
A desorganiza��o e a falta de preparo do Brasil t�m causado preju�zos ao processo de vacina��o contra a COVID-19, inclusive com a perda de doses de imunizantes. Os erros v�o desde a m� gest�o do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia, que n�o viabilizou a compra das vacinas no momento certo, at� o estoque, temperatura e distribui��o das doses.
Entre os problemas est�o erros nas pr�ticas da Cadeia do Frio (Cold Chain), que envolvem testes de armazenagem, conserva��o, manuseio, distribui��o e transporte e n�o est�o sendo seguidas devidamente. Os estudos sobre as etapas, feitos por especialistas, t�m o objetivo de garantir a efic�cia e temperatura das vacinas, principalmente durante o transporte.
De acordo com a especialista Liana Montemor, Diretora T�cnica e de Estrat�gia Cold Chain do Grupo Polar, a perda de doses � resultado da falta de planejamento e dos erros cometidos pelo Brasil na armazenagem, falta de controle de temperatura e qualidade.
“Agora estamos nos deparando muito com o tema, mas a Cadeia do Frio � algo que existe h� muito tempo no Brasil, pois todo e qualquer medicamento e vacinas transportados por aqui, por exemplo, exigem an�lise criteriosa e protocolos r�gidos de manuseio, contudo os erros e falhas nesta cadeia impactam diretamente na falta de imuniza��o da popula��o”, disse.
A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), divulgou que cerca de 50% das vacinas em todo o mundo s�o desperdi�adas, principalmente, em decorr�ncia de problemas na temperatura. A especialista disse ainda que “� triste ver um pa�s perdendo a efic�cia de uma vacina por quebra da Cadeia do Frio e temperatura”.
“Olhando para uma a��o nacional desta complexidade, insistimos na necessidade de garantir o controle da temperatura”, frisou.
Urg�ncia causou sobrecarga no Plano Nacional de Imuniza��o
Segundo a infectologista Luana Mariano, o Brasil nunca teve problemas com a vacina��o em massa, mas que a urg�ncia pela vacina contra a COVID-19 sobrecarregou o Plano Nacional de Imuniza��o.
“Existe um planejamento para cada uma (outras vacinas) que n�o � realizado em uma condi��o de urg�ncia. N�s temos experi�ncia em log�stica e vacina��o em si, mas isso n�o leva em considera��o o fator urg�ncia absoluta e correria igual estamos vivendo. A vacina��o da COVID-19 � uma coisa extra, uma adi��o ao nosso Programa Nacional de Imuniza��o. Ent�o eu acho que da mesma forma que a sa�de est� sobrecarregada, o sistema de imuniza��o e log�stica tamb�m est�”, ressaltou.
Por outro lado, ela disse ao Estado de Minas que a perda de doses � um risco existente durante a distribui��o das mesmas no pa�s. “Um percentual de perdas � esperado. O que estamos vendo agora sobre a perda de doses � diferente do que normalmente � para outras vacinas por causa da urg�ncia e de tudo que est� acontecendo”.
“Toda perda � derivada de alguma falha. Talvez porque a log�stica n�o funcionou, o transporte n�o foi o melhor, houve problema com a geladeira do freezer do posto de sa�de, enfim. Mas o nosso sistema normal de vacina��o consegue compensar isso e o n�mero de falhas � pequeno, pelo fato do Brasil ser experiente nesse processo”, afirmou.
Por�m, a especialista n�o descartou o despreparo do governo.
“Elas (falhas) podem, sim, ter origem de uma quest�o governamental em diferentes n�veis. Mas estamos dentro de um processo completamente at�pico do que a gente v�. � natural acontecer, mas n�o � natural que isso se perpetue e n�o seja resolvido”, pontuou.
Avan�o da COVID-19
Em meio ao caos, o Brasil tem de enfrentar, ainda, o crescimento consider�vel de casos e mortes por causa da COVID-19 em praticamente todas as regi�es, o que impacta diretamente na vacina��o. Isso � reflexo da lentid�o na imuniza��o; circula��o de variantes; festas de fim de ano, aglomera��es e viagens do carnaval; queda no isolamento social; e principalmente a m� gest�o do Governo Federal na pandemia.
De acordo com o infectologista Geraldo Cunha Cury, o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro tem impacto significativo no comportamento da popula��o. “Qualquer que seja o presidente da Rep�blica, muitas pessoas fazem e seguem aquilo que � aconselhado por ele. Lamentavelmente, estamos assistindo a um conjunto de desinforma��o."
Na �ltima semana, Bolsonaro voltou a ser alvo de cr�ticas de especialistas da sa�de ao chamar de “mimimi” e “frescura” o sofrimento pelo crescimento de mortes no pa�s. "Chega de frescura, de mimimi. V�o ficar chorando at� quando? Temos que enfrentar os problemas, respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que t�m doen�as, comorbidades. Mas onde vai parar o Brasil se n�s pararmos?", disse o presidente em discurso transmitido pela TV Brasil.
Prioridade � vacina��o
A Associa��o M�dica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) pedem aos governos estaduais e municipais e ao Governo Federal, prioridade absoluta � vacina��o dos brasileiros.
“A vacina��o �gil e em grande escala dos brasileiros reduzir� o caos e a trag�dia que vivemos hoje”, diz parte do manifesto.
Leia a nota, na �ntegra, abaixo:
“CONSIDERANDO que o Brasil contabiliza mais de 10 milh�es de casos confirmados de COVID-19;
CONSIDERANDO que mais de 250 mil brasileiros morreram de COVID-19, representando 10% do total de mortes no mundo;
CONSIDERANDO que a maioria dos estados brasileiros e o Distrito Federal enfrentam o pior momento da pandemia, j� com colapso do sistema de sa�de em v�rios munic�pios do pa�s;
CONSIDERANDO que o desemprego, piorado pela pandemia, atinge 14 milh�es de brasileiros com suas dram�ticas consequ�ncias sociais;
CONSIDERANDO que h� s�lidas evid�ncias cient�ficas de que as medidas de preven��o para COVID-19, incluindo o uso de m�scaras, distanciamento social, higieniza��o das m�os com �gua e sab�o ou �lcool 70%, evitar aglomera��o, est�o entre as principais medidas para diminuir a transmiss�o do novo coronav�rus SARS-CoV-2, por�m estamos sem diretrizes coordenadas dos �rg�os centrais para a condu��o desta trag�dia que o Brasil est� vivendo;
CONSIDERANDO que a vacina��o contra COVID-19 de forma c�lere e de grande n�mero de brasileiros est� entre as medidas mais eficazes para mitigar a dissemina��o do novo coronav�rus, por�m estamos longe de conseguir t�o importante objetivo, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), em a��o conjunta com a Associa��o M�dica Brasileira (AMB), dirigem-se atrav�s desse manifesto p�blico a todos os governantes e gestores p�blicos do governo federal, governos estaduais, Distrito Federal e municipais para que deem prioridade absoluta � vacina��o, incluindo a compra de vacinas aprovadas pela ANVISA, bem como determinem a ampla implementa��o das medidas preventivas contra COVID-19, efetivando-as e divulgando-as amplamente.
Somente a imediata e ampla implanta��o das medidas preventivas e a vacina��o �gil e em grande escala dos brasileiros poder�o reduzir o caos e a trag�dia ainda maior do que vivemos hoje. A sa�de � direito de todos e dever do Estado.”
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
- Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
- Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.