
Rio Grande do Sul
O cen�rio do combate � COVID-19 que se aproxima no Rio Grande do Sul � assustador e especialistas em sa�de tentam convencer prefeitos e o governador do estado a adotar medidas mais dr�sticas para conter o avan�o da doen�a. Nesta quinta-feira (25/2), a secret�ria de Sa�de estadual Arita Bergmann comparou o pico de cont�gios e mortes pelo v�rus num futuro pr�ximo ao monte Everest, montanha de maior altura na Terra.
“Estamos aqui apavorados”, comentou a gestora da pasta ao delinear a alta nos n�meros antes de alertar: “N�o haver� leitos de UTI”.
A advert�ncia da secret�ria de Sa�de ocorreu em reuni�o com prefeitos de cidades ga�chas. O governo estadual detalhou n�meros e apontou o caos se avizinhando aos munic�pios no Rio Grande do Sul.
"N�o haver� leitos, especialmente de UTI, para atender a demanda, que � crescente. Crescente a ponto de nos deixar com uma lista de espera", explicou Arita.
A conjuntura exposta pelo governo ga�cho � de colapso iminente. Dados estaduais apontam que a fila de pacientes com COVID-19 � espera de vaga em leitos de UTI quase dobrou na capital Porto Alegre.
Entre quarta e quinta-feira, o n�mero de doentes aguardando nas emerg�ncias passou de 64 para 117 – um crescimento de 83%. O estado confirmou mais 120 �bitos nas �ltimas 24h. A apresenta��o da administra��o estadual projetou at� 200 mortes por dia em mar�o.
Dessa forma, 6 mil pessoas perderiam a vida no m�s. O n�mero corresponde � metade do total de �bitos dos �ltimos 12 meses. Em 2020, a m�dia di�ria de interna��es era de cerca de 20. Atualmente, s�o 230 admiss�es hospitalares causadas pelo v�rus.
A ocupa��o das UTIs � a maior desde o in�cio da pandemia. S�o 404 doentes recebendo tratamento intensivo at� esta quinta-feira.
“Quer�amos mostrar um dado que, para n�s, � alarmante, alarmante, que 60% dos pacientes que chegam � UTI v�o � �bito. Morrem. E, hoje, parece que esse n�mero, parece n�o, esse n�mero inclusive est� aumentando. Sem considerar que muitos n�o chegar�o nos leitos de UTI, porque n�s n�o teremos leitos de UTI”, apontou Arita.
Na reuni�o com os prefeitos, o governador Eduardo Leite (PSDB) afirmou que ir� suspender a cogest�o nas bandeiras do mapa de distanciamento controlado no estado a partir deste s�bado. A medida, v�lida inicialmente por uma semana, obriga regi�es a cumprirem regras determinadas pelo estado.
Demanda de leitos mais que dobra
A secret�ria da Sa�de apresentou a evolu��o da ocupa��o de leitos cl�nicos e de UTI nas �ltimas semanas no Rio Grande do Sul. No dia 24 de janeiro, o estado tinha 2.383 pessoas internadas com a doen�a. Um m�s depois, nesta quinta, o n�mero havia passado para 4.925 pacientes, uma alta de 206%. A estrutura estadual opera com 91,8% da capacidade m�xima de ocupa��o de leitos cr�ticos.
O governador Eduardo Leite citou proje��es apontando a necessidade de abrir 7 mil vagas cr�ticas para atendimento aos pacientes no estado, o que “� absolutamente invi�vel”, segundo ele. Diante da dificuldade em criar novos leitos, a secret�ria da Sa�de Arita Bergmann ressaltou que solicitou aos hospitais o uso de todos os espa�os poss�veis nas unidades de sa�de para receber pacientes.
Conselho de especialistas pressionou governo
‘Mantida a situa��o atual, teremos em um a dois dias o colapso do sistema hospitalar’. Em nota enviada ao governador Eduardo Leite, o conselho de especialistas no combate � COVID-19 do estado cobrou medidas mais dr�sticas para evitar a maior crise sanit�ria j� vista no Rio Grande do Sul.
A nota foi publicada na noite de quarta-feira (24/2) pelo coordenador-executivo do Centro de Conting�ncia do Coronav�rus, o m�dico pediatra Jo�o Gabbardo dos Reis, no Twitter. O documento foi assinado em conjunto pelos m�dicos membros do conselho, Fernando Torelly, Januario Montone e Lucia Campos Pellanda.
"Mantidos os mesmos n�veis de transmiss�o, al�m de j� termos atingido o limite de ocupa��o em diversas regi�es, chegaremos em poucos dias ao esgotamento da estrutura hospitalar dispon�vel tanto p�blica quanto privada, gerando a redu��o da qualidade da estrutura de atendimento e aumento da mortalidade, sem possibilidade de aumento de leitos que seja capaz de acompanhar o crescimento das necessidades", detalha o texto.
Santa Catarina
Um dia ap�s a publica��o de um decreto com novas restri��es no estado, o governo de Santa Catarina fez um apelo aos prefeitos de cidades catarinenses, para que os gestores tomem ‘medidas emergenciais’ contra a COVID-19 e que diminuam ainda mais a circula��o de pessoas. Apesar de ainda n�o ser uma decis�o formal pelo fechamento geral chamado de ‘lockdown’, o pedido do secret�rio da Sa�de estadual, Andr� Motta, se assemelha �s regras mais r�gidas adotadas em dezembro. “Estamos entrando em colapso”, alertou.
No decreto publicado no "Di�rio Oficial do Estado", nessa quarta-feira (25/02), n�o h� restri��o � circula��o de pessoas, assim como fechamento de servi�os n�o essenciais. O texto, v�lido por 15 dias, define impedimentos ao setor de festas, bares e restaurantes. Casas noturnas e de espet�culos n�o podem funcionar e � proibido venda e consumo de bebidas alco�licas em postos de combust�veis e suas lojas de conveni�ncia entre 0h e 6h em todos os n�veis de risco. Bares, restaurantes e shoppings n�o podem funcionar de madrugada.
No entanto, o secret�rio de Sa�de estadual repassa aos prefeitos a demanda por restri��es de ‘pessoas’ e ‘servi�os’. “Solicito aos gestores municipais que tomem medidas emergenciais para diminuir significativamente a circula��o de pessoas, mantendo apenas servi�os essenciais. Convoquem toda a for�a de trabalho da Sa�de para o enfrentamento", alinhou Andr� Motta.
"Preciso informar a todos que a situa��o da pandemia deteriorou no estado todo e, a exemplo do que acontece nas regi�es mais a oeste, estamos entrando em colapso! Todos os esfor�os de estado e munic�pios, at� ent�o, s�o insuficientes em face � brutalidade da doen�a. Infelizmente, percebe-se fen�meno similar no resto do pa�s”, apontou o secret�rio catarinense.
Nessa quarta-feira, os hospitais no estado atingiram a maior taxa de ocupa��o de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) geral e de COVID-19 do Sistema �nico de Sa�de (SUS) em toda a pandemia: 91,18%. Em of�cio enviado ao governo estadual, o Minist�rio P�blico de Santa Catarina (MPSC) pediu que a secretaria da Sa�de informe quantas pessoas esperam por um leito de UTI e em quais cidades est�o os pacientes.
Relatos de profissionais que trabalham em unidades de sa�de catarinenses apontam que o gargalo entre leitos dispon�veis e pacientes que aguardam por interna��o fica cada dia mais longe de ser equacionado. A situa��o mais dr�stica no oeste do estado tende a se estender a outras regi�es e o governo estadual j� estuda a altera��o de protocolos para a libera��o mais r�pida de quem est� se recuperando da doen�a para abertura de vagas.
Bahia
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), confirmou nesta quinta-feira (25/02) que a Bahia est� em colapso devido ao aumento do n�mero de casos de COVID-19. A declara��o foi dada durante entrevista ao canal CNN Brasil.
"Estamos entrando em colapso. Temos leitos, temos equipamento, mas n�o temos equipe m�dica”, afirmou.
Durante a entrevista, Costa tamb�m afirmou que entrou em contato com a Pfizer. Segundo ele, caso o Minist�rio da Sa�de n�o feche a compra de vacinas da empresa at� mar�o, o laborat�rio disse que est� pronto para negociar vacinas com os estados.
Lockdown
Salvador e outros 416 munic�pios da Bahia ter�o as atividades n�o essenciais suspensas por dois dias, a partir das 17h desta sexta-feira (26/02). A medida, segundo o governador, � a �nica maneira de tentar frear o avan�o da pandemia de coronav�rus.
Est�o suspensas todas as atividades consideradas n�o essenciais, a exemplo do funcionamento do com�rcio, bares e restaurantes. Cinema, teatro, todas as atividades culturais, e at� as pol�ticas e religiosas, tamb�m est�o suspensas. O governo prefere, contudo, n�o denominar a medida um lockdown, que � o bloqueio da circula��o de pessoas, sobretudo a locais p�blicos, al�m do funcionamento de determinados estabelecimentos, por determina��o do Estado e sob puni��o.
� beira do colapso
A situa��o da Bahia come�ou a se agravar nas �ltimas duas semanas, o que elevou a taxa de ocupa��o de leitos de UTI para 83% nesta quinta-feira. Das 1.113 vagas reservadas � terapia intensiva para adultos, 922 est�o ocupadas. Na UTI pedi�trica, a ocupa��o � de 64%. Os leitos de enfermaria destinados aos adultos atingiram 59% do limite. S�o 1.028 vagas, mas 609 j� est�o preenchidas. Quanto aos voltados para as crian�as, s�o 37 ocupados, de um total de 51, o que corresponde a 73% da capacidade.
Segundo o governador, 195 pessoas aguardam na fila de regula��o por vagas em leitos de UTIs, o que eleva a taxa de ocupa��o da rede para 82%, � beira de um colapso.
*Com ag�ncias
*Estagi�rias sob supervis�o do subeditor Jo�o Renato Faria