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Estado de Minas PANDEMIA

P�s-COVID-19: recuperados contam como as sequelas ainda afetam suas vidas

Entre os que venceram a doen�a ao longo do primeiro ano de enfrentamento da pandemia, h� hist�rias de supera��o e tamb�m ensinamentos


03/01/2021 10:24

(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
A descri��o do processo de recupera��o da COVID-19 como uma batalha � precisa, especialmente, para aqueles que enfrentaram a doen�a em sua forma mais grave e dilacerante. Entre os mais de 242 mil moradores do Distrito Federal que venceram a doen�a ao longo do primeiro ano de enfrentamento da pandemia, h� hist�rias de supera��o e tamb�m ensinamentos.

Rodrigo Souza, 37 anos, t�cnico de monitoramento de redes da Imprensa Nacional, relata que o corpo ainda traz algumas marcas da covid-19. No dia do anivers�rio, no fim de junho, ele foi ao hospital sentindo sintomas leves, como tosse e coriza. Fez o exame PCR e retornou para casa, mas a falta de ar o levou novamente � unidade de sa�de.

Com o diagn�stico positivo para o novo coronav�rus e a oxigena��o do sangue oscilando muito, precisou ser intubado. “Eu havia ido para o hospital achando que retornaria para casa logo depois. Comecei a contar at� 10 de tr�s para frente e me lembro apenas de acordar 22 dias depois. Ao todo, foram 65 dias internado”, afirma o morador de �guas Claras. “Acordei com efeitos do rem�dio e da seda��o ainda, sem saber direito o que estava acontecendo. Tinha dias em que n�o reconhecia meus pais”, relata.

Em 3 de setembro, ele recebeu alta, ap�s pouco mais de dois meses no hospital. Voltou para casa com 12kg a menos e ainda longe de contemplar a vit�ria sobre a covid-19. “Comecei a fazer fisioterapia respirat�ria e motora em casa. Depois, foram mais 10 sess�es na cl�nica. O v�rus afetou a parte neurol�gica dos m�sculos das minhas pernas. Sinto at� hoje dorm�ncia na ponta dos p�s e no calcanhar, o que atrapalha meu equil�brio ao andar. Fa�o fisioterapia duas vezes por semana no Hospital Anchieta e reabilita��o neurol�gica no Hospital Sarah, tamb�m duas vezes por semana”, enumera.

Em decorr�ncia do longo per�odo que passou deitado na cama do hospital, Rodrigo desenvolveu �lceras por press�o na regi�o do calcanhar e na parte inferior ao c�ccix. “Tenho tomado suplementos especiais e feito troca dos curativos semanalmente, j� est�o quase completamente recuperadas. O importante � que estou vivo”, reflete. “� um v�rus novo, ningu�m sabe muito sobre ele ainda, e as sequelas s�o in�meras. Comecei a ter zumbido no ouvido. Fui ao otorrino e fiz v�rios exames, mas est� tudo normal, deve ser consequ�ncia da covid. Tamb�m tenho tido dores de cabe�a todos os dias, era raro eu ter. Costumava ser uma pessoa calma e, desde que peguei o v�rus, tenho tido crises de ansiedade e de p�nico, al�m de ins�nia, que trato com acupuntura. Hoje, passo mais tempo em cl�nicas e hospitais do que em casa”, pontua.

Crise de p�nico e ansiedade tamb�m assombraram a fisioterapeuta Patr�cia Souza Oliveira, 38, que trabalha na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Regional de Ceil�ndia (HRC). “Fui uma das primeiras (pessoas) a ter a doen�a, da equipe de sa�de do hospital. No s�bado, 2 de maio, estava no plant�o com calafrios e dor no corpo. Fiz sorologia para a dengue e deu negativo. Na quarta-feira, n�o acordei bem, fa�o atividade f�sica e, nesse dia, em uma aula pelo zoom, n�o aguentei cinco minutos, com falta de ar. Comecei a desconfiar que poderia ser covid-19. A� veio o resultado do exame PCR”, conta a profissional da sa�de. “Era tudo muito novo. Fizeram uma tomografia e o resultado mostrou o comprometimento do pulm�o de moderado a grave e precisei ficar internada. Foram quatro dias e tr�s noites na UTI que pareceram uma eternidade.”

Para ela, o primeiro dia de interna��o foi o mais dif�cil. “Tinha mais cinco pessoas internadas comigo e quatro estavam intubadas. Foi desesperador. N�o sabia se a pr�xima (a ser intubada) seria eu”, recorda Patr�cia, que mora em �guas Claras com o marido. “A ang�stia era maior pelo meu esposo, de n�o saber se ele estava com a covid-19. Ele � asm�tico, ent�o eu fiquei bastante preocupada como seria para ele. Depois, quando recebi alta, foi que descobri que ele tamb�m teve a doen�a, mas com sintomas mais leves, como perda do paladar, do olfato e um pouco de falta de ar. Ele manteve o isolamento em casa com o acompanhamento m�dico � dist�ncia”, destaca a fisioterapeuta que, depois de ter alta, apresentou dificuldade para respirar.

Natural do Rio Grande do Sul, passar por esse momento longe da fam�lia tamb�m teve um impacto na vida de Patr�cia. “Tento manter o contato por videochamada, conversar com eles mesmo atrav�s de uma tela. Dar conselhos, orient�-los e consol�-los. Quando foi decretada a pandemia, eu estava com eles, era anivers�rio dos meus pais. E, desde ent�o, n�o os vejo”, conta. Toda a situa��o a fez refletir sobre a forma como se relaciona com as pessoas. “Comecei a priorizar mais a fam�lia, mesmo distante. Sou muito mais presente agora do que era antes da pandemia, aprendi a valorizar as pequenas coisas.”

Sa�de mental

Os efeitos psicol�gicos de quem enfrentou o novo coronav�rus e dos familiares e amigos que perderam algu�m pela doen�a s�o diversos. A psic�loga Larissa Polejack, professora do curso de psicologia e diretora de Aten��o � Sa�de da Comunidade Universit�ria (Dasu) da Universidade de Bras�lia (UnB), explica que o medo � um dos sentimentos mais comuns em pacientes com a covid-19. “Qualquer pessoa que recebe o diagn�stico positivo, mesmo que n�o esteja agravado, experimenta o medo, a ansiedade, porque � uma doen�a trai�oeira, n�o a conhecemos bem, e pode se agravar rapidamente”, pontua.

A ang�stia � frequente para quem fica internado e para os familiares que esperam, com o cora��o apertado, informa��es do quadro de sa�de. “Nos casos em que a pessoa � intubada, a quest�o � mais complexa. Ela entra em estado de inconsci�ncia e n�o sabe o que est� acontecendo e, quando retorna, h� sensa��o muito grande de estranhamento, porque n�o sabe dia, hora nem o que aconteceu”, explica Larissa. “� uma concretiza��o da vulnerabilidade do ser humano, porque experimenta uma quase morte, e o impacto disso � muito grande. A pessoa se sente pequena diante da vida. Mas, por outro lado, h� o sentimento de gratid�o por ter voltado”, analisa.

A psic�loga chama a aten��o para a import�ncia de um olhar mais atento para a sa�de mental das pessoas, mesmo no p�s-pandemia, com a chegada das vacinas. “Entendo que, desde o in�cio, deveria haver a��es de preven��o e promo��o para o cuidado com a sa�de mental, porque o impacto emocional � muito grande. E, se n�o cuidarmos, haver� sequelas emocionais depois da pandemia”, destaca Larissa Polejack.

Ajudar como for poss�vel

Um manual de exerc�cios respirat�rios para quem est� com falta de ar. Essa foi a maneira que o educador f�sico e personal trainer Rodrigo Resende (foto), 31 anos, morador do Lago Norte, encontrou para ajudar quem tem ou teve a covid-19. “S�o exerc�cios de diafragma, de mobilidade tor�cica e para o movimento da respira��o ficar melhor, que podem ser feitos deitado”, elenca. Rodrigo teve COVID-19 entre o fim de novembro e o in�cio de dezembro, de maneira moderada. N�o precisou ser internado, mas passou alguns dias sentindo muitas dores no corpo.

“Fiquei bem mal, parecia que tinha sido atropelado. Sentia dor atr�s dos olhos. Fiquei dois dias de cama, levantava s� para o b�sico, perdi 8kg. E olha que sou atleta! N�o tem nada a ver o que dizem que atleta n�o pega covid”, relata. Ele esclarece que o manual n�o elimina a necessidade de atendimento m�dico. Uma p�gina na internet, ainda em constru��o, disponibilizar� o conte�do, gratuitamente, em e-book.


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