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Estado de Minas TRAG�DIA EM SP

Drama no litoral de SP: salas de aula viram ref�gio para desabrigados

Fam�lias e animais de estima��o ficam juntos em salas com colch�es. A esccola tamb�m possui refei��es e um posto de sa�de


27/02/2023 13:30 - atualizado 27/02/2023 14:28

desabrigados em abrigo em escola depois de tragédia em São Sebastião
Fam�lias ficam juntas em abrigo improvisado (foto: Bruno Santos/Folhapress)

 

Crian�as brincam na porta da Escola Municipal Henrique Tavares de Jesus, em S�o Sebasti�o, na noite de s�bado (25). Em um cartaz nas paredes do local, os hor�rios das refei��es s�o claros: caf� da manh� �s 7h, almo�o �s 12h, caf� �s 15h e jantar �s 19h.

 

 

 

Ao lado, folhas de papel sulfite dividem as salas de aula. Na sala 8, s�o 19 pessoas e dois cachorros; na sala 5, s�o 11, mais um cachorro e um gato; na sala de v�deo, 17 pessoas. � ali que cerca de 200 pessoas desabrigadas devido �s fortes chuvas da semana passada no litoral norte paulista se refugiam.

 

Nas salas de aula, fam�lias ficam juntas a outras, com crian�as e animais de estima��o. Na escola, h� ainda um posto de sa�de para a popula��o e refei��es. Em colch�es no ch�o, as pessoas se alojam, e as carteiras s�o usadas para as fam�lias guardarem o pouco que restou do desastre.

 

Enquanto alguns aproveitam a noite para jantar, outros descansam ou carregam seus telefones celulares. Pais pedem que os filhos tomem banho e coloquem um pijama. A tr�gica noite que matou ao menos 65 pessoas e o desenrolar dos acontecimentos permeiam as rodas de conversas.

 

Quando a reportagem esteve no local, volunt�rios passavam nos quartos para oferecer roupas �ntimas para os desalojados, que podiam escolher por tamanho e cores diferentes. Enquanto isso, outra pessoa passava pelas salas para fazer a contagem dos presentes no local.

 

Aos 19 anos, a empregada dom�stica Camile Eduarda estava na casa da tia. No meio da noite, ela lembra que foi acordada pelo estrondo da casa vizinha que desabou durante as fortes chuvas. Ela conseguiu salvar alguns itens que a �gua n�o levou, como fog�o, m�quina de lavar e televis�o.

 

desabrigados em abrigo na escola depois de tragédia em São Sebastião
Abrigo em escola tem refei��es e posto de sa�de (foto: Bruno Santos/ Folhapress)
 

 

Agora divide a sala com outras 19 pessoas. "A gente arrumou hoje de manh�, mas t� tudo bagun�ado, nem parece que arrumamos", comenta. Ela afirma que os �ltimos dias "tem sido ca�ticos, com muita briga e nervoso". "Mas, conseguimos abaixar um pouco a poeira e as coisas est�o mais tranquilas."

 

M�e de uma menina de tr�s anos, ela est� no mesmo quarto que os primos, o irm�o e o pai. A filha, por�m, foi para Boraceia junto com a av� para passar uns dias. "Ela estava morrendo de medo, pulou da cama comigo [no dia da trag�dia]. Come�amos a chorar e gritar muito e ela ficou com medo. Por isso, mandei ela um pouco para l� para distrair a mente."

 

Nos pr�ximos dias, a filha deve voltar para ficar com a m�e no alojamento. "Ela volta e fica comigo at� arrumarmos um lugar para ir", diz Camile, ainda sem saber deve firmar resid�ncia depois que sair do alojamento. "N�o sabemos para onde vamos e � sobre isso. Talvez para S�o Paulo, Bahia, vamos ver."

 

Na sala ao lado, a aposentada Maria Aparecida dos Santos, 57, fuma um cigarro ao lado da gata de estima��o. "A mesma �gua que matou o neto da minha vizinha e era para levar a gente foi o que nos salvou e nos puxou para uma �rea protegida", rememora Maria, que estava dormindo durante a chuva e tem vagas lembran�as da noite, como um clar�o, pessoas pedindo socorro e troncos de �rvores.

 

Maria n�o conseguiu salvar nem os documentos. "Eu pensei 'que se v�', n�o tenho nem sa�de mesmo. S� me restou a vida, gra�as a Deus", afirma ela, que tem um filho que tamb�m conseguiu ser socorrido. Quando conseguiu sair da Vila do Sahy, o filho de Maria Aparecida perguntou: "E para onde � que a gente vai?. Ela respondeu: "E eu que sei? Achei que tivesse sonhando com o que aconteceu". 

 

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No mesmo colch�o, o vizinho e ajudante de obras Josimar Germano de Oliveira, 32, afirma que demoraram alguns dias para ele entender que o desastre era real. Durante as fortes chuvas, ele tentou ajudar a resgatar pessoas e acabou ferindo o p�. "Parece hist�ria de filme. Tenho certeza que s� estamos vivos porque Deus nos permitiu."

 

Ele afirma que demorou alguns dias para entender e absorver tudo que tinha acontecido com sua vida. "Levantava na loucura achando que era um sonho", lembra ele, que retornou algumas vezes at� sua casa para ver como ficou. "N�o d� para dizer que aqui est� ruim. Temos tudo aqui, mas o que seria bom mesmo era ter a minha casa."

 

As buscas na Vila Sahy foram interrompidas na tarde deste domingo (26), ap�s a equipe de resgate encontrar o 65º corpo de uma mulher que estava sob os escombros. Ela era a �ltima pessoa considerada desaparecida e, ao menos por enquanto, as buscas na Barra do Sahy foram encerradas.

 

O grupo de resgatistas passou sete dias cavando na lama, que destruiu casas e invadiu ruas ap�s a chuva hist�rica. Segundo os bombeiros que atuam na regi�o, buscas tamb�m foram encerradas em Juquehy, mas continuam na regi�o da Baleia Verde.

 

Pelo �ltimo balan�o do governo do estado, h� 1.090 desalojados e 1.172 desabrigados.

 


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