Todos os cronogramas foram cumpridos conforme o previsto pela ag�ncia americana. A espa�onave deixou a Terra no dia 30 de julho e pousou na cratera Jezero. No local escolhido, h� cerca de 3 a 4 bilh�es de anos, havia um imenso lago, em uma �rea de 500 quil�metros quadrados.
Os sete minutos finais antes do pouso correram sob tens�o. Em sil�ncio, cientistas em uma sala acompanhavam o minuto a minuto da aproxima��o da espa�onave ao planeta vermelho. �s 17h48, o Perseverance entrou na atmosfera de Marte sob aplausos. Vieram os minutos finais - eles s�o considerados os mais dif�ceis, pois � preciso que a espa�onave diminua a velocidade para fazer o pouso.
O paraquedas foi aberto: mais apreens�o e contagem regressiva na tela. Um monitor mostrava a proje��o do Perseverance se aproximando do alvo, a cratera Jezero. Houve sil�ncio dos cientistas da Nasa at� as palmas finais, pelo pouso hist�rico.
O Perseverance ir� perfurar as rochas, procurando material org�nico para ser coletado. N�o h� pretens�o de encontrar vida como a nossa em Marte (mam�feros, por exemplo), mas h� a possibilidade de descobrir se j� existiram col�nias de bact�rias (vida microbiana).
"Temos fortes evid�ncias de que a cratera Jezero j� teve os ingredientes para a vida. Mesmo se concluirmos, ap�s a an�lise de amostras devolvidas, que o lago era desabitado, teremos aprendido algo importante sobre o alcance da vida no cosmos", disse Ken Williford, cientista-assistente do projeto. "Que Marte tenha sido ou n�o um planeta vivo, � essencial compreender como os planetas rochosos como o nosso se formam e evoluem. Por que nosso pr�prio planeta permaneceu hospitaleiro enquanto Marte se tornou um deserto desolado?"
Desde a d�cada de 1970, uma s�rie de sondas e sat�lites j� foi enviada para Marte por diferentes pa�ses. Os rovers, especificamente, s�o capazes de fazer estudos mais detalhados e j� estiveram cinco vezes em Marte desde 1997 - todas em miss�es da Nasa. O mais recente ve�culo a pousar na superf�cie do planeta vermelho foi o Curiosity, em 2012. Entre outras descobertas, ele revelou a exist�ncia, no passado, de �gua est�vel.
A expectativa � de que o ve�culo permane�a durante pelo menos um ano em solo marciano - o que equivale a dois anos na Terra. N�o h� data de retorno para casa. Isso porque h� uma janela para as viagens acontecerem. Terra e Marte ficam mais pr�ximas a cada dois anos e dois meses. At� por isso, h� outras miss�es em andamento, como a sonda Hope (Esperan�a), dos Emirados �rabes Unidos, e da chinesa Tianwen-1 (Astronomia 1).
Cada sonda teve de percorrer uma longa etapa, cerca de 400 milh�es de quil�metros entre os dois planetas. Uma das fases mais cr�ticas da miss�o � a de travar as sondas para que n�o cheguem muito depressa ao planeta, o que pode causar a destrui��o autom�tica do equipamento em Marte.
"Esperamos que os melhores lugares para procurar bioassinaturas sejam no leito de Jezero ou em sedimentos costeiros que podem estar incrustados com minerais, que s�o especialmente bons na preserva��o de certos tipos de vida fossilizada na Terra", disse Ken Williford, cientista-assistente do projeto. "Mas � medida em que buscamos evid�ncias de micr�bios antigos em um antigo mundo alien�gena, � importante manter a mente aberta", afirmou.
A Nasa lembrou que a humanidade est� focada em Marte desde que Galileu p�de observ�-lo por um telesc�pio em 1609. "(O planeta) j� teve vida algum dia? A resposta pode estar esperando em algum lugar da cratera de Jezero", declarou.
C�mera
O Rover Perseverance pesa cerca de uma tonelada e tem cerca de 3 metros de comprimento, 2,7 metros de largura, e 2,2 metros de altura. H�, nele, sete instrumentos inovadores que, se tudo der certo, poder�o ampliar como nunca os conhecimentos sobre Marte. Um desses equipamentos � a Mastcam-Z, um sistema avan�ado de c�mera com capacidade de imagem panor�mica com alta capacidade de zoom. Essa c�mera poder� ajudar a determinar a mineralogia da superf�cie marciana e ajudar nas opera��es do ve�culo rover.
Outro equipamento enviado, a SuperCam, � um instrumento que pode fornecer imagens, an�lise de composi��o qu�mica, e mineralogia � dist�ncia. H�, ainda um espectr�metro de fluoresc�ncia de raios X e gerador de imagens de alta resolu��o para mapear a composi��o elementar em escala fina dos materiais de superf�cie de Marte. Esse equipamento permite detectar e analisar, de forma mais detalhada, os elementos qu�micos que comp�em o planeta.
A Nasa enviou tamb�m um outro espectr�metro que, fazendo uso de um laser ultravioleta, produzir� imagens que possibilitar�o o mapeamento da mineralogia e de compostos org�nicos. "Este ser� o primeiro espectr�metro Raman UV a voar para a superf�cie de Marte e fornecer� medi��es complementares com outros instrumentos na carga �til", informou a Nasa. Ele inclui uma c�mera a cores de alta resolu��o para a obten��o de imagens microsc�picas da superf�cie de Marte.
Um experimento interessante a ser feito em Marte (a Mars Oxygen In-Situ Resource Utilization Experiment), tentar� produzir oxig�nio a partir do di�xido de carbono atmosf�rico marciano. "Se bem sucedida, a tecnologia Moxie poder� ser utilizada pelos futuros astronautas em Marte para queimar combust�vel de foguete para regressar � Terra", detalhou a ag�ncia espacial.
Por fim, a miss�o tem um conjunto de sensores (o Mars Environmental Dynamics Analyzer) que fornecer�o medi��es de temperatura, velocidade e dire��o do vento, press�o, umidade relativa, e tamanho e forma da poeira; e um radar de penetra��o no solo que proporcionar� uma resolu��o � escala centim�trica da estrutura geol�gica do subsolo.
"Para citar Carl Sagan. Se virmos um ouri�o olhando para a c�mera, saberemos que h� vida atual e certamente antiga em Marte, mas com base em nossas experi�ncias anteriores, tal evento � extremamente improv�vel. Alega��es extraordin�rias requerem evid�ncias extraordin�rias, e a descoberta de que existia vida em outras partes do universo seria certamente extraordin�ria", disse Gentry Lee, engenheiro-chefe de um laborat�rio da NASA. (Com ag�ncias internacionais)