
Nessa quarta-feira (2/6), al�m do v�deo, o CFM j� havia emitido nota de rep�dio sobre o tema. O documento � subscrito por Conselhos Regionais de Medicina (CRMs). Nas imagens propagandeadas por Bolsonaro, Mauro Ribeiro argumenta que o coronav�rus desperta d�vidas.
“N�o temos certeza sobre nada em rela��o a essa doen�a desconhecida. Temos todas as d�vidas do mundo. Esse � o ponto”, diz.
- O Presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Dr. Mauro Ribeiro, classifica a CPI como t�xica e vergonhosa.
%u2014 Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) June 3, 2021
- Falta coragem moral para a maioria de seus integrantes para apurar desvios de recursos e ouvir autoridades como, p. ex., o Presidente do CFM. pic.twitter.com/eqQB4svwj2
O infectologista, epidemiologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Geraldo Cunha Cury, por�m, lembra que h� a��es comprovadamente eficazes para barrar o v�rus. “Existem muitas d�vidas em rela��o ao coronav�rus, mas existem certezas cient�ficas: n�o existe tratamento precoce e precisamos de mais vacinas contra a COVID-19 com urg�ncia”, rebate.
“No Brasil temos que usar m�scara, manter distanciamento social e higiene das m�os at� que aproximadamente 70% dos brasileiros estejam vacinados”, completa o especialista.
Nesta semana, al�m da m�dica Luana Ara�jo, que deixou o Minist�rio da Sa�de ap�s passagem rel�mpago e “extraoficial”, a CPI tomou o depoimento da oncologista Nise Yamaguchi, defensora da cloroquina, rem�dio sem efic�cia para tratar a enfermidade. Ela foi inquirida por parlamentares que contestam a tese do “tratamento precoce”, sem evid�ncias cient�ficas que atestam seu sucesso.
Mauro Ribeiro afirmou que Nise Yamaguchi foi “destratada” pelos congressistas. Ele tamb�m reclamou do tratamento dado � m�dica Mayra Pinheiro, secret�ria do Minist�rio da Sa�de pejorativamente chamada de “capit� cloroquina”.
Ribeiro teceu fortes cr�ticas ao m�dico e senador Otto Alencar (PSD-BA), que repudiou duramente a conduta de Nise ante a COVID-19.
“Infelizmente, o CFM fala em ambiente t�xico na CPI. Entretanto o que aconteceu no depoimento da doutora. Yamaguchi foi que ela n�o respondia �s perguntas e gastava tempo dos 15 minutos que cada senador tinha sem responder ao que tinha sido perguntada”, sustenta Geraldo Cunha Cury.
Mais cr�ticas
Quem tamb�m mostrou descontentamento com as declara��es de Mauro Ribeiro foi Gerson Salvador, infectologista do Hospital da Universidade de S�o Paulo (USP) e especialista em sa�de p�blica.Ele saiu em defesa da apura��o conduzida pelo Senado Federal e gravou v�deo contestando os posicionamentos do dirigente do conselho. “O senhor deveria ter obriga��o de zelar pelo cumprimento �tico da medicina. O senhor n�o � representante dos m�dicos. O CFM � uma autarquia p�blica e o senhor tem responsabilidade com isso. A CPI tem sido instrumento para averiguar os desvios na condu��o da pandemia”, protestou.
Salvador aproveitou para apontar contradi��es no comportamento da entidade m�dica.
“Gostaria de saber onde estava o presidente do Conselho Federal de Medicina quando o Minist�rio da Sa�de divulgou tratamentos ineficazes, inclusive com prescri��o por aplicativo, ferindo frontalmente a autonomia do m�dico. Gostaria de saber porque o Conselho Federal de Medicina n�o se pronunciou quando o presidente da Rep�blica disse que n�s somos escravos de protocolo. Ou quando o governo federal foi a Manaus, com falta de oxig�nio, entregar cloroquina para tratar coronav�rus”.
Resposta a Mauro Ribeiro, presidente do Conselho Federal de Medicina. O CFM n�o � entidade representativa de m�dicos, � um AUTARQUIA P�BLICA que tem obriga��o de zelar pelo exerc�cio �tico da medicina como meio de proteger a sociedade. N�o te autorizo a falar em meu nome. pic.twitter.com/LccsV9AWro
%u2014 Gerson Salvador (@gersonsalvador) June 3, 2021
Na nota que publicou em seu site, o CFM alega falar “em nome dos mais de 530 mil m�dicos brasileiros”. Incomodado com a generaliza��o, o cardiologista Marcio Bittencourt, da USP, subiu o tom ao reclamar. “Desculpe, n�o sou um dos 530 (mil). Solicito uma recontagem que inclua somente os m�dicos com voca��o de capacho do governo como o presidente do conselho”, escreveu.
Desculpe, n�o sou um dos 530. Solicito uma recontagem que inclua somente os m�dicos com voca��o de capacho do governo como o presidente do conselho.
%u2014 Marcio S Bittencourt (@MBittencourtMD) June 3, 2021
Presidente do CFM pede para depor
Mauro Ribeiro quer, a todo custo, ir � CPI. Segundo o dirigente, “deputados, senadores, jornalistas e procuradores” t�m sido escutados sobre o combate � epidemia.
“Todos falam, hoje, sobre tratamento, sobre lockdown e sobre a doen�a COVID. Os �nicos que n�o est�o sendo ouvidos s�o os m�dicos brasileiros, os enfermeiros, os t�cnicos de enfermagem, os fisioterapeutas, as assistentes sociais, os psic�logos e os dentistas”.
Ele disse ter enviado of�cio ao presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que n�o comp�e a comiss�o, protestando contra o ambiente dos trabalhos. Ao comentar o v�deo do presidente do CFM, Jair Bolsonaro voltou a alfinetar os participantes do comit�, dizendo que falta “coragem moral” aos parlamentares para concretizar a oitiva de Ribeiro.
O que � uma CPI?
O que a CPI da COVID investiga?
Saiba como funciona uma CPI
O que a CPI pode fazer?
- chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
- convocar suspeitos para prestar depoimentos (h� direito ao sil�ncio)
- executar pris�es em caso de flagrante
- solicitar documentos e informa��es a �rg�os ligados � administra��o p�blica
- convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secret�rios, no caso de CPIs estaduais — para depor
- ir a qualquer ponto do pa�s — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audi�ncias e dilig�ncias
- quebrar sigilos fiscais, banc�rios e de dados se houver fundamenta��o
- solicitar a colabora��o de servidores de outros poderes
- elaborar relat�rio final contendo conclus�es obtidas pela investiga��o e recomenda��es para evitar novas ocorr�ncias como a apurada
- pedir buscas e apreens�es (exceto a domic�lios)
- solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados
O que a CPI n�o pode fazer?
Embora tenham poderes de Justi�a, as CPIs n�o podem:
- julgar ou punir investigados
- autorizar grampos telef�nicos
- solicitar pris�es preventivas ou outras medidas cautelares
- declarar a indisponibilidade de bens
- autorizar buscas e apreens�es em domic�lios
- impedir que advogados de depoentes compare�am �s oitivas e acessem
- documentos relativos � CPI
- determinar a apreens�o de passaportes

A hist�ria das CPIs no Brasil
CPIs famosas no Brasil
1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor
1993: CPI dos An�es do Or�amento (C�mara) - apurou desvios do Or�amento da Uni�o
2000: CPIs do Futebol - (Senado e C�mara, separadamente) - rela��es entre CBF, clubes e patrocinadores
2001: CPI do Pre�o do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formula��o dos valores
2005: CPMI dos Correios - investigar den�ncias de corrup��o na empresa estatal
2005: CPMI do Mensal�o - apurar poss�veis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo
2006: CPI dos Bingos (C�mara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro
2006: CPI dos Sanguessugas (C�mara) - apurou poss�vel desvio de verbas destinadas � Sa�de
2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar poss�vel corrup��o na estatal de petr�leo
2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comit� organizador da Copa do Mundo de 2014
2019: CPMI das Fake News - dissemina��o de not�cias falsas na disputa eleitoral de 2018
2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do C�rrego do Feij�o