
Em plena pandemia, Mirtes n�o teve escolha: precisou levar o filho, Miguel Ot�vio, 5 anos, ao trabalho. Em tempos normais, o menino passava o dia na escola, pela manh�, e na creche, � tarde. Mas com esses espa�os fechados, a crian�a teve que acompanhar a m�e no servi�o. O que ela n�o poderia imaginar � que, ao final do dia, voltaria para casa sem seu pequeno nos bra�os.
Miguel morreu em um acidente no pr�dio, ap�s entrar no elevador de servi�o atr�s da m�e, que havia sa�do para passear com a cadela da fam�lia para a qual trabalhava. C�meras do circuito interno do edif�cio, mostram o momento que o menino entra no elevador e a patroa, Sari, aperta o bot�o do �ltimo andar e a porta se fecha. A crian�a desceu no 9º andar, onde caiu de uma sacada na parte onde ficam os condensadores dos apartamentos.
"Eu n�o consigo mais entrar no quarto direito. Eu vejo a cama do meu filho, mas n�o vejo meu filho ali. Eu olho para aquela bicicleta, mas n�o vejo meu filho naquela bicicleta. Eu olho para todos os cantos da casa e n�o vejo meu filho. T� muito dif�cil", conta Mirtes em entrevista � rep�rter Sabrina Rocha, da Rede Globo, veiculada pelo Bom Dia Pernambuco na manh� desta quinta-feira (4).
Mirtes conta que, ao retornar para o edif�cio, foi avisada pelo zelador que algu�m havia ca�do do pr�dio. "Quando eu abri a porta, eu vi meu filho ali, estirado no ch�o. 'Meu filho, n�o deixa m�e, filho'. A� eu peguei, devagarzinho, virei ele. Eu disse 'meu amor, meu amor, mam�e t� aqui, n�o deixa mam�e, respira'. Toquei nele aqui (pesco�o), ele ainda tava tendo pulsa��es, ele tava respirando, mas assim, ele n�o piscava, s� olhava fixo".
Em seguida, de acordo com Mirtes, ela gritou pedindo ajuda � patroa, que desceu e, junto com um m�dico, morador do edif�cio, levou Miguel de carro para o Hospital da Restaura��o. "N�o demorou muito n�o e veio a not�cia que meu filho virou estrelinha, que meu filho t� l� junto com Jesus e Maria. Ele t� l� no colinho de Maria. Eu pedi para Jesus tirar a minha vida e dar a ele para ele para ele permanecer vivo porque ele era minha raz�o de viver. Aquela crian�a era minha raz�o de viver. Eu fazia tudo por ele para ter a felicidade dele, para ter o bem estar dele", relata a m�e emocionada.
A empregada dom�stica acredita que "faltou paci�ncia" por parte da patroa a quem entregou seu filho enquanto precisou se ausentar da casa por alguns minutos a fim de cumprir seu trabalho. "No per�odo que eu tava andando com a cadela, que ele entrou no elevador, n�o tiveram paci�ncia de tirar ele do elevador, pegar pelo bra�o e 'saia'. Porque se fossem os filhos da minha ex-patroa, eu tiraria. Ela confiava os filhos dela a mim e � minha m�e. E no momento que eu confiei meu filho a ela, infelizmente ela n�o teve paci�ncia para cuidar, para tirar (ele do elevador)".
"Eu n�o vou dizer que eu t� com raiva, que eu t� com �dio dela porque a dor pela morte do meu filho t� prevalecendo, mas eu espero que a justi�a seja feita porque se fosse o contr�rio, eu acho que eu n�o teria nem direito a fian�a. Porque foi uma vida, uma vida que se foi por um pouco de falta de paci�ncia. Deixar uma crian�a sozinha, dentro de um elevador, isso n�o se faz", acrescenta Mirtes. "Eu vou lutar, eu vou batalhar nem que eu v� morar debaixo da ponte, mas eu vou batalhar para que a morte do meu filho, meu �nico filho seja resolvida, que a justi�a seja feita". "Eu vou lutar, eu vou batalhar nem que eu v� morar debaixo da ponte, mas eu vou batalhar pra que a morte do meu filho, meu �nico filho seja resolvida, que a justi�a seja feita".