
O governador de S�o Paulo, Tarc�sio de Freitas (Republicanos), admitiu nesta quinta (23) que o sistema de alerta de desastres por meio do envio de mensagens de texto (SMS) n�o funcionou para evitar a trag�dia no litoral paulista e afirmou que o governo vai instalar sirenes em �reas de risco no estado.
A medida � anunciada ap�s o temporal que deixou ao menos 49 mortos no litoral norte do estado, no �ltimo fim de semana.
"Vamos instalar o sistema de sirenes, que j� existe em outros estados. E n�o adianta instalar o sistema de sirenes se n�o tiver capacita��o, se n�o tiver treinamento. Porque, disparou a sirene, a pessoa tem que saber para onde ir, qual o ponto de apoio, tem que ter confian�a de que o suprimento vai chegar no ponto de apoio", disse Tarc�sio em entrevista coletiva em S�o sebasti�o (SP), a cidade mais afetada pela trag�dia.
No Rio de Janeiro, por exemplo, o sistema de sirenes existe h� mais de dez anos, desde a trag�dia nas cidades da Regi�o Serrana em 2011, quando mais de mil pessoas morreram.
O litoral norte paulista vive um cen�rio tr�gico por causa das chuvas hist�ricas. H� ainda dezenas de desaparecidos e milhares de desabrigados e desalojados na regi�o. Na madrugada de domingo (19), choveu mais de 600 mm em S�o Sebasti�o.
A aus�ncia de um sistema eficiente de alerta e retirada de pessoas de �reas de risco tem sido criticada por moradores e especialistas.
Em nota, a Defesa Civil estadual afirma que disparou alertas desde que foi informada sobre a previs�o de fortes chuvas na regi�o. De acordo com o �rg�o, foram enviados 14 alertas de mensagem de texto (SMS) para mais de 34 mil celulares cadastrados na regi�o do litoral norte.
Na entrevista desta quinta, Tarc�sio lembrou que os alertas por SMS falharam.
"Mais de 30 mil pessoas receberam o SMS de alerta. Ent�o a gente precisa ter uma maneira mais efetiva", disse. "Vamos chamar as empresas de telefonia para ver que tipo de parceria podemos fazer para tornar o aviso via telefonia m�vel mais efetivo. Todo mundo tem celular hoje, o celular est� altamente democratizado, mas o sistema de alarme via celular ainda n�o est� funcionando", acrescentou o governador.
"Vamos verificar se conseguimos ter um modelo de enfrentamento de crise que seja replic�vel, que seja escal�vel. Se der certo aqui, pode dar certo em uma s�rie de locais. Principalmente no que diz respeito � desmobiliza��o de pessoas de �reas de risco", continuou.
Segundo Tarc�sio, tamb�m est� nos planos a substitui��o de radares meteorol�gicos antigos por equipamentos modernos.
"A gente j� tem um centro de previs�o da Defesa Civil que tem funcionado a contento, mas a gente pode melhorar a acur�cia do sistema e dos modelos. O governo do estado de S�o Paulo tem meteorologistas, tem analista de dados, tem um centro que vem funcionando. Temos radares operados pela Unesp que s�o da d�cada de 1970, vamos procurar substituir por radares de �ltima gera��o."
Para especialistas, a propor��o do desastre e o elevado n�mero de v�timas mostram que a estrat�gia de envio de SMS n�o � eficiente. Al�m de n�o ser poss�vel saber se as pessoas viram os alertas, n�o havia um plano ou orienta��o sobre o que fazer na situa��o.
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"Voc� cria um sistema de aviso, as pessoas podem at� receber a mensagem, mas n�o sabem o que fazer com aquela informa��o. N�o h� uma orienta��o para onde devem ir, quando sair de casa, o que levar", disse Eduardo Mario Mendiondo, coordenador cient�fico do Ceped (Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres) da USP.
Para ele, � preciso pensar tamb�m sobre a cria��o de rotas de fugas em �reas de risco e orienta��o aos moradores. "A popula��o precisa saber qual o risco est� correndo e como se proteger. � injusto depois dizer que eles n�o queriam sair de casa, se eles n�o tinham orienta��o correta do que fazer."
Segundo Mendiondo, o sistema de alerta por sirenes � eficiente nesses casos. "Voc� garante que todo mundo vai ouvir a qualquer momento do dia. � o instrumento mais antigo, mas que funciona. Uma sirene d� o recado claro do risco iminente."