
Depois de aplicar nebuliza��o de hidroxicloroquina como tratamento para a COVID-19 na maternidade Instituto da Mulher Dona Lindu, em Manaus, que teria provocado a morte de uma paciente submetida ao procedimento, a m�dica ginecologista Michelle Chechter foi demitida pela Secretaria de Estado da Sa�de do Amazonas, que tamb�m abriu investiga��o sobre a conduta da profissional.
A Secretaria informou que o tratamento n�o est� incluido nos protocolos terap�uticos, nem no instituto, nem das unidades da rede estadual de sa�de. Em nota, a pasta divulgou ainda que o procedimento n�o � indicado mesmo com o "consentimento de pacientes ou de seus familiares", como consta no texto.
A mulher que faleceu ap�s passar pela nebuliza��o acabara de ter um filho. O rec�m-nascido est� bem. A paciente morreu em fevereiro, mas a situa��o s� veio a p�blico agora. Outra paciente submetida � nebuliza��o de hidroxicloroquina sobreviveu.
O instituto divulgou que ambas assinaram um termo de consentimento. Ainda segundo o comunicado da pasta, a secretaria e o instituto n�o compactuam com a pr�tica de "qualquer terap�utica experimental de teor relatado e n�o reconhecida."
A m�dica ficou conhecida depois que o ministro Onyx Lorenzoni compartilhou, no Twitter, v�deo onde ela administra nebuliza��o com hidroxicloroquina. No v�deo, aparentemente gravado em 9 de fevereiro, Michelle Chechter induz a paciente a afirmar que a nebuliza��o est� funcionando. Em seguida, mostra o monitor da taxa de satura��o oscilando entre 87% e 95%. "Vai respirando fundo", orienta a m�dica.
Em Camaqu�, No Rio Grande do Sul, outros tr�s pacientes que passaram pela nebuliza��o com hidroxicloroquina morreram em mar�o. O tratamento aconteceu no Hospital Nossa Senhora Aparecida, que tamb�m declarou que o procedimento n�o faz parte de seus protocolos. O procedimento foi administrado pela m�dica Eliane Scherer, denunciada pelo hospital ao Conselho Regional de Medicina e ao Minist�rio P�blico, que j� investiga a conduta da m�dica.
Por enquanto, Michelle Chechter diz que n�o est� concedendo entrevistas. Pelas seus endere�os nas redes sociais, � poss�vel constatar que ela apoia o tratamento precoce para o coronav�rus, um conjunto de rem�dios sem comprova��o cient�fica preconizado para enfrentamento da doen�a, que em muitos casos t�m originado efeitos adversos graves. A ginecologista � apoiadora de Jair Bolsonaro, que tamb�m defende o chamado kit-COVID.
O "protocolo" adotado em Manaus foi criado pelo m�dico ucraniano-americano Vladimir Zelenko, que ganhou notoriedade em mar�o de 2020, quando sua defesa do uso da cloroquina contra a COVID-19 foi abra�ada pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump. Mesma postura que ganharia espa�o no Brasil.