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Estado de Minas CHECAMOS

Checamos afirma��es sobre m�scaras, distanciamento, lockdown e vacina

Veja o que � verdade ou mentira sobre a guerra contra a COVID-19


06/01/2021 20:21 - atualizado 08/01/2021 09:35

Um meme que soma mais de 19 mil intera��es nas redes sociais ao menos desde setembro de 2020 questiona a ado��o de algumas das medidas mais importantes de conten��o da pandemia de covid-19 - uso de m�scaras, distanciamento social e isolamento - e, por fim, pergunta o motivo pelo qual as vacinas ser�o aplicadas, se as provid�ncias anteriores funcionam. Mas isso n�o procede, pois tratam-se de a��es complementares e, segundo os especialistas consultados pela AFP, a conten��o da pandemia depende de um imunizante.

“Se as m�scaras funcionam, porque os 2 metros? Se os 2 metros funcionam, porque as m�scaras? Se ambas funcionam, porque o lockdown? Se os tr�s funcionam, porque a vacina? Se a vacina � segura, porque uma cl�usula de ‘n�o responsabilidade’ para as ind�strias farmac�uticas?”, questionam as publica��es, compartilhadas milhares de vezes no Facebook (1, 2, 3) desde 2020 e que continuam circulando este ano.

O meme com essas perguntas tamb�m foi encontrado no Instagram (1, 2, 3) e no Twitter (1, 2, 3), onde muitos usu�rios indicaram que esta seria uma forma de “continuarem com a farsa” ou que “o v�rus nem existe”.

Detectado no final de 2019 em Wuhan, na China, o novo coronav�rus j� infectou mais de 86 milh�es de pessoas e provocou mais de 1,8 milh�o de mortes no mundo.

As m�scaras e o distanciamento

A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) recomenda o uso de m�scaras neste documento, periodicamente atualizado, afirmando que faz parte de um grupo de “medidas de preven��o e controle para limitar a propaga��o do SARS-CoV-2, o v�rus que causa a covid. A m�scara sozinha, mesmo quando � usada corretamente, � insuficiente para proteger adequadamente ou controlar a fonte” da doen�a.

O organismo assinala que outras a��es preventivas s�o a higieniza��o das m�os, o distanciamento de pelo menos um metro, evitar tocar o rosto, ter uma ventila��o adequada nos ambientes fechados, a realiza��o de testes, quarentena e isolamento.

Nesse mesmo guia, a OMS cita um estudo publicado em junho de 2020 na revista cient�fica The Lancet no qual seus autores concluem que o distanciamento social, o uso de m�scara e de protetores oculares contribuem para diminuir o risco de contamina��o pelo coronav�rus.

Em dezembro, a Mayo Clinic publicou o resultado de uma pesquisa que confirmou a importante fun��o das m�scaras e do distanciamento a fim de reduzir o contato com part�culas possivelmente contaminantes a n�veis m�nimos, ajudando a frear a propaga��o da covid-19.

Para Fl�vio Fonseca, professor do Departamento de Microbiologia e pesquisador do Centro de Tecnologia em Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), “nenhuma medida isolada � 100% eficaz”.

Captura de tela feita em 5 de janeiro de 2021 de uma publicação no Facebook
Captura de tela feita em 5 de janeiro de 2021 de uma publica��o no Facebook

O m�dico infectologista do Hospital das Cl�nicas da Universidade de S�o Paulo (USP) Evaldo Stanislau falou ao Checamos no mesmo sentido: “As medidas s�o complementares. �s vezes s� o distanciamento n�o � suficiente porque se voc� tiver uma carga viral muito alta, ou se voc� estiver falando alto, cantando, gritando, eventualmente a part�cula pode ir bem longe, ent�o o distanciamento � uma medida essencial e importante, mas ele precisa da ajuda da m�scara”.

Os Centros para o Controle e Preven��o de Doen�as (CDC) dos Estados Unidos d�o uma orienta��o no mesmo sentido: “A m�scara n�o � um substituto para o distanciamento. As m�scaras devem ser usadas al�m de permanecer a pelo menos seis p�s [1,8 metro] de dist�ncia, especialmente em ambientes internos com pessoas com as quais n�o convive”.

� equipe de checagem da AFP no Brasil, Paulo Lotufo, epidemiologista e professor na Faculdade de Medicina da USP, explicou: “As m�scaras impedem muito mais que voc� transmita do que se infecte, o distanciamento � defensivo, dir�amos assim”.

Fonseca concorda: “Essa m�scara de tecido que a gente usa protege o pr�ximo porque se a pessoa que est� usando a m�scara tosse, espirra, ou mesmo quando ela fala, as got�culas de saliva que ela elimina ficam retidas na parte interior da m�scara. Por isso que � importante que as duas pessoas usem m�scara, porque uma protege a outra”.

Em outubro de 2020, o Instituto Pasteur de Montevid�u publicou uma sequ�ncia de tu�tes mostrando como cada medida adotada age como um “filtro” para evitar o cont�gio pelo novo coronav�rus usando o Modelo do Queijo Su��o.

Ante el aumento de casos de estos d�as, desde el @IPMontevideo alentamos a recordar que la curva la achatamos entre todos y que cada medida que utilicemos (correctamente) es un filtro que nos aleja del contagio. Funciona as�, como las fetas de un queso. M�s info en este #hilo: pic.twitter.com/U8lXAJPUIg
— Institut Pasteur Montevideo (@IPMontevideo) October 21, 2020

E � o que Stanislau ratifica: “Voc� precisa de medidas complementares, uma ou outra podem funcionar em situa��es definidas, mas como a gente n�o controla todos os fatores envolvidos, � melhor que a gente tenha uma e outra”.

Lockdown

De acordo com Fonseca, “o lockdown s� � decretado quando o n�mero de casos atinge um limite que come�a a colocar em risco a efetividade do sistema de sa�de de cuidar das pessoas doentes. Isso s� vai acontecer quando as interven��es n�o farmacol�gicas n�o forem adequadas, tendo um n�mero excessivo de casos”.

� o que est� acontecendo em diferentes pa�ses do mundo (1, 2, 3), que tentam conseguir leitos nos hospitais, mas que n�o est�o dispon�veis.

Sobre o lockdown, tanto Stanislau quanto Lotufo usam como exemplo o caso do Reino Unido, que em 5 de janeiro de 2021 deu in�cio ao terceiro confinamento para tentar conter uma onda de cont�gios por uma nova variante do coronav�rus muito mais transmiss�vel, segundo estudos cient�ficos.

Lotufo cita o confinamento imposto no Reino Unido como uma forma de reduzir “a mobilidade urbana, o problema maior do cont�gio, onde m�scara e distanciamento deixam de funcionar, como fica evidente no metr�”.

Para Stanislau, o lockdown � como “desligar a chave-geral” quando ocorre um curto-circuito.


“Quando a gente tem um curto-circuito na nossa casa e n�o sabe onde � o problema, o que faz? Desliga a chave-geral e depois vai procurar onde est� o problema. Lockdown � desligar a chave-geral. Voc� tem uma quantidade de casos t�o grande, uma circula��o viral t�o importante que voc� radicaliza: p�e as pessoas em casa por um per�odo m�nimo de duas semanas, que � o per�odo de incuba��o, para zerar, para detectar todo mundo que estiver doente e dali para frente come�ar a controlar os contatos”.

O m�dico infectologista do Hospital das Cl�nicas da USP ainda assinalou que o confinamento � uma medida extrema,  cuja inten��o principal � conseguir o “achatamento da curva” de contamina��o ao diminuir a circula��o do v�rus.

“E como voc� vai tentar retomar o controle na sa�da do lockdown? Com m�scara, com distanciamento, com higiene, com ar renovado e, no caso da Inglaterra, j� com vacina”, finalizou o especialista.

As vacinas contra a covid-19

As postagens viralizadas terminam perguntando o motivo pelo qual os indiv�duos deveriam se vacinar se as m�scaras, o distanciamento social e o lockdown funcionam. Al�m disso, questionam se os imunizantes s�o seguros, j� que as farmac�uticas teriam aplicado uma “cl�usula de n�o responsabilidade”.

Sobre a necessidade de vacinar a popula��o mesmo com as medidas anteriormente mencionadas, os especialistas concordam: para sair da pandemia os imunizantes s�o essenciais.

“O primeiro objetivo da vacina � que voc� n�o morra de covid-19, que n�o tenha a forma grave, e todo mundo que est� vacinado est� se protegendo das formas graves”, pontuou Stanislau, que continuou: “A vacina tem como finalidade uma prote��o coletiva, continuada, mantida, efetiva e controlada para atingir todos os objetivos: evitar a forma grave, evitar a infec��o e evitar o cont�gio de uma pessoa para outra pelo v�rus”.

Stanislau ainda assinala que a vacina��o � a �nica maneira da covid-19 n�o ser mais um problema de sa�de p�blica.

Para Lotufo, as a��es s�o complementares: “Somente iremos abandonar m�scaras e distanciamento quando houver uma propor��o de pessoas j� imunizadas”.

E � o que o presidente da SBV aponta: sem uma vacina contra a covid-19, “a gente teria que ficar o resto da vida em lockdown, com distanciamento e usando m�scara, e ningu�m quer isso”.

“S� existe uma pandemia, uma epidemia, quando o v�rus est� circulando. A �nica forma de impedir a circula��o � impedir que as pessoas sejam infectadas. A vacina, dentro de uma a��o de sa�de p�blica, � a �nica e melhor alternativa para bloquear a transmiss�o de uma pessoa para outra, ou seja, para bloquear a pandemia”, assinalou � AFP.

A OMS, inclusive, tem uma p�gina em seu portal dedicada � explica��o das vacinas contra a covid-19.

Sobre a cl�usula de n�o responsabilidade, em meados de dezembro de 2020, diferentes meios de comunica��o publicaram mat�rias a respeito de uma reuni�o do ministro da Sa�de, Eduardo Pazuello, na qual ele mencionou que uma das desenvolvedoras da vacina, a Pfizer, queria total isen��o de responsabilidade em caso de efeitos adversos. 

O mesmo ocorreu nos Estados Unidos e no Reino Unido, que j� deram in�cio � imuniza��o de seus cidad�os.

Uma loja fechada em Liverpool devido ao lockdown imposto para conter a propagação da covid-19 na Inglaterra, em 5 de janeiro de 2020 (Paul Ellis / AFP)
Uma loja fechada em Liverpool devido ao lockdown imposto para conter a propaga��o da covid-19 na Inglaterra, em 5 de janeiro de 2020 (Paul Ellis / AFP)

Fonseca, pesquisador do CT de Vacinas da UFMG, indica que n�o h� medicamento ou vacina sem efeitos adversos, o que � listado nas bulas. “As vacinas que est�o sendo geradas para a covid-19 n�o t�m nada de diferente em rela��o �s vacinas ou aos medicamentos que j� existem. E assim como acontece nos rem�dios que a gente usa, e nas vacinas que a gente j� usa, as empresas produtoras desses medicamentos ou vacinas se eximem dos efeitos colaterais que j� est�o cobertos naquela bula, naquela ‘lista de preocupa��es’”.

E � o que Stanislau afirma sobre a cl�usula: “� um mecanismo de defesa que qualquer pessoa faz, com qualquer contrato, isso � uma coisa padr�o”.

Em resumo, as a��es citadas nas publica��es viralizadas n�o s�o excludentes, mas comp�em uma s�rie de medidas tomadas com o objetivo de conter a pandemia de covid-19.


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