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Estado de Minas DIA INTERNACIONAL DA SUPERDOTA��O

Mais de 24 mil crian�as no Brasil s�o superdotadas, mostra censo

A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) diz que 5% da popula��o t�m algum tipo de alta habilidade ou superdota��o


10/08/2021 15:51

Pai e mãe de Pedro tiveram ajuda da escola para confirmar inteligência avançada do garoto de nove anos(foto: Arquivo pessoal/Fernanda Iara Gonzalez)
Pai e m�e de Pedro tiveram ajuda da escola para confirmar intelig�ncia avan�ada do garoto de nove anos (foto: Arquivo pessoal/Fernanda Iara Gonzalez)
Muito prazer na leitura, nos estudos e notas altas na escola. Pensamento r�pido e apurado, vocabul�rio amplo, talento para resolver equa��es, criatividade extrema, racioc�nio avan�ado, foco e aten��o preciosos e alta sensibilidade. Essas s�o algumas das caracter�sticas das crian�as superdotadas, que comemoram nesta ter�a-feira (10) o Dia Internacional da Superdota��o. Habilidades incluem aptid�o para atividades intelectuais, art�sticas ou esportivas que parecem ser inatas, uma vez que essas pessoas apresentam tais caracter�sticas sem que se possa explicar como aprenderam.

No Brasil, de acordo com o Censo Escolar 2020, h� 24.424 estudantes com perfil de altas habilidades/superdota��o matriculados na educa��o especial, mas o n�mero real pode ser ainda maior.

A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) diz que 5% da popula��o t�m algum tipo de alta habilidade ou superdota��o. Segundo o Minist�rio da Educa��o (MEC), se forem considerados os mais de 47 milh�es de alunos da educa��o b�sica (Censo Escolar, Inep 2020) cerca de 2,3 milh�es de estudantes devem compor esse grupo.

O �ndice de identifica��o desse segmento ainda � baixo no Brasil, ou seja, acredita-se que existem muitos mais estudantes com altas habilidades ou superdota��o do que o n�mero geralmente revelado no Censo Escolar.  "Esse � o principal desafio para a �rea na Educa��o Especial: identificar precocemente esses estudantes e oferecer atendimento adequado, com servi�os e recursos especializados", informou em nota o MEC.

O teste de quociente de intelig�ncia (QI) n�o � o �nico meio para identificar uma crian�a superdotada, h� diferentes m�todos, mas algumas caracteristicas j� podem apontar altas habilidades e/ou superdotada, explica o psic�logo Alexander Bez, profissional com especializa��es em sa�de mental nas universidades de Miami e da Calif�rnia.

"As caracter�sticas das crian�as superdotadas s�o bem diferenciadas. A habilidade em aprender r�pido � sempre incontest�vel. Elas t�m facilidade em desenvolver um vocabul�rio mais amplo, maior interesse no aprendizado, como tamb�m em assuntos gerais".

O teste de QI � uma escala que ajuda a avaliar e comparar a habilidade de diferentes pessoas em algumas �reas do pensamento, como matem�tica b�sica, racioc�nio ou l�gica, por exemplo. Crian�as acima de 140 QI s�o superdotados e crian�as acima de 180 QI s�o consideradas g�nio.

De acordo com o especialista, outras caracter�sticas podem indicar alto potencial em crian�as: 

- Capacidade inicial de ler, aprender e compreender as coisas rapidamente

- Pode ficar intensamente absorvido em t�picos de interesse, ao mesmo tempo em que fica alheio aos eventos ao redorObserva��o agu�ada, curiosidade e tend�ncia a fazer perguntas

- Desenvolvimento precoce de habilidades motoras (por exemplo, equil�brio, coordena��o e movimento)

- Capacidade de pensar abstratamente, mostrando sinais de criatividade e inventividade

- Encontra alegria em descobrir novos interesses ou apreender novos conceitos

- Uso inicial de vocabul�rio avan�ado

- Reten��o de variedade de informa��es

- Mostra independ�ncia, autossufici�ncia e responsabilidade na realiza��o de tarefas

- Capacidade de visualizar situa��es de perspectivas variadas e explorar abordagens alternativas

No pa�s, a Associa��o Paulista para Altas Habilidades/Superdota��o realiza essa triagem. Outro local que tamb�m trabalha nessa identifica��o � a social edtech CogniSigns, com atua��o alinhada aos determinantes sociais da sa�de.

O Conselho Brasileiro para a Superdota��o (ConBraSD) considera que testes psicom�tricos, como a aplica��o do WISC IV para a aferi��o do QI, invent�rios de caracter�sticas, observa��o do comportamento, entrevistas com a fam�lia e professores, assim como alguns testes informais para estabelecimento de v�nculo entre avaliador e avaliado, s�o alguns exemplos de procedimentos que podem ser adotados. Mais informa��es sobre superdota��o est�o no e-book 10 perguntas e respostas do ConBraSD. 

Educa��o Especial
 
A composi��o do p�blico da educa��o especial encontra-se definida em diversos marcos legislativos, entre os quais a Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Art. 58).  Entende-se por educa��o especial a modalidade oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educandos com defici�ncia, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdota��o. Por meio de recursos e servi�os especializados, a educa��o especial promove a��es que visam a atender �s demandas de seu p�blico, bem como apoiar os sistemas de ensino no atendimento educacional especializado. 

Segundo informou o Minist�rio da Educa��o, as altas habilidades ou superdota��o s�o evidenciadas em qualquer lugar, mas, no caso dos estudantes que apresentam caracter�sticas na escola, s�o consideradas suas habilidades acima da m�dia, o envolvimento com a tarefa, sua criatividade, o ritmo de aprendizagem, a qualidade dos produtos que apresentam para evidenciar a aprendizagem, assim como o modo como se relacionam interpessoalmente.

O processo de identifica��o geralmente � feito pela escola, contando com a participa��o dos t�cnicos da educa��o especial, que atuam na sala de recursos, dos demais profissionais da escola, das equipes multiprofissionais e dos t�cnicos do N�cleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdota��o (NAHHS), quando o sistema de ensino tem a disponibilidade desse n�cleo.

O processo come�a com a indica��o das altas habilidades ou superdota��o do aluno, quando s�o percebidas pela fam�lia, pelos professores, pelos colegas ou pelo pr�prio estudante.

A avalia��o � feita por equipe multidisciplinar e compreende aspectos cognitivos, acad�micos, sociais e emocionais, entre outros. O processo de identifica��o tem dura��o vari�vel, podendo chegar at� mesmo a um ano; ao final, � emitido um relat�rio comprovando a identifica��o e referenciando as �reas de altas habilidades ou superdota��o do estudante.

Segundo informou a pasta, "espera-se que o estudante seja inserido em programas oferecidos pelo pr�prio sistema de ensino, como o atendimento em sala de recursos ou mesmo no N�cleo de Altas Habilidades. H� tamb�m localidades que disp�em de programas oferecidos por iniciativa da sociedade civil ou por institui��es de ensino superior, para atendimento a esse p�blico". 

A fam�lia pode buscar fora da escola o processo de identifica��o por meio de profissionais especializados. Ao ser identificado, o estudante dever� receber o acompanhamento com recursos e servi�os de educa��o especial, a fim de que o seu potencial seja valorizado e para que n�o se sinta desmotivado em sua trajet�ria acad�mica. 

Na opini�o do psic�logo Alexandre Bez, estudar em uma escola especial n�o � necess�rio para esses estudantes, embora seja estimulante. "Uma crian�a superdotada geralmente vai atr�s de seus objetivos. Mas, psicologicamente, possuir pares equivalentes sempre confere uma qualidade a mais para que est�mulos espec�ficos possam ser desencadeados. As crian�as superdotadas s�o intelectualmente diferenciadas. Dessa forma, ter pares especiais com o mesmo talento nato ajuda a aumentar os desafios, impulsionando os talentos naturais que elas j� possuem".

Superdotado
Os pais do estudante Pedro, hoje com 9 anos, tiveram ajuda da escola em que o garoto estudava para confirmar sua intelig�ncia avan�ada. "Pedro sempre demonstrou interesse pelos estudos, aprendeu a ler e escrever aos 4 anos de idade, ainda na educa��o infantil. Quando ele tinha 7 anos, fui convidada a participar de uma reuni�o com os pedagogos e professores da escola para conversarmos a respeito da intelig�ncia avan�ada do Pedro", contou a m�e, a pedagoga Fernanda Iara Gonzalez.

A escola indicou um aux�lio oferecido pela prefeitura S�o Jos� dos Campos (SP), onde mora a fam�lia, para crian�as com tra�os de autodidata. "Por�m, com o in�cio da pandemia n�o conseguimos esse acompanhamento", lamentou Fernanda.

Atualmente, Pedro n�o est� em uma escola especial para superdotados, mas os pais  o transferiram para outra institui��o. "Mudamos ele de escola para melhor aproveitamento e acompanhamento. Ele estudava em escola municipal, hoje estuda em ensino particular", acrescenta.

Desvantagens
Dependendo do universo em que a crian�a vive e sua diferencia��o, eventuais manifesta��es depressivas podem ser recorrentes, alerta o psic�logo. "Sem ter um preparo especial, essa crian�a pode ter problemas tamb�m de coloca��o profissional, por isso � importante o apoio familiar. Sem apoio, ela pode ficar desmotivada e perder o interesse em certas coisas, como tamb�m por ser superdotada - pode haver incongru�ncias nas amizades, principalmente no que tange � faixa et�ria e ao grupo social em que vive".

Al�m disso, o perfeccionismo pode trazer componentes emocionais negativos � vida da crian�a. "A press�o em lidar com as expectativas dos pais pode ser bem contraproducente. Eles tamb�m podem ter intensa sensibilidade, pela falta de amigos compat�veis com a sua esfera intelectual, o que pode gerar dificuldade ao se agrupar socialmente. Essa situa��o pode gerar conduta de autoisolamento. Outros pontos podem ser timidez excessiva e dificuldade para relacionamentos �ntimos-conjugais", diz Bez. 

Segundo os pais de Pedro, com o in�cio da pandemia o garoto ficou mais ansioso. "Ele j� era uma crian�a extremamente ansiosa, teve seu quadro intensificado e, em alguns momentos, tivemos muita dificuldade para ajud�-lo. Mostrou tamb�m dificuldade de lidar com seus pr�prios sentimentos e emo��es. Por sorte, ele � muito tranquilo, amoroso e educado, o que ajuda bastante a dialogarmos".

A fam�lia tem dado muito apoio � crian�a. "Al�m da mudan�a de escola, Pedro, eu e o pai [o supervisor de produ��o Rafael Mariano Nogueira] fazemos acompanhamento com terapeuta, o que tem nos ajudado bastante a compreender a diferen�a de racioc�nio e o tempo dele em rela��o a tudo. Assim conseguimos ajud�-lo com mais consci�ncia nesse processo de autoconhecimento, para que consiga ter maior dom�nio em rela��o �s expectativas e descobertas, j� que ele tem apenas 9 anos", afirma Fernanda. 

Apoio familiar
Ao ter uma crian�a diagnosticada com superdota��o, a compreens�o da fam�lia � necess�ria para proporcionar todo o apoio e aten��o. "O apoio da fam�lia � essencial. N�o se escolhe ser g�nio ou superdotado diferenciado, se nasce. Esse apoio familiar ser� altamente motivador, coibindo todas e quaisquer frustra��es que poderiam aparecer", refor�a o psic�logo.

Nesse sentido, a presen�a da fam�lia, em especial, as a��es do pai e da m�e, t�m que ser sempre incentivadoras e motivacionais, como tamb�m apoiadoras. "A preval�ncia da harmonia no lar � fundamental para a crian�a ter uma ambiente saud�vel, sem estresse", diz o especialista. 

Mesmo com apenas 9 anos, Pedro j� diz qual carreira pretende seguir. "Ele sempre demonstrou interesse e facilidade pela �rea de inform�tica e engenharia. Mesmo sendo muito novo, fala que essas s�o suas op��es para seguir carreira", conta a m�e.

PNEE
O governo federal lan�ou em 2020 a nova Pol�tica Nacional de Educa��o Especial para ampliar o atendimento educacional especializado a mais de 1,3 milh�o de educandos com defici�ncia, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdota��o. 

Por meio da PNEE, os sistemas de ensino estaduais e municipais poder�o receber apoio para instalar salas de recursos multifuncionais ou espec�ficas, dar cursos de forma��o inicial ou continuada de professores, melhorar a acessibilidade arquitet�nica e pedag�gica nas escolas, e ainda criar ou aprimorar centros de Servi�o de Atendimento Educacional Especializado. A ades�o de estados e munic�pios � volunt�ria.

O Decreto nº 7.611/2011  estabelece que os sistemas de ensino que tenham estudantes com altas habilidades ou superdota��o, matriculados em classes comuns e em salas de recursos, onde participam do atendimento educacional especializado no contraturno, j� recebem duplamente o valor relativo ao financiamento da educa��o, por meio do Fundo de Manuten��o e Desenvolvimento da Educa��o B�sica e de Valoriza��o dos Profissionais da Educa��o (Fundeb). 

Outro programa fundamental � a Forma��o Continuada de Professores e Profissionais de Educa��o na �rea da educa��o especial. O MEC constantemente desenvolve cursos, em parceria com institui��es federais de ensino, envolvendo as diversas �reas, inclusive as altas habilidades ou superdota��o visando � forma��o continuada de docentes da educa��o b�sica. O MEC tamb�m apoia t�cnica e financeiramente estados, o Distrito Federal (DF) e munic�pios para a oferta de cursos de forma��o continuada de professores, por iniciativa dos entes federados, no �mbito do Plano de A��es Articuladas, em busca das metas pactuadas no Plano Nacional de Educa��o.

H� tamb�m o Programa Sala de Recursos Multifuncionais, cujo principal objetivo � a aquisi��o de materiais did�ticos e pedag�gicos, equipamentos de tecnologia para as salas de recursos (atualmente s�o mais de 31 mil salas), para atender �s especificidades pedag�gicas dos estudantes da Educa��o Especial, matriculados nas escolas p�blicas das redes estaduais, do DF e municipais. No ano de 2020 foram destinados R$ 254 milh�es para compor novas salas de recursos ou equipar as existentes.

Tamb�m o Programa Escola Acess�vel, implementado no �mbito do Programa Dinheiro Direto na Escola, busca promover condi��es de acessibilidade n�o apenas ao ambiente f�sico, mas, aos recursos did�ticos e pedag�gicos e � comunica��o e informa��o nas escolas p�blicas de ensino regular. Em 2021, o aporte previsto � de R$100 milh�es, que ser�o empenhados para beneficiar cerca de 4.500 escolas.


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