
Agosto e setembro em chamas. As condi��es clim�ticas desse per�odo t�pico de estiagem favorecem o aumento de
inc�ndios
florestais em
Minas Gerais
. Os bombeiros militares atenderam mais de 12 mil ocorr�ncias ao longo do ano, nas quais focos se alastraram pela vegeta��o, destruindo a biodiversidade levando riscos a �reas urbanas e perigo para os brigadistas em meio � fuma�a.
Na linha de frente dessas batalhas, Leonan observa que a maioria dos inc�ndios ocorre onde h� moradores. Para o militar, todas as �reas pr�ximas de grandes coberturas vegetais que tenham contato direto com a comunidade s�o pontos cr�ticos de in�cio dos inc�ndios. Apesar de esse tipo de combate ser uma atividade inerente ao trabalho do bombeiro, o tenente acredita que a solu��o seria refor�ar os trabalhos que visam � educa��o envolvendo os perigos do fogo a longo prazo.
Como tem sido o combate na Serra da Moeda?
Os militares foram pra l� no s�bado. Temos em torno de 10 equipes entre brigadistas e bombeiros militares na inten��o de mitigar e quebrar essa linha pra gente conseguir fracionar o inc�ndio em outros menores. As principais a��es foram direcionadas � prote��o de resid�ncias. Uma equipe fica por conta da prote��o da rodovia. No topo da serra, a gente tamb�m deslocou uma das equipes para combate na parte alta. � um local de muito dif�cil acesso, de grande risco, onde qualquer descuido, qualquer intercorr�ncia, pode ser fatal. Por isso, nesses locais a gente distribuiu a tropa especializada em inc�ndio ambiental. Hoje (ontem) a gente vai implementar a nova fase, de combate noturno, com cerca de 15 militares.
Como o senhor se sente em rela��o a esse tipo de ocorr�ncia, com a viv�ncia do trabalho �rduo de combate ao fogo?
A gente tenta introduzir pol�ticas p�blicas de preven��o. � muito covarde um palito de f�sforo t�o pequeno causar um estrago t�o grande a tantas pessoas, gastar tanto recurso p�blico que poderia ser empregado em melhorias para a comunidade. Durante todo esse tempo chegamos a conclus�o que o combate vai acontecer, mas se a gente n�o trabalhar a educa��o ambiental, procurar mudan�as na cultura da utiliza��o do fogo, a gente vai caminhar para um ponto que n�o vai ter retorno. Vamos destruir todo ecossistema.
O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais est� preparado para o combate aos grandes inc�ndios?
Sim. Os inc�ndios florestais s�o previs�veis. H� um per�odo muito bem delimitado relacionado a essas ocorr�ncias, que � o da estiagem. Nesse per�odo, a gente mobiliza o maior n�mero de militares. Em todo estado, a gente limita o n�mero de f�rias, fazemos manuten��o pr�via das viaturas. Tamb�m temos n�cleos especializados em todas as unidades do Corpo de Bombeiros. O principal fator que vai limitar a nossa atua��o � a quantidade de inc�ndios ocorrendo ao mesmo tempo. A gente consegue mobilizar. Por�m, se a popula��o n�o nos ajudar a impedir esses inc�ndios, claramente vai chegar um ponto em que n�o d�. � imposs�vel atender todos.
Como � o planejamento da corpora��o para esta �poca do ano?
Toda unidade tem pelo menos cinco militares especialistas em coordena��o desses inc�ndios. Esses militares, durante o per�odo de ‘normalidade’, como chamamos o primeiro semestre, fazem v�rios levantamentos, de quantidade e densidade de vegeta��o, mapeamento de estradas, trilhas, pistas, locais de dif�cil acesso e de capta��o de �gua, justamente para, nesse per�odo que passamos agora, a gente ter todas essas informa��es prontas para que as equipes em campo possam dar o melhor combate poss�vel nas �reas de preserva��o e nas �reas de relevante interesse social. Nesse sentido, com todo esse alinhamento e geoprocessamento, a gente consegue se mobilizar muito mais r�pido, inclusive os brigadistas.
Os bombeiros de Minas t�m equipamentos suficientes para os combates?
Temos sim. Viaturas, caminh�es que transportam �gua, aeronaves. Chega muito equipamento novo de alta tecnologia, principalmente usados na Europa, que s�o utilizados em inc�ndios semelhantes aos daqui. Temos importado algumas tecnologias focados nessas quest�es de controle do fogo e preven��o. Anem�metros, por exemplo, que s�o aparelhos que aferem a velocidade e dire��o do vento. E outros equipamentos de combate.
"A gente consegue mobilizar. Por�m, se a popula��o n�o nos ajudar a impedir esses inc�ndios, claramente vai chegar um ponto em que n�o d�. � imposs�vel atender todos"
O que � o Decreto Estadual 47.919, de 17 de abril de 2020, que regulamenta o uso de fogo? Como tem funcionado na pr�tica?
O Decreto do Fogo vem dizendo que, a fim de preven��o, pode ser feita queima controlada. Isso quer dizer que, quando passa um, dois, ou tr�s anos que a vegeta��o n�o � incendiada, ela acumula uma quantidade de combust�vel muito grande. Quando esse combust�vel pega fogo, causa um grande inc�ndio florestal. O cerrado por exemplo, � adaptado ao fogo, mas n�o como as pessoas costumam utiliz�-lo.
Em Belo Horizonte, quais s�o os locais com mais ocorr�ncias?
Belvedere, Luxemburgo, Parque Estadual Serra Verde. Neste ano, todos eles j� tiveram pelo menos uma ocorr�ncia. O Serra Verde, ano passado, sofreu com um inc�ndio que destruiu grande parte do parque. Neste ano j� atendemos novamente e � muito importante para aquela regi�o e para preserva��o da nossa biodiversidade. O complexo dos tr�s parque pr�ximos � Pra�a do Papa tamb�m � problem�tica: Serra do Curral, Parque das Mangabeiras e Parque da Baleia. Todos eles muito pr�ximos de comunidades.
O que o senhor recomenda para a popula��o poder ajudar no trabalho de preven��o?
Primeiro, n�o utilizar fogo nesta �poca do ano porque tem muito vento e a temperatura est� elevada. Qualquer fagulha pode viajar at� quil�metros. Outro cuidado � n�o fazer fogueira durante acampamentos e evitar fogos de artif�cio.