
Aumento no pre�o do diesel, infla��o e consequente queda acentuada do poder de compra. Esses foram os principais motivos que fizeram o caminhoneiro Reinaldo Moretti, de 53 anos, deixar a cidade mineira de Extrema, na divisa com S�o Paulo, e se mudar para Portugal h� dez meses.
"Eu tinha um caminh�o no Brasil, mas ele estava me fazendo s� afundar em d�vidas. Mesmo sem gastar dinheiro � toa e sem ter v�cios, eu pagava muito caro pelo diesel e para fazer a manuten��o do ve�culo. Pensei que eu precisava me desfazer do caminh�o o quanto antes. Caso contr�rio, n�o teria dinheiro nem para reformar o motor dele, que custa em torno de R$ 40 mil", diz.
Reinaldo n�o pensou duas vezes antes de trocar de pa�s.
"Eu desanimei e me desfiz do caminh�o para vir para Portugal. Usei o dinheiro para pagar todas as contas e d�vidas. Depois da venda, fui trabalhar como empregado em uma empresa, carregando leite, at� conseguir viajar", afirma.

Retorno a Portugal
O caminhoneiro Reinaldo conta � BBC News Brasil que j� tinha morado em Portugal, de 2001 a 2005, e voltou ao Brasil na �poca por problemas familiares.Agora, ele voltou para Portugal depois da filha, do genro e da neta. E hoje diz que o Brasil foi um bom lugar para se morar at� 2010, quando come�ou a "dar uma ca�da".
"Naquela �poca, a economia estava boa e aproveitei para comprar um caminh�o. Mas depois foi s� afundando (a economia). Como tenho amigos que moram aqui na Espanha, It�lia, Holanda e Inglaterra, eles sempre falavam para eu voltar", lembra.
Os amigos tamb�m usavam a diferen�a cambial como argumento para que Reinaldo se mudasse para Portugal.
O caminhoneiro disse ter sido convencido, mas conta que os documentos que ele usava na primeira passagem pela Europa est�o vencidos. Isso faz com que ele ganhe menos porque, sem eles, n�o tem permiss�o para sair de Portugal.
Ainda assim, ele prefere se arriscar a ficar parado na cidade de Braga, onde mora. Ele conta ter sido multado duas vezes em apenas um m�s. A soma das infra��es foi de 1.100 euros, o equivalente a R$ 5,8 mil.
"Por isso, estou trabalhando no dom�stico e me arriscando. Uma das multas que levei foi por n�o ter o curso obrigat�rio para caminhoneiros. A outra foi n�o ter cart�o tac�grafo, exigido para que os caminhoneiros registrem as horas trabalhadas", afirma.
Hoje, ele disse ter recebido uma proposta para trabalhar na Cro�cia, para onde deve se mudar.
"Eu vou pegar a documenta��o da Cro�cia. Vou pegar resid�ncia l�. Eu vou fazer um treinamento na empresa, assim como outros dois amigos meus que j� est�o l�, e depois de um m�s, saem os pap�is e come�o a trabalhar viajando entre pa�ses", afirmou.

Retorno ao Brasil
Para Reinaldo, a vida em Portugal � muito melhor quando comparada � que ele tinha no Brasil.
"Um casal que trabalha aqui consegue ter uma vida muito melhor. Come-se bem. Mas quem vem sem emprego garantido precisa estar programado. � necess�rio trazer bastante dinheiro porque o custo de vida � alto. E meu conselho � vir para ficar legalizado porque � chato demais passar por uma situa��o dessa. N�o posso nem fazer uma entrega internacional sob o risco de ser preso."

Ele conta que transportar uma carga entre pa�ses � muito mais rent�vel e o valor do frete pode at� dobrar. Ele ainda disse que o transporte internacional obedece a leis trabalhistas mais r�gidas, como trabalhar apenas 9 horas por dia e folgar no fim de semana.
Mas por mais que ele goste de viver em Portugal, Reinaldo diz que sente vontade de voltar para o Brasil por conta da saudade.
"A minha esposa est� no Brasil. Falta um ano e meio para ela se aposentar e os pais dela tamb�m vivem l�. Eu tenho muitos (fatores) que me fazem querer voltar para o Brasil."
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