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Estado de Minas ENTENDA

Bolsonaro abre Assembleia Geral da ONU: Brasil deve R$ 1,5 bilh�o � organiza��o

Dados s�o de levantamento feito pela ONU; especialistas afirmam que d�vida � influenciada por contexto pol�tico atual, mas se avolumou durante governo Dilma.


20/09/2022 06:24 - atualizado 20/09/2022 09:02


O presidente Jair Bolsonaro discursando na Assembleia Geral da ONU em 2019
Como de praxe, Bolsonaro ser� o primeiro a discursar na sess�o de debates da Assembleia-Geral da ONU nesta ter�a-feira (foto: JOHANNES EISELE/AFP via Getty Images)

O presidente e candidato � reelei��o, Jair Bolsonaro (PL) far� nesta ter�a-feira (20/09) o discurso de abertura debate geral da Assembleia Geral da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), em Nova York. O Brasil chega ao evento com uma d�vida junto � ONU de US$ 306 milh�es, o equivalente a R$ 1,5 bilh�o. Os dados foram levantados pela entidade a pedido da BBC News Brasil. O valor n�o inclui eventuais d�vidas do Brasil com outros organismos internacionais.

Pelas regras da ONU, se um pa�s acumular uma d�vida equivalente a dois anos ou mais em rela��o �s suas contribui��es regulares, ele pode perder o direito ao voto. O Brasil tem feito alguns pagamentos da d�vida para evitar esse cen�rio.

A perda ao direito de voto nunca aconteceu ao Brasil desde que a organiza��o foi criada, em 1945. Segundo a assessoria de imprensa da ONU, n�o h� indica��o de qualquer mudan�a no direito de voto do Brasil no momento.

Procurado, o governo brasileiro apresentou n�meros diferentes sobre a d�vida e disse que "n�o tem poupado esfor�os" para quitar a d�vida do Brasil com a ONU, mas afirmou que depende de suplementa��o or�ament�ria, que depende do Executivo e do Legislativo, para sanar os d�bitos.

Detalhes da d�vida

Pelas regras da ONU, todo estado-membro deve pagar contribui��es para o funcionamento regular da entidade. Esses valores s�o calculados com base em crit�rios como o tamanho do produto interno bruto (PIB) de cada pa�s.

O Brasil � respons�vel por 2% do or�amento regular da entidade. Os Estados Unidos s�o o pa�s respons�vel pelo maior percentual: 22%.


Bandeira da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, nos EUA, antes da 77ª sessão da Assembleia Geral da ONU, em 19 de setembro de 2022
Pelas regras da ONU, um pa�s pode perder o direito ao voto se acumular uma d�vida equivalente a dois anos ou mais (foto: Anna Moneymaker/Getty Images)

Al�m das contribui��es regulares, os pa�ses tamb�m precisam contribuir para as miss�es de paz desenvolvidas pela ONU. Desde a cria��o da ONU, o Brasil � um dos pa�ses mais atuantes em miss�es de paz ao redor do mundo. Em 2004, por exemplo, ele liderou a Miss�o das Na��es Unidas de Estabiliza��o do Haiti (Minustah).

Segundo o levantamento feito pela ONU, dos US$ 306,7 milh�es que o Brasil deve para entidade, US$ 249 milh�es s�o relativos a d�vidas do Brasil com as miss�es de paz da organiza��o acumuladas em outros anos.

Outros US$ 56,4 milh�es s�o relativos ao valor que o Brasil deveria pagar a t�tulo de contribui��es regulares ao or�amento da ONU.

O resto, em torno de US$ 1 milh�o, � relativo d�vidas do Brasil com tribunais internacionais como os que foram criados para julgar crimes de guerra nos Balc�s e no continente africano.

A BBC News Brasil pediu � ONU a lista completa dos pa�ses devedores, mas n�o obteve resposta. A entidade informou, apenas, que dos 193 pa�ses-membros, 125 j� teriam quitado suas contribui��es regulares at� setembro deste ano.

Ainda de acordo com a ONU, o valor do d�bito j� contempla pagamentos parciais feitos pelo governo brasileiro entre os meses de maio, junho e julho deste ano.

Diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil em car�ter reservado afirmam que esses pagamentos t�m sido feitos h� alguns anos como uma forma de evitar que o Brasil perca o direito de voto junto � Assembleia Geral da ONU.

Eles comparam essas quita��es como o pagamento do cr�dito rotativo de um cart�o de cr�dito no qual paga-se apenas um percentual da d�vida para evitar a inadimpl�ncia.

O que o governo diz

Procurado, tanto o Itamaraty quanto o Minist�rio da Economia apresentaram dados diferentes sobre o valor da d�vida brasileira junto � ONU.

O Itamaraty disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que o d�bito do Brasil com a organiza��o � de US$ 296 milh�es, cerca de US$ 10 milh�es a menos que o valor apresentado pela ONU.

A pasta disse que os repasses para o pagamento das d�vidas s�o responsabilidade do Minist�rio da Economia.


Bandeiras de diferentes países em frente à sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, nos EUA, antes da 77ª sessão da Assembleia Geral da ONU, em 19 de setembro de 2022
Brasil � respons�vel por 2% do or�amento regular da ONU (foto: Anna Moneymaker/Getty Images)

Procurado, o Minist�rio da Economia apresentou um n�mero ainda menor: US$ 232,6 milh�es.

Com base nos dados enviados pela pasta, a d�vida do Brasil apontada pela ONU seria maior que a registrada em setembro de 2021, que totalizava US$ 255,8 milh�es. O valor, por�m, seria menor que as d�vidas registradas nos anos anteriores.

Em 2020, a d�vida do Brasil, segundo o minist�rio, foi de US$ 352,1 milh�es. Em 2019, foi de US$ 411,6 milh�es. Em 2018, o d�bito era de US$ 352,1 milh�es.

D�vida remonta per�odo Dilma, apontam especialistas

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil afirmam que os d�bitos do Brasil com a ONU come�aram a se agravar durante o segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas dizem que a gest�o da d�vida � reflexo da pol�tica internacional comandada pelo presidente Bolsonaro.

"Se formos ver os dados, a gente v� que, j� no final do governo Dilma, a coisa 'desandou'. H� uma descontinua��o nos pagamentos e isso foi se avolumando", afirmou o professor de Rela��es Internacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Dawisson Bel�m Lopes.

Para a doutora em Rela��es Internacionais e professora da Escola Superior de Guerra (ESG) do Minist�rio da Defesa Mariana Kalil, apesar de n�o ser a primeira vez que o Brasil fica devendo � ONU, a atual d�vida do pa�s com a entidade precisa levar em considera��o o contexto pol�tico do pa�s.

"A diferen�a � o contexto. H�, sem d�vidas, a quest�o da pandemia, que impactou diversos pa�ses financeiramente, mas h�, tamb�m, uma ret�rica 'anti-globalista' do Brasil que, ao lado da quest�o do atraso na contribui��o financeira, coloca o compromisso do pa�s com a ordem multilateral do p�s-Segunda Guerra Mundial em xeque", disse a professora.

O "anti-globalismo" � uma corrente ideol�gica marcada pelo questionamento � ordem multilateral na qual os pa�ses atuariam de forma coordenada por meio de organismos como a pr�pria ONU. No Brasil, um dos principais defensores dessa ideologia foi o ex-ministro das Rela��es Exteriores do governo Bolsonaro, Ernesto Ara�jo.

De acordo com o Portal da Transpar�ncia, o governo reservou US$ 211 milh�es para o pagamento de contribui��es � ONU. At� agora, apenas US$ 33 milh�es desse total havia sido gasto.

Em nota, o Minist�rio da Economia disse que a causa da d�vida do Brasil com a ONU foi a "insufici�ncia de dota��o or�ament�ria".

Questionado sobre qual a previs�o para a quita��o da d�vida, a pasta disse que � preciso haver "previs�o suplementar � LOA (Lei Or�ament�ria Anual) para o equacionamento das d�vidas".

O Itamaraty, por sua vez, atribuiu a d�vida a "restri��es fiscais" do or�amento federal.

"As d�vidas incluem valores em v�rias moedas, e seu pagamento, assim como as demais a��es or�ament�rias, est� sujeito �s restri��es fiscais que se imp�em ao or�amento federal, dentro dos montantes previstos na Lei or�ament�ria Anual", disse a pasta em nota enviada � BBC News Brasil.

Ainda segundo o Itamaraty, o governo tem tentado "equacionar" a d�vida junto � ONU.

"O governo brasileiro n�o tem poupado esfor�os para equacionar a situa��o da d�vida perante as Na��es Unidas, em linha com o compromisso hist�rico do pa�s com o sistema multilateral e a Carta da ONU", disse o �rg�o.

Bolsonaro dever� fazer o primeiro discurso de chefes de Estado do debate geral da Assembleia Geral da ONU na manh� desta ter�a-feira (20/9). O discurso est� previsto para come�ar por volta das 9h. A previs�o � que ele volte ao Brasil no final da tarde.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62966074

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