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Estado de Minas #PRAENTENDER

Racismo estrutural e coronav�rus: s� 4 estados divulgam dados

Neste v�deo, especialistas negros indicam caminhos


postado em 05/06/2020 04:00 / atualizado em 05/06/2020 09:13

Pesquisadores e ativistas comentam o racismo estrutural nos números do coronavírus no Brasil(foto: Estado de Minas)
Pesquisadores e ativistas comentam o racismo estrutural nos n�meros do coronav�rus no Brasil (foto: Estado de Minas)

A mortandade pelo novo coronav�rus avan�a no Brasil, com o apag�o de dados para a quest�o racial. Levantamento exclusivo do Estado de Minas mostra que, em todo o pa�s, apenas quatro estados divulgam recorte de dados por cor e ra�a: Paran�, Amazonas, Alagoas e Rio Grande do Norte. Veja v�deo abaixo

Os n�meros preliminares mostram que, embora as notifica��es contemplem mais os brancos, a mortalidade � maior entre negros acometidos pela doen�a. E essa hist�ria n�o tem influ�ncia gen�tica.

Nesta p�gina, especialistas negros explicam de que maneira a pandemia de COVID-19 no Brasil reflete nosso racismo estrutural.

Esta foi uma semana em que protestos contra a viol�ncia do Estado e a desigualdade racial hist�rica tingiram de negro as telas nas redes sociais. Mas como ensinam os crimes cometidos contra George Floyd, nos EUA, e contra Jo�o Pedro, no Rio de Janeiro, barbaridades s� provocam indigna��o e mudan�a se vierem � tona.



"Diferen�a reflete a desigualdade"
Os dados cl�nico-epidemiol�gicos do mundo e os preliminares do Brasil sobre a pandemia mostram que negros s�o quatro vezes mais vulner�veis. Isso n�o se deve a fatores gen�ticos. A diferen�a reflete apenas a desigualdade socioecon�mica e de acesso ao sistema de sa�de.

A popula��o sob maior risco s�o pobres, de baixa escolaridade, alta incid�ncia de doen�as cr�nicas que v�o levar a sintomas mais graves da COVID-19. Essas pessoas s�o, na sua maior parte, negros e a pandemia est� s� afirmando desigualdades raciais e socioecon�micas que antes j� eram conhecidas.

Para solucionar isso, agora na pandemia e tamb�m depois dela, s�o necess�rias interven��es nas pol�ticas de sa�de p�blica voltadas para a popula��o negra, de forma a garantir acesso adequado ao sistema de sa�de, promover tratamento e acompanhamento adequado de doen�as cr�nicas, tamb�m melhoria das condi��es sanit�rias nos locais onde vivem essas pessoas, assist�ncia econ�mica e medidas educativas para promover a preven��o de doen�as nessas popula��es, que s�o as popula��es vulner�veis, que t�m menor acesso � sa�de, � educa��o e, dessa forma, diminuir o impacto de doen�as infecciosas nessas popula��es
Viviane Alves, professora de microbiologia na UFMG

"Racismo � um limitador de acesso"
Entidades do movimento negro v�m reivindicando a inclus�o do quesito cor em formul�rios de sa�de, ao menos desde os anos 1990, com a inten��o de produzir melhores informa��es sobre comorbidades que acometem essa popula��o e pensar solu��es e propostas de pol�ticas p�blicas que venham a melhorar a condi��o de vida geral da popula��o.
 
A partir da eclos�o da pandemia do coronav�rus, esse pedido foi refeito, organiza��es do movimento negro entraram na justi�a exigindo que o Governo Federal colocasse o quesito cor nas certid�es de �bito e outros dados de sa�de da popula��o acometida, mas o Governo acabou recorrendo e isso acabou n�o acontecendo. 

Essa negativa do governo revela essa tentativa constante de negar a import�ncia do racismo como um dos limitadores do acesso � sa�de da popula��o negra e isso vai dificultar muito a��es e medidas que podem vir a ser tomadas daqui por diante no enfrentamento dos efeitos que a pandemia pode ter nessa popula��o daqui por diante.
Cristiano Rodrigues, professor de Ci�ncia Pol�tica da UFMG

"Crescimento da doen�a afeta a periferia"
Aprovamos o projeto de lei na Assembleia Legislativa para registrar o recorte de ra�a e cor nas pessoas que foram contaminadas pela COVID-19. � extremamente importante que a gente conhe�a as caracter�sticas daqueles que est�o sendo contaminados para que n�s possamos apresentar solu��es de fato que possam minimizar ou impedir o crescimento da contamina��o no nosso estado.

O crescimento tem aumentado principalmente na periferia onde est�o a maioria de negros e negras, que s�o as pessoas  que tem caracter�sticas de comorbidades, que amplia ainda mais a contamina��o, porque s�o pessoas que j� tem doen�as tropicais como diabetes, hipertens�o, anemia falciforme, que complica ainda mais a contamina��o por doen�as respirat�rias. 

S�o tamb�m elas trabalhadoras, informais, que n�o puderam parar de trabalhar, que tamb�m est�o nos trabalhos essenciais, como limpeza urbana, como as enfermeiras, como as empregados dom�sticos, todos esses n�o puderam ter isolamento social e muito menos t�m condi��es de manter a prote��o e insumo para prote��o dela e de sua fam�lia. 
Deputada estadual Andr�ia de Jesus, autora do projeto de lei para incluir dados de ra�a e cor nos n�meros da Covid-19

"Popula��o negra tem maior taxa de mortalidade"
Quando a gente vai olhar o perfil �tnico da doen�a a gente v� que a maior parte dos �bitos  se concentra na popula��o negra, que s�o os pretos e pardos, enquanto que a maior parte das notifica��es se concentra na popula��o branca. Mas quando voc� vai considerar a popula��o negra ela est� representada, na maior parte, dentro dos �bitos, em rela��o � notifica��o. Ent�o � interessante voc� ver que a popula��o negra tende a ter uma taxa de mortalidade maior do que a popula��o em geral. Isso precisa ser estudado.

O v�rus � “democr�tico”, qualquer um est� potencialmente sujeito a pegar a doen�a, s� que o acesso aos recursos de sa�de � que n�o s�o iguais; a� voc� tem uma diferen�a importante.

Nos Estados Unidos algumas popula��es, algumas cidades j� viram isso, que quase 70% da mortalidade em algumas cidades s�o na popula��o perif�rica, popula��o de baixa renda, popula��o de comunidade, de gueto, popula��o negra est�  representada em grande parte nesse n�mero.

E se a gente for pensar que quase 70% de popula��o que usa exclusivamente o SUS � popula��o negra, a gente tem um sistema �nico de sa�de que embora seja muito bom, do ponto de vista da concep��o e do acesso � sa�de, ele tem v�rias defici�ncias sobre financiamento, essa popula��o est� � merc� de um cuidado inadequado ou deficiente.
Euclides Cola�o, m�dico de fam�lia e comunidade e professor da PUC Minas em Po�os de Caldas

O que diz o governo de Minas
A assessoria do governador Romeu Zema informou que o projeto de lei, aprovado na ALMG, est� em an�lise.

A Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais respondeu que todos os sistemas de dados que coletam notifica��o de casos e �bitos (sistemas do Minist�rio da Sa�de preenchidos pelos munic�pios) cont�m o campo de “ra�a/cor”.

Como esses dados s�o pouco preenchidos, a secretaria emitiu nota t�cnica orientando correto preenchimento.

"Especificamente no cen�rio de pandemia, � muito importante que seja tra�ado um perfil sociorracial e �tnico mais detalhado sobre os impactos da pandemia na popula��o", diz o comunicado da assessoria de imprensa.


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