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Estado de Minas 10 ANOS DA TRAG�DIA

Boate Kiss: relatos de sobrevivente viralizam nas redes sociais

Em uma s�rie de stories, a fisioterapeuta J�ssica Duarte compartilhou mem�rias da noite de inc�ndio de sua recupera��o


28/01/2023 16:53 - atualizado 28/01/2023 17:08

vídeo de Jessica sobre a Boate Kiss
J�ssica tinha 20 anos quando foi, a contragosto, para a Boate Kiss. Hoje, ela vive os traumas daquela noite (foto: Reprodu��o / Instagram)

Em seu perfil profissional no Instagram, a fisioterapeuta pedi�trica J�ssica Duarte, fez uma s�rie de v�deos em que conta sua experi�ncia como sobrevivente do inc�ndio da Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. A trag�dia deixou 242 mortos e 636 feridos. As postagens foram repostadas em diversas redes sociais e acabaram viralizando.


Na �poca do desastre, J�ssica tinha 20 anos. Ela teve cerca de 40% do corpo queimado naquele dia 27 de janeiro e, por conta das feridas, ficou por 25 dias na UTI. Atualmente, com 30 anos e morando em Curitiba, J�ssica � m�e e ainda convive com as marcas da trag�dia pelo corpo.


Um dia antes do anivers�rio de 10 anos do caso, ela abriu uma caixinha de perguntas para compartilhar suas viv�ncias com seus seguidores. J�ssica foi para Santa Maria para cursar Administra��o na Federal de Santa Maria e iria tentar vestibular para Engenharia Qu�mica em 2013, quando tudo mudou.  “Eu n�o queria ir para a Kiss, n�o curtia muito, s� que o Bruno queria ir, ele curtia a banda. A gente tentou ir para outro bar, mas a fila estava imensa e acabamos indo para l�. A gente ficou uma hora e meia, duas horas no m�ximo”, lembrou.


“A �nica coisa que passou pela minha cabe�a na hora foi ‘s�rio que vai acabar assim?’. Eu comecei a cantar alguns cantos da umbanda, que vieram na minha cabe�a e eu s� pensava que aquilo n�o fazia sentido”, resumiu.


J�ssica conta que foi retirada inconsciente da boate e que foi salva por outro sobrevivente. Foi um menino que estava l� no dia e, quando ele estava saindo em dire��o a porta e de repente sentiu algu�m tocar o p� dele. Esse algu�m era eu, s� eu estava desacordada. A� fez respira��o boca a boca, massagem card�aca, at� que eu voltei. N�o fui retirada pelos bombeiros, foi esse anjo que sentiu minha presen�a ali e teve a coragem de me tirar l� de dentro”, contou.

 


“Eu consegui sair de l� de dentro e eu n�o sabia onde estava meu ex-namorado. Depois eu descobri que ele conseguiu sair consciente, s� que ele voltou in�meras vezes para tentar me tirar l� de dentro. Foram nessas in�meras tentativas que ele inalou muita fuma�a e ficou num estado pulmonar muito grave. Por anos, eu fiquei na cabe�a que, se eu tivesse conseguido sair com ele, ele n�o precisava ter sa�do e voltado tantas vezes e isso n�o teria acontecido”, revelou aos seguidores. Bruno, seu ex-namorado, acabou morrendo em decorr�ncia do acidente.

 


Depois de ir para o hospital, os pais da jovem a “blindaram” das not�cias, e, por muito tempo, ela n�o sabia o que tinha acontecido. “Achei que era s� eu que estava no hospital. A gente tinha uma viagem marcada, eu e o Bruno, e eu achei que ele tinha ido viajar e me deixado no hospital”, lembrou. J�ssica s� ficou sabendo da propor��o da trag�dia 15 dias depois que ela j� tinha acordado, no mesmo dia em que recebeu a visita do irm�o melhor.

Cicatrizes dos traumas

J�ssica se define como uma pessoa com muitos traumas que precisam ser tratados. E que a trag�dia mudou completamente quem ela �. “Minha vida s�o dois per�odos: um antes e um depois do inc�ndio. E quem me conhecia antes sabe que s�o duas pessoas completamente diferentes”, publicou nos stories.


Ela diz que n�o acredita que leva uma vida normal, mesmo tendo se passado 10 anos, ter mudado de cidade e constitu�do um novo momento na sua trajet�ria pessoal e profissional. “Meu grande trauma foi perder uma pessoa que eu amava muito, todo o resto ficou pequeno diante disso. Tudo que aconteceu comigo n�o faz que minha vida seja normal, mas estar ativa na terapia me ajuda muito e exerc�cio f�sico tamb�m. E, para mim, o que me fez ter uma vida mais leve foi ter sa�do de Santa Maria e ter me isolado de tudo que aconteceu”, confessou. J�ssica contou que ainda tem contato com a fam�lia de Bruno e ainda sente pela morte do namorado. 


Nas s�rie de v�deos, a fisioterapeuta comentou o lan�amento do document�rio “Boate Kiss - a trag�dia de Santa Maria”, da Globoplay, e da s�rie “Todo dia a mesma noite”, da Netflix. “O p�blico est� bem dividido, tanto por sobreviventes, pais, familiares, amigos, tanto por pessoas aleat�rias que n�o viveram isso. Eu, Jessica, acho que deveria existir. Quanto mais a gente falar, menos chance tem de acontecer de novo. Vai poder repassar para voc�s o que a gente passou detalhadamente”, apontou, ressaltando que � a sua vis�o individual. 

 

A mulher de vermelho

Um dos v�deos de J�ssica que mais viralizou foi o que ela comenta sobre “A mulher de vermelho”, que virou uma esp�cie de lenda macabra sobre a trag�dia. A fisioterapeuta conta que, quando estava no hospital, ela via uma mulher vestida de vermelho quando fechava os olhos. “Eu tomava medicamentos muito fortes e eu n�o conseguia descansar. Eu lembro que n�o conseguia descansar porque toda vez que eu fechava os olhos, eu via uma mulher de vermelho que me chamava para algo muito ruim e, por isso, eu n�o gostava de dormir. Era uma energia muito ruim”, contou o que define ser um del�rio.


Mas outros sobreviventes relatam ter visto a mulher de vermelho durante o inc�ndio. “Diz que muitos viram a mulher chamando a galera em dire��o ao banheiro e que muita gente morreu no banheiro porque ela estava dizendo que ali era a sa�da. Mas isso � um boato. E alguns sobreviventes viram que ali n�o era a sa�da e conseguiram se salvar”, afirmou.

 


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