
As informa��es sobre a mortalidade nos leitos de terapia intensiva constam da plataforma UTIs Brasileiras, com objetivo de orientar gestores de sa�de, que re�ne dados de 652 hospitais -- o equivalente a cerca de 25% das unidades de terapias intensivas no Pa�s. S�o 403 unidades da rede privada e 249 da p�blica, que correspondem a 20.865 leitos.
Membro do Conselho Consultivo e ex-presidente da Amib, Ederlon Rezende � o coordenador da plataforma. Para ele, o fato de a rede p�blica estar recebendo doentes em situa��o mais aguda ajuda a entender a diferen�a entre as taxas de mortalidade. "Quando a gente fala de UTI p�blica e privada, a primeira coisa a se observar � o porcentual de pacientes sob ventila��o mec�nica, ou seja, os casos mais graves", afirma.
"Nos hospitais p�blicos, isso representa cerca de 65% das pessoas atendidas, enquanto que nas UTIs privadas � 40%. O dado, por si s�, j� explica por que a mortalidade � maior." Ele pondera, no entanto, que tamb�m h� discrep�ncia quando se compara a letalidade apenas em pacientes entubados. Na rede p�blica, o �ndice � de 72,4%, segundo o UTIs Brasileiras. Na particular, fica em 63,6%. Para os pacientes que n�o precisam de ventila��o, a taxa de mortalidade �, respectivamente, 17,1% (p�blico) e 7,6% (privado).
"Se eu considerar que tamb�m � diferente nesse subgrupo, ent�o devo admitir que h� outras vari�veis influenciando, embora n�o tenha como provar quais s�o elas", diz Rezende. Entre os poss�veis fatores, ele cita melhor infraestrutura da rede privada e maior dificuldade em conseguir vaga em hospital p�blico.
"Quando h� fila para conseguir uma vaga na UTI, especialmente agora com o sistema colapsado, o paciente chega com o quadro agravado", afirma. "Isso compromete o desfecho, aumentando o risco de morrer."
Ainda de acordo com a plataforma, o per�odo de interna��o pela COVID-19 � maior na UTI p�blica. Nessas unidades, 54,2% ficam mais de sete dias. O �ndice � de 48,6% no privado. No geral, o tempo m�dio de perman�ncia � de 12,6 dias.
Quanto pior, pior
O levantamento tamb�m mostra que, com a escalada de novos casos nas �ltimas semanas, a taxa de letalidade tem subido nas UTIs. Segundo Rezende, a sobrecarga nos hospitais diminui a capacidade de atender os pacientes com qualidade. Levantamento da Fiocruz esta semana mostrou 24 Estados e o Distrito Federal com taxas de ocupa��o superiores a 80% nas unidades de terapia intensiva. Para evitar o agravamento do colapso e frear as taxas de transmiss�o, governadores e prefeitos t�m aumentado as medidas de isolamento e adotado at� o lockdown.
"Nos primeiros semestres, a mortalidade em geral era de 32%. Agora, entre dezembro e fevereiro, foi de 38%", afirma o especialista. "Significa um aumento de 18,7% na mortalidade, o que � bastante expressivo."
Para Rezende, "est� claro que n�o adianta mais sair abrindo UTI" e � preciso "diminuir o n�mero de casos e ser mais rigoroso na circula��o de pessoas". "Os novos leitos acabam sendo importantes para oferecer dignidade e a pessoa n�o morrer na UPA ou na rua", diz. "Entretanto, deve ficar claro que j� atingiu o limite. H� locais que triplicaram o n�mero de UTIs e algumas n�o t�m estrutura adequada, principalmente no que diz respeito � qualifica��o das equipes. Isso compromete o resultado", destaca ele.