
Jo�o Dewet Moreira de Carvalho
Engenheiro-agr�nomo
A grande celeuma que tem tomado conta do Brasil, nos �ltimos dias, sobre o aumento da aprova��o pelos �rg�os respons�veis dos defensivos agr�colas, chamados pejorativamente de agrot�xicos por alguns indiv�duos ou �rg�os ardilosos e outros tantos militantes bastante ing�nuos. Na verdade, tais atitudes n�o passam de uma mistura de ignor�ncia, no sentido de desconhecimento, e de equivocada defesa ecol�gica, �s vezes, at� certo ponto, compreens�vel, mas totalmente injustificada.
O que desconhece a maioria da humanidade, consumidora de produtos agr�colas, � a verdade na qual o ato da produ��o alimentar n�o � algo id�lico ou passatempo de rom�nticos sonhadores, mas uma verdadeira guerra. Sim, uma guerra contra milhares de inimigos que se encontram como obst�culos � vit�ria produtiva. Ou seja, entre a implanta��o da lavoura at� o seu sucesso final. Pois a infinidade de parasitas que infestam e destroem as planta��es, se n�o forem devidamente combatidos, � enorme. Eles simplesmente inviabilizam a produ��o de alimentos, levando, com isso, � escassez de produtos na mesa dos consumidores, por quebra de safra, e, dessa forma, elevando o pre�o da comida. E, nos casos mais graves, levando a fome a grande parte da popula��o, pela completa destrui��o das lavouras.
N�o � desconhecido por ningu�m que se rebelar contra tudo e todos � umas das caracter�stica primordiais dos jovens. E plenamente assimilada pela sociedade como uma fase que, com o tempo, ser� superada. No entanto, quando tais aspectos juvenis se encontram em adultos, inteligentes e maduros, a� se revela algum grave dist�rbio mental ou de comportamento, completamente reprov�vel. E � precisamente o que tem ocorrido com essa ind�stria de contesta��es do modelo moderno de produ��o de alimentos. Pois, ainda que haja em tudo isso um pequeno grau de raz�o, por alguns excessos cometidos no uso indevido de defensivos agr�colas, o que ocorre, de fato, no dia a dia, � a normalidade, devido a rigorosas legisla��es espec�ficas implementadas pelos �rg�os controladores. Levando, com isso, a maior parte das pr�ticas adotadas a serem totalmente compat�veis aos princ�pios do bem-estar humano. Pois h� um constante progresso no controle delas, em que, a cada dia, as fiscaliza��es t�m sido, constantemente, aprimoradas. Al�m de pesadas multas para os infratores. Afinal, a �nica dor que realmente machuca os seres humanos que insistem na irracionalidade � quando se ousa tocar no seu bolso.
Al�m de tudo, � do conhecimento geral que toda ci�ncia se move baseada no lema da maior efici�ncia produtiva na luta por avan�os que tragam melhor qualidade de vida. Tudo para benef�cio dos povos. E as de ci�ncias agr�rias n�o s�o exce��o. Existem, por tr�s de cada alimento produzido no mundo, milhares de horas de trabalho intelectual desempenhado por in�meros indiv�duos extremamente qualificados, tanto em universidades e centros de pesquisa, bem como em empresas particulares. Tudo, nessa �rea, � fruto de muita transpira��o e dedica��o. Visando sempre ao melhor conforto futuro das pessoas. No entanto, assim como a automedica��o � uma das maiores preocupa��es da medicina, nem por isso inviabiliza todos os grandes avan�os alcan�ados por esse setor em benef�cio da humanidade, possibilitando-lhe maiores tempos de vida.
An�loga � a avalia��o do uso dos defensivos agr�colas. Afinal, o mundo n�o deve nunca se esquecer da velha e alarmante teoria defendida por Malthus, por volta do in�cio do s�culo 19: "A popula��o aumenta geometricamente, enquanto os meios de subsist�ncia aumentam, na melhor das hip�teses, apenas aritmeticamente". Ele profetizava que muitos morreriam por n�o ter o que comer devido � falta de produtos nos mercados. Pode-se argumentar que todo esse dilema j� foi superado. Realmente, em parte, o problema foi resolvido. Mas, se assim o foi, � totalmente devido aos modernos modos de produ��o agr�cola. E o Brasil � das testemunhas principais desse sucesso. Para isso, basta lembrar o uso da ci�ncia brasileira possibilitando a imensa produ��o agr�cola no imenso cerrado do Centro-Oeste. Bem como o uso no pa�s de outras �reas de solo pobre ou ent�o impr�prio para a produ��o simplesmente por desfrutar das modernas t�cnicas de produ��o, nas quais o calc�rio e os adubos t�m sido fatores essenciais, associados ao uso consciente e equilibrado dos defensivos agr�colas. E com tudo isso fazendo do Brasil um dos maiores supridores alimentares em todo o mundo.
No Brasil, as classes mais desfavorecidas quase sempre s�o ultrapassadas nos seus direitos pelos tubar�es nacionais, independentemente de suas origens. Afinal, os tidos por pobres que nas �ltimas d�cadas galgaram o poder nada mais fizeram do que abocanhar ferozmente o que era do povo brasileiro. Ser� que a desnecess�ria pol�mica atual em torno dos defensivos agr�colas n�o visa dificultar ainda mais o acesso das classes carentes ao alimento? Aguardam a resposta as favelas, os sert�es e as outras �reas sofridas do pa�s.