
O dono da fazenda, Luiz Augusto Pinheiro de Souza, nega os maus-tratos. Ele afirma que alguns animais morreram de forma natural, por velhice.
O promotor de Justi�a de Brotas, C�ssio Serra Sartori, marcou uma reuni�o na pr�xima segunda-feira, 6, para an�lise do caso, com a presen�a do prefeito da cidade, do delegado da Pol�cia Civil, do comando da Pol�cia Ambiental e de representantes da ONG Ara - Amor e Respeito Animal, atual respons�vel pelos b�falos.
Ele pediu ainda a presen�a de um veterin�rio ligado � ONG. O promotor determinou o envio de c�pia do expediente ao Minist�rio P�blico do Trabalho (MPT) e � Pol�cia Federal para apura��o de eventual crime de trabalho an�logo ao de escravo na propriedade.
O drama dos animais foi revelado no dia 5 de novembro, quando a Pol�cia Militar Ambiental, ap�s receber den�ncias an�nimas, fiscalizou a fazenda e encontrou centenas de b�falos em situa��o de maus-tratos, debilitados devido � fome, sem conseguir se levantar, em uma �rea pequena.
Ao menos 22 animais j� estavam mortos, segundo o relat�rio. O propriet�rio foi multado em R$ 2,1 milh�es e chegou a ser preso, mas pagou fian�a de R$ 10 mil e responde em liberdade. Posteriormente ele recebeu novas multas por reincid�ncia nos maus tratos e por danos ao meio ambiente, perfazendo um total de quase R$ 4 milh�es em autua��es.
Por decis�o judicial, a tutela dos animais foi transferida � ONG Ara. O dono da fazenda e seus funcion�rios foram impedidos de intervir nos cuidados com os animais, j� que estariam atrapalhando o trabalho dos volunt�rios.
O promotor de Brotas realizou duas visitas � fazenda, a �ltima delas no dia 2 deste m�s, constatando que o trabalho realizado pela Pol�cia Civil e pela sociedade, sobretudo volunt�rios, m�dicos veterin�rios e organiza��es n�o governamentais, tem garantido a recupera��o de boa parte dos animais.
Nesta quinta, em sobrevoo � fazenda, a Pol�cia Ambiental encontrou uma carca�a aparentemente de um b�falo em uma lavoura de soja. Tamb�m encontrou dois animais vivos dentro de um ribeir�o, em local de dif�cil acesso. O resgate ser� feito por terra.
Os b�falos mais combalidos est�o sendo tratados em um hospital veterin�rio montado na fazenda. A ONG conseguiu autoriza��o para construir piscin�es na fazenda a fim de melhorar o bem estar dos animais.
O drama dos b�falos tem atra�do a aten��o das autoridades. O presidente da ONG Ara, Alex Parente, postou em sua rede social que, al�m do promotor C�ssio Sartori, o prefeito de Brotas, Leandro Correa (DEM), o vereador paulistano Roberto Tripoli (PV) e o delegado da cidade, Douglas Amaral, estiveram no local da fazenda em que os animais est�o sendo cuidados, nesta quinta-feira. Tamb�m compareceu a promotora de Justi�a Federal do Trabalho, Guiomar Guimar�es. "Foi um dia cheio de esperan�as e vit�rias", postou Parente.
Propriet�rio nega maus-tratos e contesta den�ncia
Atrav�s de seu advogado, o dono da fazenda, Pinheiro de Souza, negou os maus tratos e contestou a den�ncia de abandono dos animais, assim como os danos ambientais. Segundo ele, a propriedade trabalha com a cria��o de gado h� 50 anos e jamais havia sido acusada de maus-tratos.
Em raz�o da estiagem hist�rica que assola a regi�o desde 2020, associadas �s geadas deste ano, os pastos secaram, mas a alimenta��o das b�falas foi complementada com ra��o, sorgo e outros alimentos. Ele disse ter apresentado 48 notas fiscais comprovando a compra dos insumos.
Souza enviou fotos e v�deos mostrando a estrutura da fazenda, incluindo um bebedouro que fornece 7 mil litros de �gua por hora. Segundo ele, as vacas que morreram estavam velhas, ap�s terem procriado v�rios bezerros.
Ele tinha a op��o de enviar os animais ao matadouro, mas preferiu que morressem naturalmente, de velhice, recebendo cuidados na pr�pria fazenda. O pecuarista assumiu a cria��o dos b�falos em 2011 e, desde ent�o, direcionou o rebanho para a produ��o de leite, por isso as f�meas s�o a grande maioria. Atualmente, a maior parte do plantel de 1.056 animais tem entre 17 e 22 anos e j� � um rebanho velho.
Segundo o criador, as v�rias interven��es realizadas por ONGs e pela pol�cia na fazenda afetaram a estrutura do local e comprometeram a sa�de das vacas. Ele disse que os ativistas usaram machado para arrebentar os cadeados das porteiras.
Ao fazer a mudan�a dos b�falos para um local pr�ximo do hospital de campanha, eles permitiram que muitos animais invadissem uma lavoura de soja e se perdessem nos confins da fazenda. Souza disse que houve erros de interpreta��o por parte dos policiais.
Dois funcion�rios foram presos quando faziam a renova��o de um pasto degradado, usando um trator com grade, t�cnica comum nas fazendas de gado. Conforme o criador, a pol�cia entendeu que eles estavam estragando o pasto para matar os animais de fome.