ainda inconclusivas", afirma na nota.
"A Funda��o apoia incondicionalmente seu corpo de pesquisadores, que est�o absolutamente comprometidos com a ci�ncia e com a busca de solu��es para o enfrentamento dessa pandemia, e reafirma seu compromisso com a miss�o de produzir, disseminar e compartilhar conhecimentos e tecnologias voltados para o fortalecimento e a consolida��o do Sistema �nico de Sa�de (SUS) e para a promo��o da sa�de e da qualidade de vida da popula��o brasileira."
A Universidade do Estado do Amazonas, � qual Lacerda e v�rios outros pesquisadores do projeto s�o vinculados, manifestou "profunda indigna��o e perplexidade face aos ataques sofridos" pelos cientistas. "Os ataques s�o agressivos, infundados, sensacionalistas, repletos de vi�s pol�tico e demonstram total ignor�ncia ao m�todo cient�fico", afirmou a institui��o por meio de nota.
"A aus�ncia de capacidade de interpreta��o por parte dos agressores e seguidores culminou em rea��es violentas a todos os pesquisadores do estudo. Num momento de crise como esse em que vivemos, os vieses ideol�gicos prejudicam a execu��o da boa ci�ncia, pois desviam o foco dos pesquisadores para situa��es desconfort�veis e injustas como essa. Ci�ncia e n�o 'achismo' nos levar� ao sucesso no combate � pandemia de covid-19", declarou a universidade.