
TrateCov, uma an�lise do aplicativo/site:
%u2014 Lucio Maciel (@luciofm) January 20, 2021
O usu�rio preenche uma s�rie de informa��es, como dados pessoais, doen�as pr�vias/comorbidades/dados cl�nicos, atividades fora de casa nas ultimas 2 semanas pic.twitter.com/bSo0FfbKZ2
dispon�vel na internet, na qual qualquer cidad�o, sem dificuldade, consegue simular seu pr�prio tratamento.
Sobretudo porque h� uma vers�o da ferramenta O app �, em tese, voltado exclusivamente ao uso de profissionais de sa�de, orientados a utiliz�-lo como auxiliar virtual na prescri��o de cinco drogas sem efic�cia contra o novo coronav�rus: hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina, azitromicina e doxiciclina. Na pr�tica, qualquer leigo pode preencher um formul�rio disponibilizado pelo governo federal e obter, nesse ambiente, uma 'sugest�o' de terapia.
A reportagem fez o teste. Depois do preenchimento de alguns dados pessoais e informa��es sobre o hist�rico de doen�as do paciente, o question�rio pergunta se o usu�rio esteve em lugares com potencial de aglomera��o nas �ltimas duas semanas e pede que ele assinale quais sintomas est� apresentando.
Diante de sintomas gen�ricos como diarreia, congest�o nasal e fadiga, o sistema indica terap�utica � base de uma lista de rem�dios, incluindo antibi�ticos, antivirais e suplementos alimentares, como sulfado de zinco.
Negativa
Curiosamente, nessa segunda-feira (18/1) o ministro da Sa�de, Eduardo Pazuello, negou que a pasta tenha recomendado qualquer rem�dio para a COVID-19 —h� meses, a orienta��o do minist�rio � de "tratamento precoce".
"Os senhores sabem o quanto temos divulgado, desde junho, o atendimento precoce. N�o confundam atendimento com defini��o de qual rem�dio tomar", disse durante live realizada com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Diversos posts, al�m de documentos publicados pelo minist�rio, no entanto, desmentem a afirmativa. Por exemplo, uma nota divulgada em 15 de julho de 2020, intitulada “Orienta��es do minist�rio da Sa�de para o manuseio medicamentoso precoce de pacientes com diagn�stico da COVID-19”, em que o �rg�o cita e recomenda os medicamentos azitromicina e hidroxicloroquina
'Arma Genocida'
Infectologistas consultados pelo Estado de Minas na �ltima quinta-feira (15/01) classificaram o TrateCOV como 'arma genocida' e apontaram as consequ�ncias da oficializa��o do tratamento precoce pelo Minist�rio da Sa�de.
Membro do comeit� de enfrentamento � COVID-19 da prefeitura de Belo Horizonte, Carlos Starling alertou, na ocasi�o, que algumas subst�ncias do rol de prescri��o do app podem at� mesmo agravar quadros leves.
"A pessoa usa, por exemplo, um corticoide no in�cio dos sintomas da doen�a, como recomendam os charlat�es. Mas sabe o que acontece? Ele pode reduzir a imunidade, porque esse � um efeito comum de corticoides. Com isso, um quadro que poderia ser leve pode se agravar”, explica o especialista.
Sobre a azitromicina e a doxiciclina – dois antibi�ticos – o m�dico explicou que a prescri��o dos compostos contribui para a propaga��o de ‘superbact�rias”.
"Minha conclus�o � a de que esse aplicativo � uma arma genocida, parte de uma pol�tica t�o cruel, quanto c�nica, pois deixa as pessoas morrerem fingindo que as est� tratando", comentou o especialista.
J� o infectologista Una� Tupinamb�s chamou aten��o para o fato de que os medicamentos em quest�o produzem no paciente uma falsa sensa��o de seguran�a. “A promessa mentirosa � a de que essas drogas protegem o indiv�duo ou barram a evolu��o da infec��o. Os adeptos do tratamento ent�o deixam de procurar o servi�o de sa�de no in�cio dos sintomas, pois creem que o tratamento vai resolver. O quadro, nesse intervalo, pode se agravar e, quando o paciente finalmente for ao hospital, pode ser tarde”, avisou o profissional de sa�de.