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Estado de Minas IMUNIZA��O

COVID-19: um em cada quatro brasileiros n�o tem certeza se tomar� vacina, mostra pesquisa

Maior �ndice de hesitantes est� na faixa et�ria dos 25 aos 34 anos e segue a religi�o evang�lica


06/09/2020 16:00 - atualizado 06/09/2020 20:01

Entre as justificativas estão teorias como a implantação de um chip por meio da vacina e até a hipótese de que o produto seria feito com fetos abortados(foto: Pixabay)
Entre as justificativas est�o teorias como a implanta��o de um chip por meio da vacina e at� a hip�tese de que o produto seria feito com fetos abortados (foto: Pixabay)
Enquanto milh�es em todo o mundo torcem para a r�pida aprova��o de uma vacina contra a COVID-19, um em cada quatro brasileiros resiste � ideia de tomar o imunizante quando ele for registrado. � o que mostra uma pesquisa in�dita da ONG Avaaz feita pelo Ibope e � qual o Estad�o teve acesso exclusivo.

Mil pessoas foram entrevistadas entre 27 e 29 de agosto em todas as regi�es do Pa�s. Do total de participantes, 75% disseram que tomar�o a vacina com certeza, 20% afirmaram que talvez tomem e 5% relataram que n�o receber�o o imunizante de jeito nenhum – o que indica, portanto, 25% de recusa ou incerteza sobre a imuniza��o.

A margem de erro da pesquisa � de tr�s pontos porcentuais, para mais ou para menos.

Houve maior �ndice de hesitantes na faixa et�ria dos 25 aos 34 anos (34%) e entre pessoas da religi�o evang�lica (36%). N�o houve diferen�a significativa das respostas segundo sexo, ra�a/cor, escolaridade e renda.

O Ibope tamb�m buscou saber as raz�es para a recusa ou desconfian�a na vacina. Entre as principais est�o d�vidas quanto � seguran�a e � efic�cia do imunizante, al�m de teorias da conspira��o das mais diversas, como a de manipula��o gen�tica ou implanta��o de um chip por meio da vacina e at� a hip�tese de que o produto seria feito com fetos abortados.

Tais narrativas – sem nenhuma evid�ncia cient�fica e j� desmentidas por ag�ncias de checagem – s�o comuns em postagens nas redes sociais que propagam fake news.

Fake news no Facebook


Para Laura Moraes, coordenadora de campanhas da Avaaz no Brasil, a dissemina��o de desinforma��o sobre COVID-19 j� est� amea�ando uma eventual pol�tica de vacina��o contra o coronav�rus.

"Os n�meros da pesquisa s�o assustadores. Mostram que, antes mesmo de termos uma vacina aprovada, alguns grupos j� est�o articulados nas redes para espalhar informa��es falsas, sem embasamento te�rico ou cient�fico, que colocam medo nas pessoas", disse.

O medo �, de fato, um dos principais recursos das postagens contr�rias � vacina. O Estad�o acompanhou nas �ltimas semanas dois dos maiores grupos antivacina no Facebook. Juntos, eles t�m 22 mil seguidores.

Al�m das teorias j� mencionadas, s�o comuns fotos de beb�s com doen�as supostamente atribu�das � vacina��o, sem nenhuma comprova��o da rela��o.

Tamb�m � frequente o compartilhamento de v�deos com falas de supostos especialistas estrangeiros alertando sobre riscos do imunizante.

Faz parte da estrat�gia ainda realizar montagens sobre imagens de canais de TV, mantendo os apresentadores e alterando o conte�do da tela para uma mensagem alarmista contra a vacina��o.

"Por mais que essas publica��es pare�am absurdas pelos filtros racionais, elas tentam mexer com a emo��o das pessoas. Quando colocam supostos especialistas estrangeiros, buscam mais credibilidade e apostam no fato de que a checagem desses conte�dos � mais dif�cil", diz Jo�o Henrique Rafael, analista de comunica��o do Instituto de Estudos Avan�ados da USP de Ribeiro Preto e idealizador da Uni�o Pr�-Vacina, coaliz�o que atua no combate � desinforma��o sobre imuniza��o.

O grupo observou aumento nas postagens contra a vacina da COVID-19 nos dois grupos do Facebook monitorados. Em maio, foram 18 publica��es. Em julho, o n�mero subiu para 87.

Para Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imuniza��es (SBIm), nem todos os que resistem � vacina��o s�o participantes de movimentos antivacinas ou negacionistas da ci�ncia.

Em grande parte dos casos, diz ela, os hesitantes t�m d�vidas comuns sobre o processo de desenvolvimento de um imunizante. "� uma vacina nova, que est� sendo desenvolvida em tempo recorde, � normal as pessoas terem d�vidas", diz.

Para os especialistas, � preciso que governos, comunidade cient�fica e plataformas de tecnologia melhorem a comunica��o com a popula��o para esclarecer as d�vidas, diminuindo, assim, a lacuna ocupada hoje por pe�as de desinforma��o.

Bolsonaristas impulsionam desinforma��o


Nas redes sociais, teorias conspirat�rias sem nenhum v�nculo com a realidade alimentam a propaga��o de falsas alega��es sobre a seguran�a e os efeitos das vacinas.

Antes restritos a certos nichos, os rumores sobre o tema ganharam impulso no Brasil gra�as � estrat�gia bolsonarista de politizar o debate em torno da pandemia da pandemia. 

Desde que o novo coronav�rus chegou ao pa�s, o Estad�o Verifica, n�cleo de checagem de fatos do Estad�o, j� publicou desmentidos sobre 27 boatos infundados sobre o tema – parte desse trabalho foi feito em parceria com o projeto Comprova, coaliz�o de ve�culos de m�dia que combate a desinforma��o nas redes sociais.

O monitoramento das redes, uma das etapas do trabalho de checagem, aponta um salto no volume de publica��es antivacina depois da declara��o do presidente Jair Bolsonaro de que ningu�m ser� obrigado a se imunizar contra a COVID-19.

O universo das campanhas de desinforma��o contra as vacinas � multifacetado. Nele est�o desde grupos que celebram a "medicina alternativa" e encaram com desconfian�a tudo o que vem da ind�stria farmac�utica at� movimentos claramente alinhados a grupos pol�ticos.

Em mar�o, perfis de redes sociais alinhados � esquerda espalharam a informa��o falsa de que Cuba teria inventado uma vacina contra COVID-19. Foi uma forma de usar a pandemia para fazer propaganda ideol�gica do regime comunista adotado pela ilha caribenha.

Do lado direito do espectro pol�tico, os rumores s�o mais numerosos e variados, mas quase sempre com tra�os em comum: discurso "antissistema" e desprezo � ci�ncia.

Xenofobia


O bilion�rio Bill Gates � alvo frequente da ala mais � direita. No in�cio de agosto, circulou no Facebook uma postagem que relacionava o fundador da Microsoft a um projeto para "alterar o DNA" das pessoas com vacinas, com o objetivo de "escravizar a humanidade".

Simpatizantes de Bolsonaro costumam associar a pandemia a uma estrat�gia chinesa de domina��o mundial. Esses grupos tamb�m impulsionam boatos e teorias falsas sobre as vacinas que a China busca produzir contra a doen�a.

Na segunda semana de agosto, um dos boatos desmentidos pelo Estad�o Verifica afirmava que a "vacina chinesa" cont�m nanochips que ser�o injetados na corrente sangu�nea das pessoas para monitorar sua localiza��o por meio da tecnologia de conex�o m�vel 5G.

A chamada vacina de Oxford, feita na Inglaterra, n�o escapou dos ataques. Um deles procurou estabelecer um elo entre o combate � pandemia e a pr�tica do aborto - tema que costuma inflamar grupos religiosos. No fim de julho, um texto enganoso espalhado principalmente pelo Twitter insinuava que a produ��o do medicamento inclu�a c�lulas de fetos abortados.

Aval por grupos antivacina


A declara��o dada nesta semana pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a n�o obrigatoriedade da vacina da COVID-19 movimentou grupos nas redes sociais contra os imunizantes.

Um dos integrantes desses grupos criou um abaixo-assinado pedindo a revoga��o da obrigatoriedade das vacinas, que existe apenas para crian�as no pa�s.

"Esses grupos enxergaram como um aceno a fala do presidente e a posterior publica��o da Secom (Secretaria de Comunica��o do governo federal, que endossou a fala de Bolsonaro em um post nas redes sociais)", diz Jo�o Henrique Rafael, analista de comunica��o do Instituto de Estudos Avan�ados da USP Ribeir�o Preto e idealizador da Uni�o Pr�-Vacina.

"Os grupos que h� mais tempo se posicionam contra vacinas nas redes s�o poucos e n�o t�m grande engajamento. A diferen�a agora � que o tema foi sequestrado pela pol�tica. Boatos contra as vacinas est�o muito associados a grupos que se alinham politicamente a quem � contra a vacina, que defendem liberdades individuais acima do bem-estar coletivo ou que ainda negam a exist�ncia da pandemia", diz S�rgio L�dtke, editor do projeto Comprovacoaliz�o de 24 ve�culos de imprensa, incluindo o Estad�o, que checa e desmente boatos nas redes sociais.

 As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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