As a��es mais incisivas de distanciamento social, como o lockdown, devem ser estruturadas de maneira a considerar uma continuidade ao longo do tempo, avaliam os especialistas. ”Possivelmente, essas medidas ser�o acionadas e repetidas durante um longo per�odo, j� que, at� o presente momento, n�o h� perspectiva de t�rmino desta situa��o de crise sanit�ria e humanit�ria nos pr�ximos 18 a 24 meses”, diz o documento.
Na an�lise, o Rio de Janeiro � apresentado como um dos estados cuja situa��o frente � pandemia � considerada uma das mais cr�ticas do pa�s. O crescimento acentuado de mortes e casos j� passa a ser evidente n�o s� na capital, mas em outros munic�pios mais afastados. “Em meados de abril de 2020, j� se projetava o alto risco de propaga��o da epidemia a partir da regi�o metropolitana para os demais munic�pios do estado”, diz o estudo.
Segundo os estudiosos, a n�o ado��o de medidas imediatas de lockdown pode levar a um per�odo prolongado de escassez de leitos e insumos, “com sofrimento e morte para milhares de cidad�os e fam�lias do estado do Rio de Janeiro”. Tais medidas n�o podem ser pensadas de forma isolada e, ao mesmo tempo, devem ser adequadas �s realidades epidemiol�gicas e dos sistemas de sa�de das diferentes das cidades.
Para que esta equa��o seja equilibrada, os pesquisadores chamam a aten��o para a necessidade de se discutir as a��es em conjunto com os munic�pios e regi�es integradas ao estado. Nas decis�es, devem ser levadas em conta a incid�ncia de casos, a tend�ncia da curva, a disponibilidade de leitos, recursos humanos e equipamento, bem como a ades�o das medidas pela sociedade.
A experi�ncia de outros pa�ses que j� atingiram o �pice da epidemia serviram como embasamento para as an�lises. Medidas mais r�gidas de confinamento (lockdown total ou parcial) foram adotadas em v�rios pa�ses (China, It�lia, Espanha, Reino Unido, Fran�a, Alemanha, entre outros) como estrat�gia para desacelerar o crescimento da curva de casos, com o objetivo de manter a demanda aos servi�os hospitalares e de cuidados intensivos compat�veis com a oferta. “Adotar o lockdown tardiamente, a exemplo do Reino Unido, resultaria em uma cat�strofe humana de propor��es inimagin�veis para um pa�s com a dimens�o do Brasil”, exemplifica.
O relat�rio considera ainda a import�ncia de intensa articula��o das diferentes esferas de governo n�o s� nas decis�es de quando afrouxar ou enrijecer as medidas, mas no apoio econ�mico e social �s popula��es vulner�veis, principalmente daqueles que dependem de trabalho informal ou prec�rio, bem como suporte a pequenas empresas que geram empregos e podem sofrer grande impacto da pandemia.
O governo do Rio de Janeiro est� reunido com especialistas e gestores da �rea de sa�de e da economia para elaborar uma resposta ao Minist�rio P�blico do estado, informando se adotar� ou n�o as medidas de lockdown e sustentando a decis�o por meio de embasamentos t�cnicos-cient�ficos.