
Apesar do iminente in�cio da vacina��o no Brasil, o assunto relacionado ao tratamento precoce continua cada vez mais ganhando espa�o nos debates a respeito do combate ao coronav�rus. Em Bras�lia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender medicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina, ivermictina e azitromicina no mesmo dia em que a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) aprovou o uso emergencial da CoronaVac e da AstraZenica. O uso dos rem�dios em quest�o n�o tem comprova��o cient�fica.
A discuss�o se acentuou nesta segunda-feira (18/1) no perfil no Instagram Casal.infecto, com mais de 75 mil seguidores, que mostrou uma pesquisa com v�rios pacientes de COVID-19 relatando terem tido v�rios efeitos colaterais ao aderir ao tratamento precoce. O perfil � controlado pelo casal de infectologistas de S�o Paulo, Danilo e Tassiana Falc�o. Os seguidores relataram complica��es como diarreia, disbiose, hepatite, intoxica��o por vitamina D, pancreatite medicamentosa e erup��es acneiformes.
T�cnicos da Anvisa j� havia afirmado no domingo (17/1) que n�o h� alternativas terap�uticas para tratar a COVID-19, contrariando o discurso defendido por Bolsonaro. “N�o desistam do tratamento precoce, n�o desistam. A vacina � para quem n�o pegou (COVID-19) ainda”, disse o presidente aos apoiadores, em frente ao Pal�cio da Alvorada, em v�deo divulgado pelo filho, Carlos Bolsonaro.
Entidades como a Organiza��o Mundial de Sa�de, a FDA (equivalente americana � Anvisa), a Sociedade Americana de Infectologia (IDSA) e o Instituto Nacional de Sa�de Norte-Americano (NIH) tamb�m haviam recomendado em junho do ano passado que os profissionais de sa�de n�o usassem cloroquina ou hidroxicloroquina em pacientes com a doen�a, exceto em pesquisas cl�nicas.
“Minha orienta��o � a mesma de todas as sociedades internacionais de infectologia. N�o existe evid�ncia de efic�cia no uso de qualquer medica��o no tratamento precoce de COVID-19. O que funciona na COVID-19 � um diagn�stico e uma monitoriza��o precoce. Infelizmente, n�o temos tratamento”, afirma a infectologista e epidemiologista Luana Ara�jo.
Segundo a m�dica mineira, os efeitos para um paciente que adere ao tratamento precoce s�o variados. “As drogas que t�m sido preconizadas s�o aquelas que de uma forma geral, para as indica��es que elas t�m, s�o relativamente in�cuas pelas doses e pelo tempo que elas s�o ocultas. Os pseudoesquemas que t�m sido utilizados sem evid�ncia para o tratamento precoce da COVID, por estarem com doses muito altas por tempo prolongado, podem levar desde a arritmia card�aca at� altera��es graves em �rg�os como o f�gado. Dependendo do hist�rico m�dico da pessoa, pode ter efeito neurol�gicos”.
Pol�mica na Sa�de
Apesar dos estudos sobre o tema, o Minist�rio da Sa�de, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, contrariou entidades de sa�de e recomendou desde maio do ano passado o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no combate � COVID-19 em casos leves ou graves quando m�dicos e paciente concordam com o tratamento. A nomea��o de Eduardo Pazuello para o cargo de ministro se tornou fundamental para a aprova��o do medicamento – seus antecessores, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich deixaram o governo depois de diverg�ncias a respeito do tema.
Na semana passada, a pasta fez um balan�o da entrega de insumos e equipamentos desde o in�cio da pandemia e confirmou que repassou aos estados um total de 5,8 milh�es de comprimidos de cloroquina, 458 mil de hidroxicloroquina e de 21,6 milh�es de Oseltamivir. Em Minas, foram distribu�das 407,5 mil cloroquinas, 1,5 mil de hidroxicloroquina e de 1,7 milh�o de Oseltamivir.