
De acordo com o laudo necrosc�pico, o menino teve uma parada cardiorrespirat�ria e les�es graves na cervical e na lateral direita do corpo. O irm�o ficou ferido no antebra�o, mas passa bem. Segundo os policiais, testemunhas gritavam desesperadas pr�ximo ao cachorro. Mesmo depois de morto, vizinhos queriam estrangular o bicho, que foi recolhido por um t�cnico do Centro de Zoonoses do munic�pio para exames. As duas crian�as foram encaminhadas � unidade de pronto atendimento (UPA) de Luzi�nia. A ocorr�ncia foi registrada na 1ª Delegacia de Pol�cia da cidade.
Na avalia��o do delegado respons�vel pelo caso, Cassius Zamo, tudo indica que o ataque foi acidental. “Por enquanto, n�o foi identificada nenhuma responsabilidade, justamente porque o animal era de conv�vio da fam�lia por v�rios anos. H� informa��es de que as crian�as j� tiveram contato com o animal em muitos outros momentos”, explica.
De acordo com Zamo, o pai das crian�as, identificado como Andr� (sobrenome n�o revelado), 34 anos, contou � pol�cia que o cachorro, na verdade, pertencia ao cunhado, que morava na resid�ncia, e foi embora h� pouco tempo e deixou o animal na resid�ncia. “Infelizmente, acho que foi uma fatalidade. No depoimento do pai, ele destaca que o animal pertence � fam�lia h� muito tempo. Foi criado desde filhote pelo seu cunhado, que morava na resid�ncia. Ele se mudou h� dois dias. O cachorro vivia solto no quintal, convivia com as crian�as e dormia na varanda”, explica o delegado.
Os policiais conduziram o pai das v�timas, 34 anos, e uma testemunha para prestarem depoimento. “J� foram ouvidas duas pessoas da fam�lia. N�o conversamos ainda com outras pessoas, porque entendemos que esse momento � de dor. Vamos esperar alguns dias para falar com todos”, diz o delegado.
� reportagem, uma vizinha da fam�lia que n�o quis se identificar afirmou que todos da casa e da rua est�o extremamente abalados. “A fam�lia est� muito chocada. Hoje, eles passaram o dia fora de casa para resolver as coisas do enterro”, conta.
De acordo com o advogado Karlos Gad Gomes, especialista em direito penal, o caso pode ser enquadrado no artigo 31 da lei de contraven��es penais, por conta da omiss�o nos cuidados com o bicho. “A omiss�o na cautela � justamente isso: n�o tomar cuidado na guarda de animal. Deixar em liberdade, confiar a guarda de pessoa inexperiente ou n�o guardar com a devida cautela animal perigoso”, explica. A pena pode variar de dez dias a dois meses de pris�o simples. A pris�o simples � reservada para contraven��es penais — delitos de baix�ssimo potencial ofensivo. Ela n�o admite o regime fechado e n�o requer o cumprimento em estabelecimento com rigor prisional.
Cuidados
O m�dico veterin�rio comportamental Luis Olivio explica que existem animais com predisposi��o gen�tica para o ataque. “Pitbull, chow-chow e sharpei, por exemplo, s�o c�es que foram criados para combate, para rinha”, afirma.
Para o especialista, o per�odo em que o cachorro � filhote � fundamental para que seja feita uma sociabiliza��o adequada. De tr�s semanas a quatro meses de idade � o tempo ideal para ensinar um c�o a viver em sociedade. “Um dos principais motivos que ocorrem essas quest�es de agressividade � por conta de uma sociabiliza��o malfeita. Por�m, tamb�m pode ser falta das necessidades b�sicas: f�sica, mental, social e alimentar”, alerta o veterin�rio.
Traumas tamb�m contribuem para comportamentos intempestivos dos animais. Os cachorros podem atacar crian�as, adultos ou outros animais. “Geralmente, para o cachorro ter esse comportamento com crian�as, pode ser que ele n�o foi apresentado para elas. Ele n�o teve uma boa sociabiliza��o, e quando ele se v� perante uma crian�a que est� correndo, balan�ando os bra�os, por exemplo, o instinto dele de preda��o acaba sendo ativado. Ou pode ser por medo tamb�m”, conclui.
