Mesmo com o estelionat�rio detido em Caucaia (CE), a cerca de 16km da capital cearense, integrantes do Grupo de Repress�o a Crimes Patrimoniais (Gepatri) da Pol�cia Civil de Goi�s (PCGO) cumpriram o pedido da Justi�a goiana e enviaram o documento � do Cear�, para evitar que David seja liberado.
Natural de Fortaleza, David fingia ser analista da Receita Federal e fez v�timas em Goi�s, Mato Grosso, Roraima, Santa Catarina, no DF e no Entorno. At� o momento, a pol�cia identificou 90 delas. O acusado era conhecido pelos apelidos de Berlim e Alem�o, devido ao fato de ser loiro e ter olhos claros.
Para enganar os alvos, David dizia ter acesso a bens apreendidos pela Receita Federal e pela Fazenda dos estados. Na sequ�ncia, oferecia aparelhos eletr�nicos e itens importados de alto custo �s v�timas. As vendas, por�m, ocorriam por valores abaixo do mercado, segundo a PCGO.
Golpes
Com a promessa de entregar celulares, notebooks, perfumes importados e computadores, David recebia transfer�ncias banc�rias das v�timas. Na data combinada, ele n�o aparecia. Al�m disso, usava contas banc�rias de terceiros, que repassavam os valores a ele, segundo a Pol�cia Civil.
O delegado Leonilson Pereira afirma que o investigado mudava de estado constantemente e, por isso, aplicava golpes por todo o Brasil. Onde chegava, procurava mulheres para ter relacionamentos amorosos e as persuadia a encontrar poss�veis v�timas - normalmente, pessoas do conv�vio delas.
Por conquistar a confian�a das companheiras e das v�timas, o criminoso ganhou um terceiro apelido: Don Juan. "Durante as investiga��es, tivemos acesso a imagens que demonstram uma vida de luxo que o acusado levava. (Ele) exibia viagens, andan�as em carros de luxo e manuseio de altos valores em dinheiro, menosprezando, inclusive, a atividade policial que o investigava", afirmou o delegado Leonilson.
Para tornar a atua��o cr�vel, o estelionat�rio postava fotos nas redes sociais como servidor p�blico e enviava imagens usando um uniforme de trabalho para as vitimas.
Pris�es
Em 15 de junho, a Pol�cia Civil do Cear� (PCCE), por meio da Delegacia de Defrauda��es e Falsifica��es (DDF), prendeu o estelionat�rio em Fortaleza, no bairro Papicu. David foi detido no apartamento de uma namorada, que n�o sabia dos antecedentes criminais do companheiro.
At� o momento, a PCCE identificou duas v�timas do criminoso no estado. Uma delas se envolveu com o suspeito e repassou a ele uma quantia referente a pec�nias para que ele financiasse dois ve�culos de luxo. A segunda deu R$ 80 mil para o estelionat�rio. Ele dizia que o valor seria usado para compra de bens em leil�es da Receita Federal.
No apartamento onde David estava, os policiais civis encontraram dinheiro, cart�es de banco, documentos de terceiros, contratos, planilhas e at� um carimbo com nome da Receita Federal. Na delegacia, ele foi autuado em flagrante por estelionato, falsidade ideol�gica, uso de documento falso e lavagem de dinheiro.
Defesa
David foi preso pela primeira vez pela Pol�cia Civil de Roraima (PCRR), em fevereiro de 2017, tamb�m por estelionato. � �poca, a institui��o informou que ele era investigado desde 2014. Quando da pris�o em flagrante, a pol�cia havia identificado mais de 70 v�timas e, depois, outras apareceram na delegacia para reconhecimento do estelionat�rio.
� reportagem, o advogado de David, Roberto Castelo Branco, afirmou que David n�o apresenta amea�a � sociedade, pois "nunca cometeu agress�es f�sicas". "A defesa elabora um documento de revoga��o do pedido de pris�o preventiva da PCGO, pois entende que ele preenche requisitos e tem condi��es de responder ao processo em liberdade. Em seguida, entraremos com pedido de habeas corpus", adiantou Roberto.
O Tribunal de Justi�a do Cear�, por meio de nota, informou � reportagem que um processo tramita contra o r�u no estado, na 2ª Vara Criminal de Fortaleza, al�m de um inqu�rito policial, em an�lise pelo Minist�rio P�blico cearense (MPCE). Os dois documentos envolvem crimes de estelionato.
A atualiza��o mais recente do processo ocorreu em 4 de agosto, quando a 2ª Vara Criminal intimou o MPCE e a defesa do acusado para participar da primeira audi�ncia na Justi�a. A oitiva ocorrer� por videoconfer�ncia, devido � pandemia da covid-19, e ter� depoimentos das testemunhas de defesa e de acusa��o.