Uma pergunta para voc� que � mulher: sonha em ter filhos ou � do time n�o tenho e n�o quero? A maternidade, que at� pouco tempo atr�s era um “caminho natural” para toda mulher, tem sido cada vez mais questionada, adiada ou nem mesmo entrado nos planos. Avan�os na ci�ncia permitem que a decis�o n�o precise acompanhar o rel�gio biol�gico, mas a autonomia sobre corpos femininos ainda � o centro desse debate. O Estado de Minas conversou com especialistas #Praentender o que atualmente � a gravidez para as mulheres.
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Se voc� vivesse em meados do s�culo passado, muito provavelmente, sua resposta seria, sem pestanejar, de que sim: “Sonho em ser m�e”. Isso porque a maternidade, ao longo da hist�ria, sempre esteve vinculada � mulher como um processo t�o natural, de completude, que o feminino e a maternidade estavam entrela�ados.
O que naquele momento ainda n�o era questionado era o quanto esse desejo tinha de aut�nomo ou se era apenas fruto de uma press�o social. Que, atualmente, � chamada de maternidade compuls�ria.
"A maternidade compuls�ria � um termo que a gente usa para designar que o lugar da mulher, o papel social dela est� atrelado � sua fun��o reprodutiva. A mulher pode ser algu�m, se ela for m�e", explica a pesquisadora em socializa��o feminina, Maria Carol Medeiros.

A mudan�a veio de forma lenta, e ainda est� ocorrendo."Um s�culo atr�s, a gente n�o tinha uma possibilidade de questionamento da maternidade. Quando as mulheres come�am a conseguir o direito de trabalhar fora, porque at� 1962, a mulher casada precisava pedir autoriza��o do marido para trabalhar fora. Ent�o, quando a mulher consegue ocupar esse lugar do trabalho, ela � alertada para n�o embrutecer. Porque trabalho � coisa de homem, lugar de mulher � em casa cuidando dos filhos", comenta a pesquisadora.
Diversos fatores contribu�ram para que essa perspectiva feminina em rela��o � gravidez se transformasse. Desde o acesso a m�todos contraceptivos, maior participa��o no mercado de trabalho, e claro, maior consci�ncia sobre o papel social da mulher. Avan�os impulsionados por movimentos feministas.
Maternidade real
O que especialistas apontam � que o tema da maternidade real precisa ser mais debatido. E quanto mais cedo, melhor.
O Brasil � um dos pa�ses com maiores taxas de gravidez na adolesc�ncia. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), em 2018 nasceram 432.460 beb�s de m�es adolescentes, o que representou 14,94% de todos os nascimentos no pa�s naquele ano.
A maternidade ainda � muito romantizada. Muito se fala das maravilhas, do sagrado de ser m�e, mas pouco nos diz das jornadas duplas e triplas de trabalho, do cansa�o de assumir responsabilidades desiguais nos cuidados com a crian�a, da press�o para se afastar da vida profissional por algum tempo, nos riscos de se perder um emprego porque foi m�e ou de ter de criar um filho sozinha por que o pai desapareceu.
Segundo o IBGE, 11 milh�es de mulheres no pa�s s�o respons�veis por cuidar dos filhos sozinha. S�o as chamadas m�es solo.
Gravidez cada vez mais tarde
De acordo com um levantamento do IBGE, as mulheres t�m engravidado cada vez mais tarde no Brasil. Nos �ltimos 10 anos, o aumento na faixa et�ria que vai dos 35 aos 39 anos foi de 63%, enquanto a taxa de nascimentos entre m�es com at� 19 anos caiu 23% no mesmo per�odo.
Avan�os na ci�ncia permitem que a decis�o de quando engravidar n�o precisa acompanhar o rel�gio biol�gico.
A reprodu��o assistida e o congelamento de �vulos representam avan�os e d�o certo poder de escolha �s mulheres, por�m, acessar esses servi�os ainda � muito caro.
Em 2022, o pre�o para uma mulher congelar seus �vulos no Brasil �, em m�dia, de R$ 12 mil para fazer o processo de coleta, mais uma anuidade em torno de R$ 1 mil.