
Em nota, a UFRJ lembra que at� 2019 o uso da a��o afirmativa se dava apenas pela autodeclara��o, mas que em 2020, uma comiss�o interna de "heteroidentifica��o" passou a fazer um pente fino nos processos de matr�cula.
A institui��o alega tamb�m que a mesma comiss�o conduzir� uma revis�o dos alunos j� com o curso em andamento, a partir de den�ncias recebidas por sua ouvidoria.
"Caso se comprove a fraude, a Universidade toma as provid�ncias legais cab�veis, em conson�ncia com o Minist�rio P�blico Federal (MPF), caso a caso, podendo levar ao cancelamento da matr�cula daqueles cuja fraude foi constatada", anunciou.
Nas redes, houve quem defendesse o movimento, inclusive um dos alunos expostos pelo grupo. "Sou eu. Eu sei que j� fiz merda, e n�o escondo minha cara por isso. A� eu tinha 16 anos. E depois sa� da faculdade, abandonei essa matr�cula e reingressei com outro Enem e uma regular. Ja sofri retalia��o e exposi��o desde o in�cio e acho que isso � necess�rio mesmo pra que n�o se repita hoje", escreveu publicamente Ruan Carlos, estudante de direito da Universidade Federal Fluminense, de Niter�i, no Rio de Janeiro.
"Isso n�o � um segredo, eu j� fui exposto desde o in�cio e � por poder ter conversado com as pessoas e ter entendido que eu tinha feito merda, que eu abandonei a vaga", completa.
O Fraudadores de Cotas acabou sendo duramente criticado por, entre as pessoas expostas, denunciar uma estudante de origem ind�gena. "Eu tenho aldeia, eu tenho foto, eu tenho v�deo, eu tenho documentos, eu t� na Funai! Eu n�o posso pintar cabelo n�o, �?", disparou Larissa S�, estudante de medicina na Universidade Federal do Maranh�o.
A garota compartilhou ainda que, em seu processo de admiss�o, teve candidatura indeferida porque uma banca n�o acreditou que ela fosse ind�gena, o que foi provado por documentos familiares e cadastro na Funai.
"Precisamos de voz, precisamos ser ouvidos e melhores interpretados. N�o s� a cota ind�gena. Ser ind�gena � quest�o de pertencimento e n�o de fen�tipo. As pessoas precisam se educar intelectualmente para assim educar o cora��o e parar de espalhar �dio", concluiu.
Apesar de ter sido removida, a conta inspirou a cria��o de c�pias locais relacionadas a dezenas de universidades do pa�s.
O movimento de exposi��o preocupa defensores dos direitos humanos quanto ao poss�vel uso pol�tico do fato para colocar em xeque novamente a exist�ncia das pr�prias cotas, defendida por especialistas de v�rias frentes como um dos aceleradores necess�rios para a diminui��o da desigualdade social no Brasil.
Averigua��es n�o s�o de hoje
Casos de cria��o de bancas examinadoras para verificar se estudantes burlaram o sistema seletivo volta e meia retornam �s manchetes.
A Universidade de Bras�lia (UnB), depois de cinco anos sem trabalho sistem�tico de averigua��o, ap�s den�ncias, montou uma comiss�o para investigar 100 alunos de seus cursos em 2017, justamente por v�rios deles n�o terem caracter�sticas fenot�picas de negros ou ind�genas, mas terem se autodeclarado como membros desses grupos.
A Universidade do Cear� (UFC), por sua vez, decidiu cancelar a matr�cula de 13 estudantes beneficiados pelas cotas para negros, pardos e ind�genas, no segundo semestre de 2019 e investiga outros 20 v�nculos neste ano, sendo a maioria relacionada aos cursos de medicina e direito.
A investiga��o foi aberta em 27 de fevereiro e os alunos com matr�culas canceladas podem continuar o curso em outras universidades ou voltar � institui��o de ensino se aprovados em nova sele��o por via regular.
De acordo com o jornal cearense O Povo, v�rios deles tinham cursado mais de 50% da grade regular e seis j� conseguiram liminar judicial para serem reintegrados.