(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas YOUTUBER AMERICANO

Influenciador 'de pega��o' � investigado por ofensas a brasileiras

Minist�rio P�blico da Bahia abriu investiga��o preliminar para apurar den�ncias contra o americano Auston Holleman


20/03/2023 14:16 - atualizado 20/03/2023 14:16

Auston Holleman com uma camisa vermelha
Youtuber americano fez v�deos insinuando ser 'f�cil' conseguir sexo no Brasil (foto: Auston Holleman/Reprodu��o/Redes Sociais)
O Minist�rio P�blico da Bahia abriu investiga��o preliminar para apurar den�ncias contra o influenciador americano Auston Holleman, que publicou no in�cio deste ano uma s�rie de v�deos abordando brasileiras nas ruas de Salvador. Segundo as denunciantes, nas grava��es o youtuber faz perguntas de cunho sexual para mulheres no Brasil e usa as imagens, fora de contexto, para passar a ideia de que � f�cil conseguir sexo no pa�s.

 

Na semana passada, a Embratur acionou a Pol�cia Federal para pedir investiga��o sobre os coaches americanos do grupo Millionaire Social Circle, que promove um curso sobre como conquistar mulheres e recentemente veio a S�o Paulo.

 

Holleman possui um canal no Youtube e afirma ser um "passport bro" que viaja pelo mundo - o termo � usado nas redes sociais por homens que afirmam, na maioria das vezes, que procuram por mulheres mais "tradicionais em pa�ses estrangeiros". A maioria dos passport bros � formada por americanos que compartilham dicas de viagens e informa��es sobre mulheres de outros pa�ses.

 

A den�ncia teve in�cio depois que a arquiteta e apresentadora Stephanie Ribeiro reuniu diversos posts no Twitter e v�deos no YouTube. O Minist�rio P�blico instaurou um procedimento preliminar chamado "not�cia de fato", e algumas v�timas foram ouvidas. O pr�ximo passo pode ser a abertura de um inqu�rito.

 

Em janeiro deste ano, Holleman esteve no Brasil. Ap�s a passagem por Salvador, quatro mulheres formalizaram a den�ncia contra ele. O influenciador � investigado por supostamente usar imagens delas com objetivo de promover turismo sexual no Brasil. Em seus v�deos, ele mostra mulheres de biqu�ni, pergunta sobre quest�es sexuais e, ao final, diz, olhando para a c�mera: "tirem o passaporte de voc�s".

 

As mulheres afirmam que foram abordadas na rua e que as respostas �s perguntas de Holleman foram tiradas do contexto. As v�timas dizem que, nas redes sociais, encontraram v�deos em que aparecem com legendas como "Quer sair com ela? Custa apenas de US$ 10 a US$ 20" (algo entre R$ 50 e R$ 100).

 

Uma das denunciantes � a estudante de veterin�ria Julia Leitte, 25, que estava com outras amigas na praia. Ela afirma que, ap�s responder algumas perguntas, notou que o influenciador mudava de assunto quando elas questionavam qual era o nome do canal dele.

 

Apenas quando o v�deo foi ao ar ela viu o conte�do machista que Holleman produzia, como um post em que ele diz que brasileiras se vendem por um copo de cerveja. "Fiquei constrangida, mas um pouco mais tranquila porque as perguntas que foram feitas para mim n�o eram baixaria", diz ela.

 

Outra mulher, que tamb�m se diz constrangida com o conte�do gravado, mas que n�o denunciou Holleman formalmente, � a estudante Julia Soares, 19. Segundo relata, ele perguntou se ela preferia um "bad boy com sexo bom ou um cara legal com dinheiro".

"N�o imaginava isso. N�o dei autoriza��o para que ele me filmasse e colocasse nas redes sociais", afirma.

 

Ap�s a repercuss�o negativa no in�cio deste ano, Holleman apagou diversos v�deos com conte�do produzido no Brasil -a Folha teve acesso a parte deles. Em um desses v�deos, ele dizia que as mulheres brasileiras s�o "extremamente f�ceis". "Se voc� � homem e est� sem transar no Brasil h� muito tempo, deve ter algum problema com voc�", afirmava Holleman.

Youtuber disse que foi mal interpretado

"N�o deveria ter dito que as mulheres no Brasil s�o f�ceis. O que eu quis dizer foi que homens com boas maneiras e bem vestidos teriam facilidade em compara��o com o lugar de que eu vim", disse. "Gostaria de pedir desculpas por publicar esses v�deos e mostrar ignor�ncia em rela��o a alguns aspectos da cultura brasileira", disse.

 

A Folha de S.Paulo tentou contato com Holleman pelas redes sociais, mas o influenciador n�o respondeu.

 

Ele, no entanto, segue produzindo v�deos em que incentiva o turismo a outros pa�ses em busca de mulheres. Em um deles, o youtuber afirma que na Su�cia h� uma abund�ncia de homens ricos e por isso um americano rico seria s� mais um, enquanto na Eti�pia um homem nesse perfil teria facilidade com mulheres.

Quem s�o os 'passport bros'

Em posts de cunho mis�gino, homens que usam o termo "passport bros" para divulgar viagens afirmam que as mulheres americanas foram influenciadas por press�es sociais a se comportarem de forma "n�o tradicional". Por isso, procuram mulheres estrangeiras em busca de uma rela��o mais aut�ntica e harmoniosa, nas palavras deles.

 

Os alvos de interesse do grupo est�o, principalmente, em pa�ses subdesenvolvidos como Filipinas, Tail�ndia, Rep�blica Dominicana, Col�mbia e Brasil. � comum ainda recha�arem feministas e afirmarem que buscam mulheres com "energia mais feminina".

 

Na descri��o de contas que utilizam o nome ou a hashtag "passport bros" nas redes sociais, h� conselhos como "apenas namorar e casar com mulheres estrangeiras". Um deles relata que se casou com uma mulher tailandesa que sabia cozinhar e limpar porque tal perfil seria imposs�vel de encontrar nos Estados Unidos.

 

Outro, chamado Vibing With Fred, publicou neste s�bado (18) um v�deo no YouTube em que afirma aos seguidores que n�o � poss�vel encontrar mulheres brasileiras para casamento e que o melhor a fazer � buscar esse perfil "tradicional" em pa�ses asi�ticos como a Tail�ndia.

 

"� poss�vel encontrar uma esposa real no Brasil? A resposta � n�o. Elas s� querem transar e se divertir. Voc�s t�m mais chances de encontrar mulheres [para casamento] em pa�ses asi�ticos do que no Brasil", diz ele.

 

A arquiteta e apresentadora Stephanie Ribeiro, que reuniu diversos posts sobre o assunto, nota que os chamados "passport bros" fazem v�deos como se quisessem apenas dar informa��es sobre o Brasil, ocultando o real objetivo. "Mas esses v�deos s�o para um p�blico masculino, e esse p�blico comenta quest�es sobre as mulheres", afirma.

 

Quando comentou sobre os "passport bros" nas redes sociais, Stephanie foi criticada por adeptos do suposto movimento. Para ela, a situa��o mostra que o turismo sexual est� em alta no Brasil, com um agravante: "pessoas est�o usando TikTok, Telegram, Instagram e Facebook para promover esses discursos".

 

Ribeiro analisa que se faz necess�ria uma campanha de conscientiza��o das mulheres brasileiras. "O problema n�o � sair com estrangeiros, mas com quem tem esse perfil de predador. � preciso informar �s mulheres como identificar a postura predat�ria", afirma.

 

Em nota, o Minist�rio do Turismo afirma que o chamado turismo sexual n�o � um segmento tur�stico, mas um crime que deve ser denunciado �s autoridades competentes (delegacias, Minist�rio dos Direitos Humanos e conselhos tutelares, por exemplo).

 

"O Minist�rio do Turismo repudia a pr�tica e incentiva trabalhadores do setor de turismo a denunciarem atitudes suspeitas relacionadas � explora��o sexual de crian�as e adolescentes por meio do projeto C�digo de Conduta", afirma o �rg�o.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)