
Um grupo de quatro criminosos invadiu a casa na madrugada de segunda-feira (28) para matar um homem identificado pelo apelido Pre�. Ele era ex-namorado de uma mulher identificada pelo prenome Bruna, que atualmente se relacionava com um dos executores da chacina.
"Eram criminosos que trabalham com o tr�fico de drogas. Mas a motiva��o que levou esse indiv�duo, acompanhado de outros tr�s, a praticarem essa barb�rie foi passional. Foi uma situa��o de ci�me", explicou a delegada Christiane Inoc�ncia Coelho, diretora do Departamento de Pol�cia Metropolitana da Pol�cia Civil da Bahia.
Na a��o criminosa, os homens mataram sete das nove pessoas que estavam na casa. Dentre as v�timas, estavam a m�e e irm�os de Bruna, que viviam na mesma resid�ncia do ex-namorado.
Sobreviveram um beb� de idade estimada em dois anos, que teve a vida poupada pelos bandidos, e uma crian�a de 12 anos, que foi ferida e est� internada em estado grav�ssimo com cerca de 60% do corpo queimado.
Esta crian�a se escondeu embaixo da cama quando os bandidos chegaram, mas foi atingida pelas chamas e teve que deixar o local. Ela conseguiu fugir e procurou ajuda na casa de duas vizinhas. Essas duas mulheres, que abriram a porta para acolher o garoto, acabaram sendo mortas a tiros pelos bandidos.
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"Essas senhoras s�o verdadeiras m�rtires. Dentro dessa barb�rie, talvez tenham sido as v�timas perif�ricas de maior impacto. A crian�a sobrevivente sai e pede socorro [...] e essas duas senhoras abriram a porta para socorrer essa crian�a", afirmou a delegada.
De acordo com informa��es da pol�cia, tanto o homem identificado como Pre� quanto os executores da chacina faziam parte do mesmo grupo criminoso. Todos eles tinham envolvimento com tr�fico de drogas e mandados de pris�o em aberto.
Dois homens suspeitos de participa��o na chacina morreram em confronto com policiais na madrugada desta ter�a-feira (29), segundo informa��es da Pol�cia Civil. Um suspeito foi preso em flagrante por suspeita de homic�dio qualificado. Um quarto homem ainda � procurado.
Os dois suspeitos mortos, informou a Pol�cia Civil, resistiram � pris�o e dispararam contra os policiais. Estes teriam revidado e atingiram os dois homens, que foram socorridos, levados para o hospital, mas n�o resistiram aos ferimentos.
Entre os mortos est� o traficante que foi o mentor do crime. Ele era procurado por tr�fico de drogas, homic�dio, les�o corporal e viol�ncia dom�stica. Os quatro suspeitos do crime estavam juntos, escondidos em uma casa na zona rural de Mata de S�o Jo�o.
Com os suspeitos, informou a pol�cia, foram apreendidas pistolas, muni��es, r�dios comunicadores e por��es de drogas.
A reportagem percorreu a casa incendiada na tarde desta segunda-feira, que tinha marcas de sangue espalhadas pelas paredes e no ch�o de cimento. Os c�modos ficaram tomados pelas cinzas ap�s o trabalho do Corpo de Bombeiros.
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Ap�s o crime, o clima era de medo no Portal do Lunda. Moradores evitavam circular pelas ruas, se mantinham dentro de suas casas e, em sua maioria, n�o quiseram comentar sobre o crime.
As aulas na Escola Municipal Arnaldo Souza Prado, nas proximidades do local da chacina, foram suspensas. Era nesta unidade que estudavam as tr�s crian�as que morreram.
Uma das v�timas da chacina, identificado por vizinhos pelo apelido Pre�, era locat�rio de um bar no Portal do Lunda desde o ano passado. O estabelecimento fica a cerca de 200 metros da casa atacada, tem paredes em cor azul, bandeirolas coloridas no telhado e uma mesa de sinuca na �rea externa.
Sob condi��o de anonimato, moradores disseram que o bar costumava abrigar festas do tipo pared�o nos fins de semana. Afirmaram que os eventos tinham participa��o de pessoas ligadas ao tr�fico de drogas, mas evitaram apontar uma correla��o entre o neg�cio e o assassinato da fam�lia.
Vizinhos tamb�m informaram que Pre� havia sido baleado h� cerca de dois meses ap�s uma briga em uma festa em outro ponto do bairro.
A Bahia enfrenta um de seus momentos mais graves na gest�o da seguran�a, com o acirramento da guerra entre fac��es, chacinas e escalada da letalidade policial, com epicentro nas periferias das cidades, cujas fam�lias vivenciam a morte di�ria de uma legi�o de jovens negros e pobres.
Dados do F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica apontam a Bahia como o estado com maior n�mero absoluto de mortes violentas do Brasil desde 2019. Em 2022, o estado conseguiu reduzir em 5,9% o n�mero de ocorr�ncias, fechando o ano com 6.659 assassinatos.