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Estado de Minas SA�DE

Conhe�a os riscos e os benef�cios � sa�de do consumo de peixe

Fonte rica de �mega 3? Mas e a polui��o por merc�rio? Entenda como os pescados afetam nosso organismo.


24/01/2021 07:53 - atualizado 24/01/2021 11:04

Até que ponto os benefícios do peixe para a saúde superam os riscos?(foto: Getty Images)
At� que ponto os benef�cios do peixe para a sa�de superam os riscos? (foto: Getty Images)

O peixe tem a reputa��o de ser um dos alimentos mais saud�veis %u200B%u200Bque podemos consumir.

Mas o aumento da disponibilidade de alternativas de origem vegetal e as crescentes preocupa��es em rela��o � sustentabilidade dos frutos do mar e � sua pegada de carbono levaram algumas pessoas a questionar se precisamos dele em nossa alimenta��o.


Desde 1974, segundo a Organiza��o das Na��es Unidas para Alimenta��o e Agricultura (FAO, na sigla em ingl�s), a popula��o de peixes dentro de n�veis biologicamente sustent�veis %u200B%u200Bcaiu de 90% para pouco menos de 66% hoje.

Enquanto isso, o receio em rela��o ao merc�rio e outros poluentes indica que mulheres gr�vidas ou lactantes, por exemplo, devem limitar o consumo de algumas esp�cies.

Afinal, comer peixe traz mais benef�cios ou riscos � sa�de?

Metais pesados

Nas �ltimas d�cadas, uma das maiores preocupa��es em rela��o aos peixes tem sido seus n�veis potencialmente prejudiciais � sa�de de poluentes e metais.


Níveis potencialmente nocivos de poluentes e metais são fonte de preocupação(foto: Getty Images)
N�veis potencialmente nocivos de poluentes e metais s�o fonte de preocupa��o (foto: Getty Images)

Entre eles, est�o os bifenilos policlorados (PCBs). Embora tenham sido proibidos na d�cada de 1980, esses produtos qu�micos industriais foram usados %u200B%u200Bem grandes quantidades em todo o mundo — e ainda permanecem em nosso solo e na �gua.

Eles t�m sido associados a uma s�rie de efeitos prejudiciais � sa�de — do sistema imunol�gico ao c�rebro. Embora os PCBs estejam presentes em tudo, de latic�nios � �gua pot�vel, os n�veis mais elevados tendem a ser encontrados em peixes.

A solu��o para limitar a ingest�o de PCBs a partir de peixes pode ser surpreendente, diz Johnathan Napier, diretor de ci�ncias da Rothamsted Research em Hertfordshire, na Inglaterra.

"O poss�vel problema do ac�mulo de componentes t�xicos � provavelmente mais preocupante no caso das esp�cies selvagens capturadas para consumo humano direto", explica.

Como os ingredientes de origem marinha que servem de alimento aos peixes criados em cativeiro s�o lavados para remo��o de toxinas, esses peixes costumam ser mais seguros do que os selvagens.

Mas nem sempre � o caso, e o �ndice de PCB tamb�m varia sazonalmente.

Embora sejam vistos geralmente como uma op��o melhor para a sa�de e o meio ambiente, a aquicultura em larga escala apresenta seus pr�prios problemas, ao poluir os oceanos com res�duos e se tornar criadouro de doen�as que podem se espalhar pela natureza.

O NHS, sistema p�blico de sa�de do Reino Unido, recomenda que mulheres gr�vidas e lactantes limitem a ingest�o de esp�cies de peixes com maior probabilidade de conter PCBs, assim como outros poluentes, como dioxinas, a duas por��es por semana.

Isso inclui peixes oleosos como salm�o e sardinha, assim como peixes n�o oleosos, incluindo caranguejo e robalo. Uma por��o equivale a cerca de 140g.

Outra preocupa��o � o merc�rio, uma neurotoxina que pode passar pela placenta e afetar o desenvolvimento do feto.

H� in�meras associa��es entre a ingest�o de merc�rio e c�ncer, diabetes e doen�as card�acas. Embora o merc�rio possa ser encontrado em outros alimentos, como legumes e verduras, um estudo mostrou que 78% da ingest�o de merc�rio era proveniente de peixes e frutos do mar.

Nos peixes, os n�veis de merc�rio s�o altos o suficiente para que o FDA, �rg�o regulador de alimentos e rem�dios nos Estados Unidos, recomende que as gestantes limitem a ingest�o de alguns peixes populares, incluindo linguado e atum, a uma por��o por semana.

Mas as preocupa��es em rela��o ao ac�mulo de metais pesados %u200B%u200Bnos peixes t�m sido exageradas, diz Napier. Ele afirma que � um problema apenas quando se trata de esp�cies que vivem muito tempo — como o peixe-espada, que pode viver de 15 a 20 anos.


Uma vez que peixes oleosos como anchovas têm um nível relativamente alto de toxinas conhecidas como PCBs, mulheres grávidas não devem comer mais do que duas porções por semana(foto: Getty Images)
Uma vez que peixes oleosos como anchovas t�m um n�vel relativamente alto de toxinas conhecidas como PCBs, mulheres gr�vidas n�o devem comer mais do que duas por��es por semana (foto: Getty Images)

O peixe-espada tem uma concentra��o de merc�rio de 0,995 ppm, enquanto o salm�o, que vive em m�dia de quatro a cinco anos, possui cerca de 0,014.

Embora pesquisas ainda estejam em andamento, a Ag�ncia de Prote��o Ambiental dos Estados Unidos afirma atualmente que, para mulheres gr�vidas, a concentra��o m�dia de merc�rio mais alta permitida por por��o, se comer uma por��o por semana, � de 0,46 ppm.

Mas esse problema deve piorar, j� que h� evid�ncias que sugerem que os n�veis de merc�rio encontrados no oceano podem aumentar � medida que a temperatura do planeta sobe.

Pesquisas mostram que, conforme o gelo do �rtico derrete, ele libera nas �guas o merc�rio que ficou retido no solo congelado.

No entanto, embora o merc�rio represente um pequeno risco, Napier diz que os peixes proporcionam muito mais ganhos — especialmente o �mega 3 marinho.

�cidos graxos

O consumo de peixes oleosos, incluindo salm�o, atum, sardinha e cavalinha, tem sido associado a um menor risco de doen�as cardiovasculares, gra�as aos �cidos graxos do �mega 3 marinho, o �cido eicosapentaen�ico (EPA) e �cido docosahexaenoico (DHA).

Algumas fontes vegetais de �mega 3, como sementes de linha�a e nozes, s�o ricas em um terceiro tipo — o ALA. Um estudo de 2014 concluiu que os benef�cios para a sa�de do cora��o do �mega 3 � base de plantas podem ser compar�veis %u200B%u200Baos do EPA e DHA, mas ainda n�o h� pesquisas que sustentem isso.

No entanto, voc� pode encontrar EPA e DHA em suplementos de algas e em algas comest�veis.

"Tanto o EPA quanto o DHA desempenham uma infinidade de pap�is importantes no metabolismo humano, mas n�o podemos fabric�-los efetivamente em nossos corpos, por isso � muito importante inclu�-los como parte de nossa dieta", explica Napier.

O DHA � abundante em nossos c�rebros, retinas e outros tecidos especializados. Junto com o EPA, ajuda a combater inflama��es no corpo, que est�o associadas ao maior risco de doen�as card�acas, c�ncer e diabetes.


Embora você possa obter ômega 3 de suplementos de óleo de peixe, eles não são tão eficazes quanto comer o peixe propriamente dito(foto: Getty Images)
Embora voc� possa obter �mega 3 de suplementos de �leo de peixe, eles n�o s�o t�o eficazes quanto comer o peixe propriamente dito (foto: Getty Images)

"Os dados populacionais que analisam os efeitos do �mega 3 marinho na sa�de s�o consistentes e fortes, e mostram que as pessoas com maior ingest�o de EPA e DHA apresentam um risco menor de desenvolver doen�as comuns, especialmente doen�as card�acas, e morrer delas", afirma Philip Calder, chefe de desenvolvimento humano e sa�de da Universidade de Southampton, na Inglaterra.

Uma maneira de evitar potenciais danos � exposi��o ao merc�rio e ainda obter �mega 3 � tomar suplementos de �leo de peixe. No entanto, uma pesquisa realizada recentemente a pedido da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), analisando os suplementos de �mega 3 em uma variedade de quadros de sa�de, descobriu que eles n�o t�m o mesmo efeito que comer peixes gordurosos.

"Nossos corpos est�o adaptados para metabolizar alimentos inteiros, ao inv�s de uma �nica dose de um nutriente ou ingrediente espec�fico", diz Napier.

"Nossas descobertas sugerem um efeito ben�fico muito pequeno [em termos de redu��o do risco] de morte por doen�a coronariana", acrescenta Lee Hooper, professora da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, e uma das pesquisadoras do estudo da OMS.

Cerca de 334 pessoas teriam que tomar suplementos de �mega 3 por quatro ou cinco anos para uma pessoa n�o morrer de doen�a card�aca coron�ria, segundo ela.

Mas h� um problema com estudos populacionais como o de Hooper. Embora alguns peixes oleosos, como a sardinha, n�o sejam relativamente caros, o peixe geralmente � associado a uma dieta mais onerosa.

� amplamente aceito que o status socioecon�mico afeta os indicadores de sa�de — portanto, � poss�vel que as fam�lias que comem mais peixe tamb�m tenham uma renda mais alta e estilos de vida mais saud�veis %u200B%u200Bem geral.

Normalmente, os pesquisadores levam em considera��o esses fatores, diz Calder, mas eles podem n�o pensar em tudo que poderia distorcer os resultados de um estudo. O relat�rio da OMS foi uma revis�o de 79 estudos, e cada um deles controlava o status socioecon�mico dos participantes de maneira diferente.

Mas os estudos de interven��o, em que as pessoas s�o aleatoriamente designadas a um grupo e a uma interven��o, como tomar suplementos de �mega-3, e s�o avaliadas, tamb�m apresentam problemas.

Analisar os potenciais impactos para a sa�de da defici�ncia de EPA e DHA, por exemplo, � dif�cil, afirma Calder, uma vez que as pessoas come�am os testes com variados n�veis de �mega-3 em seus sistemas.

Al�m disso, pesquisas mostram que os peixes podem impactar nossa sa�de em v�rios graus, dependendo de qu�o bem somos capazes de converter formas precursoras de EPA e DHA. Essa diferen�a pode se resumir � alimenta��o e ao estilo de vida de uma pessoa em geral, explica Calder, mas as diferen�as gen�ticas tamb�m podem desempenhar um papel nisso.


O peixe costuma ser associado a uma alimentação mais cara %u2014 então será que quem come mais peixe tem uma renda mais alta e é mais saudável %u200B%u200Bem geral?(foto: Getty Images)
O peixe costuma ser associado a uma alimenta��o mais cara %u2014 ent�o ser� que quem come mais peixe tem uma renda mais alta e � mais saud�vel %u200B%u200Bem geral? (foto: Getty Images)

Outra raz�o pela qual os benef�cios dos peixes para a sa�de podem variar � a forma como os peixes s�o criados.

Os ecossistemas marinhos est�o repletos de �mega 3: peixes pequenos se alimentam de pl�ncton e s�o comidos por peixes maiores — e toda a cadeia alimentar passa o �mega 3 para os seres humanos. Mas o sistema � diferente para peixes em cativeiro, que � o que a maioria de n�s consumimos.

"Em uma piscicultura, s�o apenas milhares de peixes em uma gaiola. Eles comem o que recebem do criador de peixes", diz Napier.

Como fariam na natureza, os peixes em cativeiro normalmente s�o alimentados com esp�cies de peixes menores. Na natureza, no entanto, os peixes comem uma variedade de peixes menores. Nos criadouros, os peixes s�o frequentemente alimentados com farinha de peixe feita de anchovas peruanas.

Mas essas anchovas j� est�o sendo pescadas no n�vel m�ximo sustent�vel pela ind�stria, diz Napier — e a expectativa � que a aquicultura global continue crescendo.

De acordo com a Organiza��o das Na��es Unidas para Alimenta��o e Agricultura, a crescente demanda por suplementos de �leo de peixe significa que o �leo de peixe contido na farinha de peixe fornecida aos peixes de cativeiro est� diminuindo. Ou seja, a quantidade de �mega-3 nos peixes que consumimos tamb�m est� menor.

"H� n�veis finitos de �leo de peixe rico em �mega 3 que sai do oceano a cada ano — � tudo o que temos", diz ele.

"Se a aquicultura est� se expandindo, mas o insumo mais importante que voc� precisa colocar na dieta das pessoas, o �leo de peixe, � completamente est�tico, voc� est� diluindo a quantidade que � fornecida aos peixes."

Uma pesquisa de 2016 mostrou que os n�veis de EPA e DHA em salm�o de cativeiro ca�ram pela metade ao longo de uma d�cada. Mesmo assim, o salm�o cultivado ainda tem mais �mega-3 do que o salm�o selvagem, afirma Napier.


A crescente demanda por suplementos de óleo de peixe significa que o nível de ômega 3 nos peixes que comemos está diminuindo(foto: Getty Images)
A crescente demanda por suplementos de �leo de peixe significa que o n�vel de �mega 3 nos peixes que comemos est� diminuindo (foto: Getty Images)

"O salm�o selvagem nada para l� e para c� no Atl�ntico; � um animal magro. N�o est� acumulando gordura porque est� queimando tudo o que consome", explica.

Comida para o c�rebro

Al�m do �mega 3, o peixe tem outros nutrientes que fazem bem � sa�de, incluindo o sel�nio, que protege as c�lulas contra danos e infec��es; iodo, que suporta um metabolismo saud�vel; e prote�na.

O peixe � considerado h� muito tempo um "alimento para o c�rebro". E um estudo recente sugere que isso n�o se deve apenas ao seu teor de �mega-3 — embora pesquisas tamb�m tenham encontrado uma rela��o entre o �mega 3 e o decl�nio cognitivo mais lento.

Pesquisadores compararam o volume do c�rebro de pessoas que consumiam peixe com o daquelas que n�o consumiam — e descobriram que peixes assados %u200B%u200Bou grelhados est�o associados a maiores volumes de massa cinzenta, independentemente dos n�veis de �mega-3.

"O volume do nosso c�rebro muda com a melhora da sa�de e a doen�a. Quanto mais neur�nios voc� tem, mais volume cerebral voc� tem", diz Cyrus Raji, professor assistente de radiologia e neurologia da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos EUA.

Os pesquisadores compararam os h�bitos alimentares e imagens de resson�ncia magn�tica de 163 participantes que tinham, em m�dia, mais de 70 anos.

E descobriram que, em compara��o com os participantes que n�o comiam peixe, aqueles que comiam peixe semanalmente tinham volumes cerebrais maiores — principalmente no lobo frontal, que � importante para o foco, e nos lobos temporais, cruciais para a mem�ria, aprendizagem e cogni��o.

A rela��o entre os peixes e o c�rebro pode ser devido ao fato de os peixes terem um efeito anti-inflamat�rio, diz Raji, uma vez que quando o c�rebro reage para reduzir uma inflama��o, ele pode afetar as c�lulas cerebrais no processo.


Uma razão pela qual peixes e frutos do mar podem ser saudáveis %u200B%u200Bé porque eles substituem alimentos menos saudáveis %u200B%u200Bem nossas dietas(foto: Getty Images)
Uma raz�o pela qual peixes e frutos do mar podem ser saud�veis %u200B%u200B� porque eles substituem alimentos menos saud�veis %u200B%u200Bem nossas dietas (foto: Getty Images)

"Isso significa que voc� pode melhorar a sa�de do c�rebro e prevenir o mal de Alzheimer com algo t�o simples como o consumo alimentar de peixes", sugere Raji.

Para tornar o c�rebro o mais resistente poss�vel � dem�ncia, ele aconselha come�ar a comer peixe pelo menos uma vez por semana quando voc� estiver na casa dos vinte ou trinta anos.

Outra raz�o pela qual os peixes podem ser saud�veis %u200B%u200B� porque eles substituem alimentos menos saud�veis %u200B%u200Bem nossas dietas.

"Se comermos mais peixe, tendemos a comer menos outras coisas", diz Hooper.

Ainda assim, como n�o h� pesquisas robustas que sugiram problemas de sa�de s�rios para quem n�o come peixe, Calder diz que � dif�cil afirmar categoricamente que o peixe � essencial para a sa�de humana em geral. No entanto, ele acrescenta, � claro que o �mega 3 promove a sa�de e reduz o risco de doen�as.

Mas chegar ao fundo da quest�o sobre o qu�o saud�vel os peixes realmente s�o %u200B%u200Bpode ser irrelevante depois de um tempo.

"Como o peixe n�o � uma fonte alimentar sustent�vel, as pesquisas agora provavelmente v�o se concentrar em solu��es para isso — como cultivar algas e colher �leo rico em �mega 3, em vez de mais estudos sobre peixes", avalia Calder.

As pessoas podem contribuir escolhendo as esp�cies de peixe mais sustent�veis %u200B%u200Bdispon�veis.

Guias como o da Marine Conservation Society mostram quais s�o os melhores, com 50 das 133 esp�cies listadas apontadas como escolhas "boas", em sua maioria sustent�veis %u200B%u200B— incluindo, felizmente, algumas op��es populares, como salm�o de cativeiro, camar�o, bacalhau, cavalinha, mexilh�es, ostras e linguado de cativeiro.

Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Future.


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