
A Pol�cia Civil do Distrito Federal (PCDF) segue com as investiga��es para elucidar o assassinato do t�cnico em enfermagem Andr� Lopes de Barros, 31 anos, encontrado morto e com sinais de tortura dentro do apartamento onde morava, na QNN 7, em Ceil�ndia, na segunda-feira. Todas as linhas de apura��o est�o sendo trabalhadas, incluindo a de crime de �dio. Em nota, o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-DF) lamentou a morte do profissional.
Ap�s ficar desaparecido por dois dias, Andr� foi encontrado morto no quarto, com as m�os amarradas com fio do ferro de passar roupas, nu e com sinais de tortura. O Correio esteve no apartamento nesta ter�a-feira (5/4), enquanto familiares e amigos da v�tima recolhiam os pertences e limpavam o im�vel. Ainda era poss�vel ver rastros de sangue nos c�modos. Abalados, nenhum familiar quis conceder entrevista.
Amigos de Andr� relataram ao Correio que, antes de sumir, o t�cnico esteve em dois bares da regi�o na noite de sexta-feira e foi embora sem avisar, como de costume. Um vizinho e tamb�m amigo da v�tima bateu por diversas vezes na porta do apartamento do profissional, mas n�o obteve resposta. Na segunda-feira, ap�s ficar preocupado, ligou para a propriet�ria do im�vel, que abriu a porta com uma chave reserva. O quarto de Andr� estava trancado e a porta foi arrombada. A cena era de terror, como descreve o amigo da v�tima. "Quando olhei perto da cama, meu amigo estava nu, com sinais de como tivesse sofrido abuso, com bra�os amarrados e ferido com uma faca."
As investiga��es seguem o sigilo. O Correio entrou em contato com o delegado-chefe da 15ª Delegacia de Pol�cia (Ceil�ndia Centro), que afirmou que n�o est� repassando informa��es para n�o atrapalhar as dilig�ncias.
Translado
Natural de Bom Jesus (PI), Andr� mudou-se para Bras�lia em julho de 2020, onde fez o curso t�cnico em enfermagem. Para custear o translado do corpo de Andr� � cidade natal, amigos criaram uma vaquinha virtual. O valor total � de R$ 5 mil e, at� o fechamento desta edi��o, pouco mais de R$ 3,2 mil havia sido arrecadado. No pedido, um colega escreve que a fam�lia de Andr� n�o tem condi��es financeiras para o envio do corpo. "N�s, amigos, fizemos uma vaquinha para o nosso amigo ter um sepultamento no seu estado de origem e, juntamente, realizando o desejo dele de ser velado junto � av�."
Natural de Bom Jesus (PI), Andr� mudou-se para Bras�lia em julho de 2020, onde fez o curso t�cnico em enfermagem. Para custear o translado do corpo de Andr� � cidade natal, amigos criaram uma vaquinha virtual. O valor total � de R$ 5 mil e, at� o fechamento desta edi��o, pouco mais de R$ 3,2 mil havia sido arrecadado. No pedido, um colega escreve que a fam�lia de Andr� n�o tem condi��es financeiras para o envio do corpo. "N�s, amigos, fizemos uma vaquinha para o nosso amigo ter um sepultamento no seu estado de origem e, juntamente, realizando o desejo dele de ser velado junto � av�."
O Coren-DF tamb�m se sensibilizou com a morte do rapaz e emitiu nota oficial. "Esperamos que o caso seja rapidamente elucidado pelas autoridades e que os respons�veis sejam punidos por este crime, que ceifou a vida de um jovem profissional, que tinha uma vida inteira pela frente. Aos familiares e amigos, nossos p�sames. Descanse em paz, Andr�", frisou.
Caso semelhante
Em pouco mais de um m�s, esse � o segundo crime registrado no DF e Entorno em que v�timas foram homossexuais. Apesar da morte de Andr� ainda n�o ser tipificada como crime de �dio, a pol�cia n�o descarta nenhuma linha de investiga��o. Em 2 de mar�o, o professor de ingl�s do DF Denes Marlio Lima Neres, 26, foi encontrado carbonizado em uma �rea de mata, na regi�o do bairro Paquet�, em Planaltina de Goi�s. Investiga��es da Pol�cia Civil do Estado de Goi�s (PCGO) chegaram at� o criminoso, Mateus da Silva Castro, 18, e revelaram que o assassino foi para a casa na companhia da v�tima. Em depoimento, Mateus contou que o professor teria ficado nu e tentado tocar em suas partes �ntimas, motivo esse que teria provocado o homic�dio.
Relat�rio produzido pela Alian�a Nacional LGBTQIA+ mostram que, em 2021, 300 pessoas LGBTQIA sofreram morte violenta em todo o Brasil. O n�mero representa 8% a mais do que o registrado em 2020, em que 276 pessoas morreram. Segundo o levantamento, o Brasil continua sendo o pa�s onde mais LGBTQIA s�o assassinados: uma morte a cada 29 horas.
Gregory Rodrigues Roque, coordenador nacional de comunica��o da Alian�a Nacional LGBTQIA , explica os motivos pelos quais esse p�blico � considerado de maior vulnerabilidade e alvo de criminosos. "� justamente por esse recorte hist�rico. Com o passar do tempo, somos tidos como pessoas fr�geis, incapazes de se proteger e que n�o merecem respeito. Ent�o, esses criminosos se aproveitam desse lugar, um lugar que temos lutado para que as pessoas passem a nos enxergar como pessoas comuns, que n�o querem direitos a mais, apenas direitos iguais, que querem ter a dignidade valorizada", ressalta.
O especialista alerta para o papel das autoridades, o de colocar em pr�tica as decis�es da Suprema Corte, de modo a garantir a seguran�a e integridade f�sica do p�blico LGBTQIA . "� importante compreender e fazer todo esse recorte para que consigamos entender o porqu� da sociedade carregar essas marcas em tempos que jamais imaginar�amos. Em pleno 2022, estamos vivendo um tempo com tantos crimes de �dio. Precisamos fazer o m�nimo para coibir isso, al�m da conscientiza��o da popula��o por meio de campanhas educativas. A educa��o sempre vai ser a melhor arma contra a discrimina��o", finalizou.