(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas #PRAENTENDER

O que � viol�ncia obst�trica e o que fazer caso seja v�tima

A viol�ncia no parto pode ser verbal, f�sica ou sexual e muitas mulheres n�o sabem que algumas pr�ticas comuns s�o desnecess�rias ou at� proibidas. Veja v�deo


18/02/2022 18:00 - atualizado 18/02/2022 20:46


Sofrer algum tipo de viol�ncia obst�trica faz parte da realidade de muitas mulheres no Brasil. "Ah, vai ser s� um cortezinho para facilitar a sa�da da crian�a'"; ''Pra qu� sofrer e colocar seu filho em risco em trabalhos de parto que podem seguir horas a fio? Melhor fazer uma cesariana, t�o pr�tico''. Esses s�o alguns exemplos que voc� pode ter vivenciado ou possivelmente conhece alguma m�e que passou por isso. O que muitas mulheres n�o sabem � que, sem o consentimento delas, em muitos casos, essas pr�ticas s�o desnecess�rias ou at� proibidas.


O Estado de Minas conversou com Fernanda de Avila, advogada e ativista pelo direito da mulher; Paulo Noronha, m�dico obstetra; e Lilian Jochims, doula e educadora perinatal, #PRAENTENDER o que � viol�ncia obst�trica e o que fazer caso seja v�tima.

Leia tamb�m: 4 leis criadas em 2021 de prote��o �s mulheres

Levantamento Nascer no Brasil, da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), de 2012, mostra que 30% das mulheres atendidas em hospitais privados sofrem viol�ncia obst�trica. No Sistema �nico de Sa�de (SUS), 45%. O dado, apesar de ter uma d�cada, � o mais recente estudo divulgado sobre o tema.

Segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), viol�ncia obst�trica � a "apropria��o do corpo da mulher e dos processos reprodutivos por profissionais de sa�de, na forma de um tratamento desumanizado, medica��o abusiva ou patologiza��o dos processos naturais, reduzindo a autonomia da paciente e a capacidade de tomar suas pr�prias decis�es livremente sobre seu corpo e sua sexualidade, o que tem consequ�ncias negativas em sua qualidade de vida".

arte de capa do PraEntender
(foto: Arte EM)


Apesar de ser reconhecida pela OMS, n�o h� uma lei que criminalize a viol�ncia obst�trica no Brasil. Mas, em 2017, o governo federal lan�ou uma s�rie de diretrizes para humanizar o parto normal e reduzir o n�mero de interven��es consideradas desnecess�rias.

O documento foi elaborado por um grupo multidisciplinar, composto por m�dicos obstetras, m�dicos de fam�lia, cl�nicos gerais, neonatologista, anestesiologista e enfermeiras obst�tricas.

Os tipos de viol�ncia obst�trica

A viol�ncia obst�trica pode ocorrer de v�rias formas. Pode ser verbal, quando � humilhada, e tamb�m pode ocorrer de forma f�sica e/ou sexual, quando a mulher � submetida a interven��es desnecess�rias ou sem consentimento.

Com as diretrizes, o Minist�rio da Sa�de pretendia reduzir as altas taxas de interven��es desnecess�rias como a episiotomia (corte no per�neo), o uso de ocitocina (horm�nio que acelera o parto), a cesariana mal indicada, aspira��o naso-faringeana no beb�, entre outras.


Procedimentos no parto que devem ser evitados:

 

  • Uso do horm�nio ocitocina para acelerar a sa�da do beb�;
  • Cesariana;
  • T�cnica conhecida como "manobra de Kristeller";
  • Uso do f�rceps;
  • Lavagem intestinal antes do parto;
  • Raspagem dos pelos pubianos;
  • Rompimento da bolsa;
  • Episiotomia (corte no per�neo); 

''A gente sabe que a episiotomia n�o � para ser feita nunca. Ela n�o tem nenhuma evid�ncia cient�fica sobre ela, ela n�o protege o beb�, ela n�o favorece ou aumenta o canal de parto. A gente sabe que a episotomia podemos considerar uma mutila��o genital, � uma viol�ncia e, infelizmente, acontece na pr�tica m�dica di�ria porque s�o coisas que s�o passadas de um residente para o outro'', explicou o m�dico.

foto de perfil da barriga de uma grávida
Muitas pr�ticas consideradas 'comuns' nos partos s�o desnecess�rias ou proibidas (foto: Pixabay)


S�o ineg�veis os benef�cios dos avan�os na medicina que vieram para salvar vidas de m�es e beb�s. H� interven��es como a cesariana que, em muitos casos, s�o necess�rias. Question�vel � o uso indiscriminado do m�todo.

N�mero de ces�rias no Brasil

Dados do Painel de Indicadores de Aten��o Materna e Neonatal, feito pela Ag�ncia Nacional de Sa�de Suplementar, mostram que dos 287.166 partos realizados por planos de sa�de privados em 2019, 84,76% foram por cesariana.

Diversos fatores colaboram para que isso ocorra. Desde a falta de informa��o � cultura de autoridade inquestion�vel de profissionais da medicina.

''Voc� s� vai saber o que pode e o que n�o pode se voc� tiver a liberdade de questionar.  Culturalmente, a gente n�o questiona o m�dico. N�o questionar obst�trica fica muito pior porque voc� pode ser facilmente enganada e cair na cesariana em situa��o desnecess�ria", completou o m�dico. 


O que � o plano de parto?

O Plano de Parto pode ajudar a esclarecer as prefer�ncias da gestante. Trata-se de um texto, escrito pela mulher explicitando suas prefer�ncias de forma clara sobre o que gostaria e o que n�o gostaria que acontecesse durante o parto, p�s-parto e cuidados com o beb�. Isto inclui escolher onde a mulher quer ter seu beb�, a posi��o que gostaria de adotar, quem vai estar presente, quais s�o os procedimentos m�dicos que a mulher aceita e quais prefere evitar, entre outros. 

O que fazer se for v�tima de viol�ncia obst�trica?

Pr�ticas consideradas abusivas podem ser penalizadas com base nos nossos c�digos civil e penal ou pelo Conselho de Medicina. 

"E como a gente identifica se uma viol�ncia obst�trica foi criminosa ou n�o? Eu vou dar alguns exemplos que podem facilitar. Quando voc� tenta protocolar o seu plano de parto numa maternidade e eles recusam, voc� est� diante de uma viol�ncia obst�trica, mas n�o est� diante de um crime. � algo que voc� precisa resolver na �rea c�vel", aponta a advogada, Fernanda.

Mas um m�dico que faz uma ces�rea que voc� n�o consentiu e n�o era necess�ria, comete um crime de les�o corporal. "Uma coisa que muita gente n�o sabe: qualquer cirurgia � uma les�o. Quando voc� faz uma cirurgia necess�ria, quando consegue comprovar que voc� precisava daquele procedimento, e voc� consentiu � uma les�o que � ok. Agora, o m�dico faz uma ces�rea que voc� n�o queria, ume episiotomia que voc� n�o queria, ele comete uma les�o corporal", finalizou.

"A gente sabe que a episotomia podemos considerar uma mutila��o genital, � uma viol�ncia e, infelizmente, acontece na pr�tica m�dica di�ria porque s�o coisas que s�o passadas de um residente para o outro"

Paulo Noronha, m�dico obstetra



A den�ncia pode ser feita no pr�prio hospital, cl�nica ou maternidade em que a v�tima foi atendida. Tamb�m � poss�vel ligar para o disque 180 ou para 08007019656 da Ag�ncia Nacional de Sa�de Suplementar para denunciar o atendimento do plano de sa�de. 

A v�tima tamb�m pode acionar o Conselho Regional de Medicina ou o Conselho Regional de Enfermagem e at� a Defensoria P�blica ou Advogado particular em caso de a��o judicial de repara��o por danos morais e/ou materiais. 

E, para apurar a exist�ncia de  crime, como les�o corporal ou homic�dio, por exemplo, a v�tima deve procurar a pol�cia ou o Minist�rio P�blico. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)