
O plano de imuniza��o come�ou com apenas seis milh�es de doses da Coronavac, importadas da China. Outros dois milh�es de doses do imunizante de Oxford, produzidas na �ndia, j� deveriam ter chegado. Mas, depois de dois adiamentos, o governo desistiu de fixar nova data para receber o produto. O volume dispon�vel n�o � suficiente nem mesmo para vacinar os profissionais de sa�de, que somam cinco milh�es de pessoas no Brasil.
O Instituto Butantan tem 4,8 milh�es de doses em fase final de produ��o, mas aguarda nova autoriza��o da Anvisa para uso emergencial. O pedido foi feito ontem. O �rg�o n�o recebeu novas remessas do Insumo Farmac�utico Ativo, o princ�pio ativo da vacina, importado da China.
"Temos um carregamento de mat�ria-prima pronto l� na China para ser despachado", afirmou o presidente do Butantan, Dimas Covas. "Estamos aguardando apenas a autoriza��o do governo chin�s para poder trazer e, assim, iniciar a 2ª etapa de produ��o. Mas dependemos da mat�ria-prima para poder continuar esse processo." Segundo ele, o problema � de ordem burocr�tica, sem detalhar.
O Butantan tem capacidade para fabricar um milh�o de doses por dia, segundo Covas. Mas, para isso, depende de insumos feitos pelo laborat�rio chin�s Sinovac que precisam ser importados. "A capacidade de produ��o foi atingida, mas precisamos dessa mat�ria-prima", disse Covas. A institui��o estimar que ainda demore dez meses para ter capacidade de produzir a vacina sem depender de insumos importados. Uma nova f�brica do Butantan est� em constru��o na zona oeste de S�o Paulo.
Covas n�o informou quantas doses poder�o ser feitas com a mat�ria-prima que aguarda importa��o. "Mil litros (da mat�ria-prima) d�o origem a um milh�o de doses", disse.
Oxford
J� Fiocruz nem come�ou a sua produ��o. A institui��o ainda n�o recebeu nenhuma remessa do IFA para a vacina de Oxford/AstraZeneca. O produto tamb�m vem da China. Em nota, a institui��o informou que a chegada dos insumos em janeiro ainda est� dentro do calend�rio contratual.
Por contrato, se a AstraZeneca n�o entregar o princ�pio ativo, deve fornecer as vacinas prontas. A farmac�utica diz que continua trabalhando na libera��o dos lotes de IFA, na China. Segundo Pazuello, o governo chin�s n�o est� sendo c�lere na libera��o da burocracia para a exporta��o das subst�ncias.
Sobre a importa��o de dois milh�es de doses prontas do imunizante de Oxford, plano que o governo previa executar no fim de semana, o ministro da Sa�de, Eduardo Pazuello, disse ontem que ainda n�o havia recbido "resposta positiva" sobre a compra. Sem citar uma data, ele disse que teve "sinaliza��o" de que o embarque vai se resolver nesta semana.
Especialistas concordam que, independentemente do ritmo, foi muito importante ter come�ado a campanha de imuniza��o, ainda que com muito poucas doses dispon�veis.
"Certas estrat�gias n�o podem ser postergadas. Estamos no auge do n�mero de novos casos e �bitos, qualquer estrat�gia com evid�ncia cient�fica deve ser implementada, mesmo que o ritmo da vacina��o n�o seja o ideal", afirmou o chefe do setor de infectologia da Unesp, Alexandre Naime Barbosa. "Esse � o pre�o que estamos pagando pela falta de planejamento por parte do governo federal."
Especialistas destacam que o governo n�o levou adiante as negocia��es com a Pfizer e a Moderna para a compra de imunizantes. Lembram tamb�m que, num primeiro momento, o Pa�s n�o quis entrar no cons�rcio da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) para a compra de vacinas e, por fim, quando decidiu participar, foi com apenas 10% das doses. Segundo explicou o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, � uma tradi��o brasileira fazer esse tipo de compra em pool. � uma forma a ganhar prefer�ncia dos fabricantes.
"Isso tudo nos coloca numa condi��o extremamente fragilizada, sobretudo diante do aumento de demanda global para todas essas f�bricas, como a da �ndia, que est�o com um cronograma altamente apertado em raz�o das pr�prias demandas internas e de outras externas", resume o virologista Fl�vio Guimar�es, da UFMG.
"Mais do que nunca, vejo como alternativa a continua��o do investimento brasileiro num imunizante nacional; temo que o fornecimento externo n�o v� oferecer a cobertura que precisamos", afirma ele.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.