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Estado de Minas VEJA V�DEO

M�dico de Manaus sobre pacientes na UTI: 'Todos fizeram tratamento precoce'

Pacientes contaram ao coordenador da UTI do Hospital Get�lio Vargas, de Manaus, que fizeram tratamento com ivermectina, azitromicina e cloroquina


15/01/2021 17:31 - atualizado 15/01/2021 18:39

Coordenador da UTI do Hospital Getúlio Vargas, em Manaus, Anfremon Neto(foto: Redes Sociais/Reprodução)
Coordenador da UTI do Hospital Get�lio Vargas, em Manaus, Anfremon Neto (foto: Redes Sociais/Reprodu��o)
Em meio � crise de desabastecimento de oxig�nio em Manaus, capital do Amazonas, a popula��o brasileira tenta encontrar culpados pelas mortes por COVID-19. O estado passa por um colapso pelo o aumento de casos, falta de equipamentos e leitos. Divididos em dois lados, alguns culpam o negacionismo e aqueles que preferiram “fechar os olhos” para as medidas de prote��o. Outros, culpam a neglig�ncia do governador do estado, Wilson Lima (PSC), e do prefeito David Almeida (Avante), e dizem que a falta de tratamento precoce levou manauaras para a morte. 
 
Em um v�deo publicado no Instagram, o m�dico Anfremon Neto, coordenador da UTI do Hospital Get�lio Vargas, em Manaus, relata os momentos vividos na �ltima quinta-feira (14/01). Segundo ele, n�o foi a falta de tratamento precoce que matou tr�s pacientes por falta de ar. 
 
 

Ele relata que assim que soube que a rede de oxig�nio tinha caido no hospital, saiu de casa e foi at� o local. “Quando cheguei l�, j� havia muita gente dentro da UTI e as equipes de v�rios andares foram chamadas para ajudar. Muitos m�dicos, muito mais do que o habitual. Logo que aconteceu, muito rapidamente, a equipe tentou fazer de tudo”, conta.

'Tentamos, na medida do poss�vel, deixar ningu�m sem oxig�nio. Fomos racionando de acordo com a capacidade de cada paciente'

Anfremon Neto, coordenador da UTI do Hospital Get�lio Vargas em Manaus



O m�dico ainda conta que viveu momentos desesperadores. Segundo ele, estar nessa situa��o foi uma das coisas mais dif�ceis de sua vida.

“Foi um momento desesperador. Muito desesperador. Muita gente chorando. Os pacientes morriam e n�o tinha muito o que fazer. De 27 pacientes, n�s perdemos 3. E cada uma dessas perdas chocou demais a equipe. � uma sensa��o de impot�ncia. Voc� sabe que o paciente precisa � de oxig�nio e � a �nica coisa que voc� n�o tem para ofertar.”
Segundo Anfremon Neto, Manaus vive “uma situa��o de caos” desde a reabertura do com�rcio e as aglomera��es de fim de ano. Ele tamb�m explica que percebeu mudan�as no v�rus. Para ele, agora a COVID-19 � mais agressiva e � “aniquiladora”.

“Os hospitais est�o todos lotados. Os hospitais particulares est�o quase todos com a urg�ncia fechada. Se voc� sofrer um infarto ou um acidente de carro, voc� est� 'ferrado', n�o tem mais para onde ir e se voc� conseguir, provavelmente voc� vai pegar COVID. Os hospitais est�o cheio de COVID”, relata.

Tratamento precoce


Segundo o m�dico, ele se sentiu ofendido ao escutar do ministro da Sa�de, Eduardo Pazuello, que Manaus s� se encontra em crise pelo fato dos pacientes n�o terem feito tratamento precoce. 

Na noite de quinta, o ministro participou de uma live com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e afirmou que entre as causas para o aumento da procura a unidades de sa�de e de demanda por oxig�nio, est� a “falta de aten��o da capital ao tratamento precoce”, com medicamentos sem comprova��o cient�fica, como a hidroxicloroquina.

Pazuello tamb�m disse que, pelo fato da Regi�o Norte do pa�s estar em per�odo chuvoso, a umidade sobe e causa complica��es respirat�rias.

Para  Anfremon Neto, a fala do ministro foi uma “sacanagem”. “Eu vejo cerca de 50 doentes por dia e eu sei que todos eles fizeram tratamento precoce. Todos eles tomaram azitromicina, ivermectina, anita e alguns hidroxicloroquina. Tem paciente que come�ou a tomar corticoide em casa, que nem mesmo � o mais ideal”, conta. 
 

'Isso � sacanagem com a gente. Sacanagem com os profissionais da sa�de'

Anfremon Neto, coordenador da UTI do Hospital Get�lio Vargas em Manaus

 

“Os doentes n�o s�o burros. As pessoas leem. N�o � falta de tratamento precoce. Isso � sacanagem com quem trabalha s�rio e t� fazendo alguma coisa para essas pessoas”, repete o m�dico durante o v�deo.
 
Apesar de ser recomendado pelo governo Bolsonaro, infectologistas alertam que o tratamento precoce n�o existe. A medida n�o � eficaz e n�o tem comprova��o ci�ntifica.  


Governo Bolsonaro e o negacionismo


Durante o v�deo, Anfremon Neto declara que votou em Jair Bolsonaro. Ele conta que apesar de ter apoiado o presidente durante as elei��es, nada justifica o negacionismo adotado por ele e pelas alas do governo durante a pandemia.

Durante a pandemia, Bolsonaro adotou um posicionamento negacionista, foi contra o lockdown e incentivou o uso de rem�dios sem comprova��o cient�fica para o tratamento da doen�a.

“Eu votei nesse governo atual e acho que tenho direito de criticar quem eu coloquei l� em cima. O nosso governo � negacionista com a pandemia. Banaliza tudo, relativiza tudo.”

Para o m�dico, o governo deveria parar de dizer que “t� tudo tranquilo e tudo bem” e come�ar a preparar  o pa�s para a segunda onda. “Se preparem para a segunda onda. Porque ela � devastadora, cruel e vai levar muitas vidas”, relatou.

 
Vacina


O m�dico fala brevemente sobre a vacina��o no Brasil. Segundo ele, � necess�rio que uma vacina seja aprovada, para que assim, o v�rus seja combatido. 

“Eu rezo para que a vacina saia o mais r�pido poss�vel. Eu acho que a �nica coisa que vai ser capaz de evitar que chegue nos outros estados”, explica. 
 

O caos retorna as ruas de Manaus 

O Amazonas, que j� tinha vivido dias de caos no in�cio da pandemia, voltou a entrar em uma situa��o ca�tica com a disparada de casos de COVID-19, falta de abastecimento e poucos leitos. 

Entre 1º e 11 de janeiro, foram registradas 1.979 novas interna��es pelo novo coronav�rus, contra 2.128 em abril de 2020 – pior m�s desde a chegada da pandemia.
 
At� quinta-feira (14/01), 427 pacientes das redes p�blica e privada de sa�de aguardavam um leito para interna��o, a maioria em Manaus, que concentra a maior parte das hospitaliza��es.

O �ltimo boletim epidemiol�gico, divulgado pelo governo estadual, aponta que a ocupa��o na UTI para COVID-19 � de 93,9% na rede p�blica da capital amazonense e de 86,73% na rede privada da cidade, o que representa uma m�dia geral de 90,4%. 
 
Os enterros de v�timas da COVID-19 tamb�m batem recordes: nos primeiros 10 dias de 2021 foram registrados 379, mais do que os 348 de maio. 

 
Lockdown 

Na tarde de quinta-feira, o governador Wilson Lima (PSC) anunciou um decreto que pro�be a circula��o de pessoas em Manaus entre 19h e 6h. Todas as atividades, exceto servi�os essenciais, tamb�m est�o proibidas.
 
*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Jo�o Renato Faria

 


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