
E � justamente para Deus que os familiares das v�timas da chacina no Incra 9 se viram nesse momento de dor. Um sobrinho de Cleonice Marques, que pediu para ter o nome preservado, conversou com a reportagem, ainda em estado de choque. “A fam�lia est� um pouco aliviada. � uma hist�ria de trag�dia. S� Deus, mesmo, agora. Eles eram muito trabalhadores, at� o mais novinho (Carlos Eduardo, 15 anos). Ficavam sempre na ch�cara, quase n�o sa�am. Eram pessoas humildes, muito reservadas e tranquilas”, lamenta o parente das v�timas.
Segundo o sobrinho, os familiares ficaram sabendo da morte de L�zaro pela televis�o. “Foi um susto e um pouco de al�vio, na hora. Agora, precisamos esperar”, conta, lembrando que as investiga��es est�o sendo feitas pela pol�cia e n�o � poss�vel afirmar que L�zaro agiu sozinho nos assassinatos. “N�o consigo nem imaginar o que ela (Cleonice) sofreu. Todo mundo ficou sem entender o porqu� de tanta viol�ncia. Foi muita covardia, muita crueldade com uma fam�lia s�, sem motivo nenhum”, argumenta o sobrinho de Cleonice, sequestrada por L�zaro em 9 de junho e encontrada morta tr�s dias depois.
Os representantes da fam�lia Marques Vidal n�o esperavam a conclus�o do caso com o falecimento do criminoso. “Infelizmente, houve uma morte. N�o h� de se comemorar quando h� uma morte, mas a fam�lia se sente um pouco mais tranquila (pela morte de L�zaro). Mas sabemos, muito bem, que ele n�o agia sozinho, outras pessoas davam cobertura e financiavam os crimes. Ent�o, vamos deixar a pol�cia trabalhar, � claro, e, com certeza, v�o achar os demais comparsas que o ajudaram”, afirma F�bio Alves, advogado da fam�lia Vidal.
Visita � ex-mulher
A ex-mulher de L�zaro, Luana, 30 anos, contou em entrevista ao Correio Braziliense que o ex-marido a visitou, na noite de domingo (27/6), por volta das 20h, para entreg�-la R$ 300. “Ele chegou, me chamou, daqui, do port�o, que estava fechado. A gente conversou, e ele entregou o dinheiro para mim. Disse que era para eu cuidar do nen�m e que iria para Bras�lia. Depois saiu, demorou alguns segundos e voltou. Nessa hora, os cachorros come�aram a latir”, relata.
Luana conta que L�zaro n�o chegou a ver o filho do casal, que tem 3 anos e 9 meses, na visita. O menino estava com Isabel, m�e de Luana e ex-sogra de L�zaro. “Por volta das 21h30, a pol�cia chegou aqui. Eles arrombaram a porta, e um dos policiais me deu um tapa, dizendo que eu estava mentindo para eles e escondendo o L�zaro. Isso foi muito constrangedor”, detalha Luana.
Ela recebeu a not�cia da morte de L�zaro pela imprensa, enquanto aguardava na delegacia. A equipe de reportagem entrou em contato com a Secretaria de Seguran�a P�blica de Goi�s, a respeito da a��o truculenta dos policiais na casa da ex-mulher de L�zaro, no entanto, at� o fechamento desta edi��o, a pasta n�o havia se posicionado.
Inoc�ncia
O filho de L�zaro n�o sabe que o pai foi morto. Enquanto o homem visitava a fam�lia, a crian�a dormia no quarto com a av� e n�o acordou quando os agentes visitaram a casa. Durante o almo�o, a mulher lembra que a not�cia sobre a morte de L�zaro passou na televis�o. “Ele (o filho de L�zaro) apontou para a tev� e disse: ‘olha, o papai, eu amo muito ele’”, diz. Isabel ressalta que o menino ainda n�o entende o ocorrido. A ex-sogra de L�zaro conta que, no momento em que o menino disse isso, uma amiga da fam�lia chegou a se emocionar. “Ele � uma crian�a, n�o sabe o que est� acontecendo”, defende a av� do menino.
Tranquilidade para moradores

A manicure Luciana Barcelos de Oliveira Pureza, 47 anos, e o porteiro Jos� Fernandes Pureza, 49, chegaram em �guas Lindas de Goi�s h� 15 dias. O casal morava no Rio de Janeiro. Com a morte de L�zaro, a mudan�a de cidade poder� ser finalmente desfrutada. “N�s viemos procurando sossego, para tentar uma nova vida aqui”, explica Luciana. Os dois sabiam que o assassino da fam�lia Vidal estava em fuga, mas desconheciam a regi�o onde vivem agora.
“Ficamos impressionados e apavorados com essa situa��o. Sab�amos que isso (buscas por L�zaro) estava acontecendo, mas n�o sab�amos que era aqui”, descreve Jos�, acrescentando que o casal n�o conseguiu pegar no sono da noite de domingo (27/6) para segunda-feira (28/6). “Escutamos barulhos pela janela, uma coisa horr�vel”, lembra Luciana. “Agora, podemos sair, levar as crian�as ao parque”, relata a manicure. “Foi uma batalha, mesmo. Achei que a pol�cia trabalhou bem, com intelig�ncia”, opina Jos�.
Em Ilha Bela, bairro de �guas Lindas, perto de onde ocorriam as buscas por L�zaro Barbosa, Maria Eliane Souza, 34, n�o conseguia dormir ap�s 1h. “Era muito barulho das viaturas e dos helic�pteros sobrevoando o local. L� em casa, n�o tem cerca, � tudo aberto. Ficamos com muito medo”, conta. Para tentar se proteger, Maria empurrou o sof� da casa contra a porta, mas s� se sentiu segura para sair com a not�cia da morte de L�zaro. “A gente fica apreensiva. Agora que tudo acabou, aos poucos, vamos superando o medo”, adianta.
A fam�lia de Leonardo Oliveira da Silva, 26, chacareiro do Bairro de Maranata, em �guas Lindas, sentiu na pele a tens�o das buscas por L�zaro. Por volta das 9h dessa segunda-feira (28/6), Leonardo colhia alho-por� com a esposa, Eleize Oliveira da Silva, 26, quando ouviu tiros. “Foram tr�s helic�pteros sobrevoando, ficamos assustados. Foram muitas rajadas”, destaca Leonardo. Ele e a esposa estavam com as duas filhas, de 5 e 3 anos, brincando pr�ximas � horta.
“Sempre as deixamos por perto, justamente, por isso, para evitar que algo aconte�a. Quando os tiros come�aram, minha esposa come�ou a ficar nervosa, e as meninas ficaram muito assustadas”, relata Leonardo. Eleize confessa que a fam�lia sequer imaginava a presen�a de L�zaro nas proximidades. “Pens�vamos que ele estava para Cocalzinho, para o rumo de l�. Ontem (domingo) mesmo, por volta das 15h, a gente tinha ido pescar no c�rrego que fica atr�s da propriedade, perto do local onde devem ter ocorrido os tiros”, destaca.
