
Foi a primeira vez que o pa�s participou da avalia��o, realizada pela IEA (International Association for the Evaluation of Educational Achievement), uma cooperativa de institui��es de pesquisa, �rg�os governamentais e especialistas dedicada � realiza��o de estudos e pesquisas educacionais.
No Pirls, os alunos brasileiros obtiveram uma m�dia de 419 pontos. Esse desempenho fica acima apenas de Jord�nia, Egito, Marrocos e �frica do Sul, este �ltimo com uma m�dia de 288 pontos. � similar, por outro lado, ao resultado de Kosovo e Ir�. J� pa�ses como Azerbaij�o e Uzbequist�o conseguiram resultados melhores que os do Brasil.
Entre esses pa�ses, h� uma pondera��o na compara��o com os dados do Marrocos porque foram coletados com os alunos j� no in�cio do 5º ano. Nenhum outro pa�s da Am�rica Latina participou da avalia��o.
Os melhores desempenhos foram aferidos em Singapura (587), Irlanda (577) e Hong Kong (573).
No Brasil, uma amostra de 4.941 estudantes do 4º do ano do ensino fundamental fez a prova. Por ter sido realizada em 2021, reflete impactos da pandemia de Covid-19 e do consequente fechamento de escolas.
Dados da avalia��o federal, o Saeb, do mesmo ano, haviam mostrado preju�zos do per�odo nos resultados de aprendizagem dos estudantes de todas as etapas da educa��o b�sica, sobretudo entre os mais novos.
A pontua��o m�dia alcan�ada pelos alunos brasileiros localiza o pa�s no n�vel baixo da escala de profici�ncia do Pirls. Quase 4 em cada 10 estudantes brasileiros n�o dominavam as habilidades mais b�sicas de leitura —n�o sabiam, por exemplo, recuperar e reproduzir um peda�o de informa��o explicitamente declarada no texto.
O economista especializado em educa��o Ernesto Faria, diretor do Iede (Interdisciplinaridade e Evid�ncias no Debate Educacional), explica que o Pirls, com amostra da avalia��o representativa do pa�s, tem grande import�ncia por preencher lacuna de compara��es internacionais com rela��o aos anos iniciais do ensino fundamental. Os �nicos dados sobre desempenho educacional comparativos com outros pa�ses � o Pisa, que testa jovens na faixa dos 15 anos.
"A gente n�o tinha um diagn�stico comparativo dos anos iniciais do fundamental [1º a 5º ano], e os dados do Ideb [indicador de qualidade da educa��o b�sica] indicam uma certa evolu��o nessa etapa nos �ltimos anos. Claro que tem o contexto de pandemia, mas o que se v� � que n�o estamos indo bem", diz. "H� muitos desafios tamb�m nos anos iniciais e os dados trazem um choque de realidade."
Dados
Em 21 pa�ses ou regi�es, o percentual de estudantes sem qualquer dom�nio de compreens�o leitora n�o passa de 5%. A exemplo de Irlanda (2%), Finl�ndia (4%), Inglaterra (3%), Singapura (3%) e Espanha (5%), de acordo com os resultados.
Os dados mostram que apenas 13% dos estudantes brasileiros podiam ser considerados proficientes em compreens�o leitora, o que os colocaria em n�vel alto ou avan�ado de profici�ncia. Na Espanha e em Portugal, por exemplo, esse percentual atinge a marca de 36% e 35%, respectivamente.
O Pirls refor�a o cen�rio de desigualdade no sistema educacional brasileiro. A diferen�a no desempenho m�dio entre os estudantes com alto n�vel socioecon�mico e baixo n�vel socioecon�mico no pa�s foi de 156 pontos.
No n�vel internacional, essa diferen�a � de 86 pontos entre os dois grupos, ressalta o sum�rio executivo do estudo produzido pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).
Tamb�m h� desigualdades no �mbito racial. Os estudantes autodeclarados brancos e amarelos possuem um desempenho m�dio em compreens�o leitora de 457 pontos, enquanto os estudantes pretos, pardos e ind�genas t�m 399 pontos, em m�dia.
J� o desempenho das meninas se sobressai na compara��o com os meninos. Elas conseguem um resultado m�dio de 431 pontos, "significativamente superior ao resultado m�dio dos meninos", de 408 pontos.
A amostra de estudantes brasileiros participantes foi colhida em 187 escolas p�blicas e privadas do 4º ano (trata-se, predominantemente, de alunos de 9 anos de idade). O Pirls avaliou, no total, mais de 400 mil estudantes em cerca de 13 mil escolas, de 57 pa�ses e 8 participantes considerados padr�es de refer�ncia.
O 4º ano de escolariza��o foi escolhido pela IEA por corresponder a uma fase em que os estudantes geralmente j� consolidaram seu aprendizado em leitura e, assim, transitam do "aprender a ler" para o "ler para aprender". No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular estipula o 2º ano como meta para a alfabetiza��o, j� o PNE (Plano Nacional de Educa��o) colocou o 3º ano como base de corte.
O governo Luiz In�cio Lula da Silva (PT) promete apresentar em breve um novo pacto pela alfabetiza��o na idade certa. A a��o � considerada uma das prioridades da gest�o na �rea da educa��o.
