
O f�ssil estava incorporado na cole��o do Museu de Hist�ria Natural da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos. No local, era estudado pelo paleoaracn�logogo brit�nico, Paul Selden, e o doutorando Matthew Downen.
Al�m da ic�nica Cretapalpus vittari, outros 35 aracn�deos do Araripe foram devolvidos ao Brasil e est�o no Museu de Paleontologia Pl�cido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri-CE.
Por que os f�sseis foram enviados para fora do Brasil?
Segundo os pesquisadores, a coleta e a exporta��o foram cedidas pelo �rg�o respons�vel. Na �poca da escava��o, ainda na d�cada de 1990, a responsabilidade era do Departamento Nacional de Produ��o Mineral (DNPM), hoje representado pela Ag�ncia Nacional de Minera��o.
"� �poca, havia poucos especialistas em aranhas f�sseis, e nenhum no Brasil, por isso o material foi levado para uma cole��o cient�fica no exterior", explicou Seden.
Foi somente em junho deste ano, ap�s a publica��o de um estudo descrevendo a aranha na renomada revista Journal of Arachnology que o fato ficou conhecido pelos paleont�logos brasileiros.
Dowen conta que um aluno do Museu Nacional do Rio de Janeiro entrou em contato com ele sobre a repatria��o dos f�sseis. "Apesar de ter a documenta��o legal para que esses f�sseis fossem levados para fora no passado, o museu decidiu devolv�-los ao seu pa�s de origem como um gesto de boa vontade internacional", fala Selden.
Repatria��o de f�sseis

"Depois que entramos em contato para pedir a devolu��o do hol�tipo, tivemos conhecimento dos demais 35 exemplares. Ent�o, � o primeiro registro de repatria��o de uma quantidade consider�vel de f�sseis de maneira amig�vel, sem a necessidade de envolver processos jur�dicos", diz o pesquisador brasileiro.
A esp�cie
Cretapalpus vittari
� o mais antigo representante da fam�lia Palpimanidea, grupo de aranhas com um primeiro par de pernas bem alongadas. Elas s�o, por exemplo, diferentes das caranguejeiras.
"Al�m disso, o f�ssil pertence a uma subfam�lia (Chediminae) que at� ent�o era desconhecida para a Am�rica do Sul, descrita a partir de registros na �frica, sudeste da �sia e no Oriente M�dio, o que significa que essas aranhas se dispersaram pelo grande continente Gondwana antes da sua separa��o", explica Downen.
Bantim enfatiza que a descoberta tem um grande potencial para a hist�ria evolutiva dos invertebrados, para a ci�ncia internacional e brasileira. "Aranhas s�o raras no registro f�ssil e, para a Am�rica do Sul, s� conhecemos os dep�sitos do Araripe com f�sseis de aranha”, comenta.
Os f�sseis do Araripe, em sua maioria, s�o extremamente preservados. Segundo o pesquisador, por isso s�o t�o visados no mercado internacional de tr�fico para cole��es privadas. “S�o f�sseis muito bem preservados, com muitos detalhes”, afirma.
J� Renato Ghilardi, presidente da Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP) e professor da Unesp de Bauru, a repatria��o � imprescind�vel para a preserva��o do patrim�nio cient�fico e natural do pa�s.
"� indiferente se quem publicou o artigo � alem�o, salvadorenho, australiano. N�s pedimos a repatria��o de f�sseis brasileiros para a preserva��o desse patrim�nio hist�rico-cultural e biol�gico", defende.
* Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Ellen Cristie.